Transplante de fígado não pode ser interrompido durante pandemia

Especialista alerta que pacientes em fila para transplantes devem seguir tratamento e não podem adiar cirurgias.

Por Pollyana Cabral

Apesar da recomendação de ficar em casa sempre que possível, é importante ressaltar que pacientes com doenças graves, como no caso da cirrose hepática, pessoas na fila para transplante ou transplantados, dependem de atendimento médico para a continuidade assistida de seus tratamentos. “Esses pacientes precisam procurar os seus médicos e continuar realizando os exames necessários para que complicações dessa doença não ocorram durante esse período” afirma o cirurgião transplantador e coordenador responsável pela equipe de Transplante de Fígado do Hospital Brasília, André Watanabe.
Uma das graves consequências da pandemia é a diminuição do número de transplantes de órgãos e o consequente aumento de tempo de espera. Segundo avaliação da Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO), a pandemia reduziu a quantidade de doadores, seja pelos riscos ou pela real contaminação. Em condições normais são realizados cerca de 24,1 mil transplantes por ano no Brasil, o que já não dá conta das quase 38 mil pessoas na lista de espera, segundo os dados mais recentes do Registro Brasileiro de Transplantes (RBT).
O fígado é a maior glândula e o segundo maior órgão do corpo humano e produz substâncias essenciais para o equilíbrio do organismo. Mesmo tendo uma capacidade extraordinária de recuperação, certas doenças provocam insuficiência hepática aguda ou crônica grave que podem levar ao óbito. “Nesses casos, o único recurso terapêutico é a substituição do fígado doente por um fígado sadio retirado de um doador compatível com morte cerebral ou de um doador vivo que aceite doar parte de seu órgão para ser transplantado”, explica o especialista. Ele conta ainda que a maioria dos receptores são pessoas cujo fígado foi acometido por cirrose, principalmente pela infecção pelo vírus da hepatite C ou uso crônico de bebidas alcoólicas, além de casos específicos de câncer no fígado.
De acordo com Watanabe, pacientes em fila para transplantes não podem esperar o término da pandemia para serem transplantados e também não precisam ter receio de procurar as unidades hospitalares. “Devemos lembrar ainda que pacientes transplantados precisam seguir tomando as suas medicações imunossupressoras e fazendo seus exames de forma regular. As consultas podem ser presenciais ou virtuais, desde que o tratamento tenha continuidade, de maneira adequada e regular” conclui.
O Hospital Brasília desenvolveu protocolos específicos para rastreamento e diagnóstico do novo coronavírus já na admissão no hospital. Com isso, evita a disseminação intra-hospitalar dessa doença, colocando esses pacientes em áreas isoladas.

 

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