Por RAQUEL LUIZA,
FISIOLOGIA – FASES DE INGESTÃO
A deglutição consiste na passagem do alimento da boca ao esôfago, de onde seguirá seu trajeto até o estômago. Para que essa etapa ocorra normalmente, existe uma série de mecanismos, em sua maioria reflexos e, portanto, involuntários, nos quais estão envolvidos os músculos lingual, palatino e faríngeo, assim como a epiglote, os esfíncteres esofágicos. e os músculos da parede esofágica, que atuam sob o controle do centro neurológico da deglutição localizado no tronco encefálico, que recebe e emite ordens pelos nervos cranianos V, VII, IX, X e XII. Esse centro está sob influência de uma área cortical superior, localizada no giro pré-central. A deglutição tem três fases: uma inicial ou oral, outra faríngea e uma última, esofágica.
ESTRUTURAS MUSCULARES E NERVOSAS ENVOLVIDAS
Durante a fase orofaríngea da deglutição, cerca de 30 músculos estriados estão envolvidos, correspondendo aos grupos musculares da mandíbula, face, músculos intrínsecos e extrínsecos da liga, palato mole, faringe e cricofaringe, intrínsecos da laringe e supra e infra-hióideo. O sistema nervoso central participa por meio de impulsos sensoriais através dos nervos cranianos V (trigêmeo), IX (glossofaríngeo) e X (vago) e das vias motoras V, VII (motor ocular externo), IX e XII (hipoglosso). Os centros cerebrais superiores também influenciam a deglutição normal.
FASE INICIAL (OU ORAL)
Nesta fase, o alimento é decomposto para a deglutição na cavidade oral. Sobrepõe-se à mastigação, cujo objetivo é dividir e triturar os alimentos (fase mecânica) e à salivação (fase química) e, assim, realizar a digestão oral, na qual se provam os alimentos. Este estágio proporciona o maior prazer derivado de comer e envolve cinco ações neuromusculares:
- Fechamento dos lábios.
- Tom facial e de boca.
- Movimento de rotação lateral da língua.
- Movimento rotativo lateral da mandíbula.
- Movimento anterior do palato mole.
Dentro desta etapa, vale destacar a importância de uma dentição correta que garanta a formação inicial de um bolo alimentar.
FASE PREPARATÓRIA
É voluntário e dura apenas 1 segundo. O líquido ou bolo alimentar é colocado em uma ranhura que forma a parte posterior da língua, ao mesmo tempo em que sua parte anterior é elevada.
Durante esta fase, a cavidade oral é selada pelo fechamento labial anterior, a elevação ligual e o contato linguopalatino. O bolo alimentar deve passar desta posição para a entrada da faringe, o que é feito por meio de uma combinação de movimentos linguais ondulados e peristálticos. A contração do músculo milo-hióideo coloca o processo em movimento, auxiliado pela contração combinada dos músculos estiloglosso, hioglosso e palatoglosso. Por outro lado, a base da língua é direcionada para cima e para trás, empurrando o bolo alimentar em direção à faringe. O reflexo da deglutição é desencadeado no istmo das fauces pela ação da glossofaringe, que conduz o impulso para a formação reticular do bulbo, identificado como tendo o centro da deglutição.
FASE FARÍNGICA
Tanto este estágio quanto o seguinte (esofágico) são puramente reflexos e não voluntários.
Os estímulos partem das terminações nervosas da mucosa da faringe, epiglote e palato mole e, pela glossofaringe, são conduzidos até o bulbo, onde são coordenadas as respostas motoras que desencadeiam a abertura da porta orofaríngea. O palato mole é elevado para ocluir as coanas, evitando o refluxo nasal dos alimentos. As pregas patofaríngeas em ambos os lados da faringe aproximam-se da linha média e formam uma fenda longitudinal através da qual o alimento desliza para alcançar a faringe posterior. As cordas vocais são aproximadas pela contração muscular e a epiglote se inclina para trás, impedindo a passagem do alimento para a traquéia. A laringe é elevada inteiramente pelos músculos que se ligam ao osso hióide, alargando assim o orifício superior do esôfago. Isso facilita a passagem do bolo alimentar da faringe posterior para o EES ( esfínter esofágico superior). A contração sucessiva dos músculos constritores médio e inferior da faringe cria uma pressão negativa que favorece essa passagem, enquanto a abertura do EES é produzida pela pressão exercida pelo bolo alimentar.
No início da fase oral, ocorre um breve movimento inspiratório, seguido por uma apneia completa que persiste até o final da fase faríngea. Sem esta interrupção respiratória, haveria o perigo de o alimento passar para as vias respiratórias, com as graves consequências que daí adviriam.
FASE ESOFÁGICA
As estruturas da faringe voltam à posição de repouso e a onda da deglutição avança ao longo do trato esofágico, processo que pode durar de 8 a 20 segundos. A progressão do bolo semissólido ou sólido é auxiliada pela ação das contrações peristálticas esofágicas. Essa onda peristáltica (contração sequencial e propulsiva) se move dos músculos estriados do estômago proximal para os músculos lisos do esôfago distal a uma velocidade de 2 a 4 cm por segundo. O músculo longitudinal do esôfago também se contrai no início do peristaltismo. O peritaltismo primário é iniciado pela deglutição, enquanto o peritaltismo secundário pode ser iniciado em resposta à tensão luminal em qualquer nível do esôfago. Quando a onda peristáltica do corpo do esôfago atinge o EEI (esfinter esofágico inferior) ela relaxa temporariamente para permitir a passagem de líquidos e alimentos para o estômago.
Em seguida, retorna à alta pressão que tinha em repouso, constituindo-se na principal barreira ao refluxo gastroesofágico.
https://youtu.be/2CkOIxNBYwc?t=9