Mães de UTI: uma espera ansiosa pelos filhos recém-nascidos

Conheça as histórias de mães que passam o resguardo dentro de uma Unidade de Terapia Intensiva Neonatal na torcida pela recuperação dos bebês

Agência Brasília* | Edição: Claudio Fernandes

No entanto, por inúmeros motivos, o parto prematuro pode acontecer e a consequência disso é manter o recém-nascido internado em uma Unidade de Terapia Intensiva Neonatal, mais conhecida como Utin ou UTI Neo. As complicações no parto também podem ser motivo de internação do bebê na Utin.

Ana Karolina Rodrigues está há quase dois meses com o filho na Utin do HRC: pequeno Saul nasceu com apenas 980 gramas e hoje pesa 1,805 kg | Fotos: Tony Winston/Agência Saúde

A rotina de uma mãe de UTI é muito dolorosa, pois, além de estar se recuperando fisicamente do parto, ainda precisa lidar com a tristeza de ver seu bebê tão frágil em uma situação complexa, com sondas e acessos venosos em um corpo pequeno e frágil. Ela também acaba ficando muito tempo dentro do hospital, em um dia a dia cansativo tanto fisicamente quanto psicologicamente.

A farmacêutica Ana Karolina Rodrigues, 25 anos, está há quase dois meses com o filho internado na Unidade de Neonatologia do Hospital Regional de Ceilândia (HRC). O parto foi precoce e ocorreu com apenas 27 semanas, e o pequeno Saul nasceu com apenas 980 gramas. Durante todo esse tempo, ela permaneceu no hospital, sentindo a angústia e o medo de perder seu filho.

A rotina de uma mãe de UTI não é fácil: além de estar se recuperando fisicamente do parto, precisa lidar com a angústia de ver seu filho internado

“Passei a gravidez toda com medo, porque meu primeiro filho nasceu prematuro extremo e acabou morrendo. Não esperava passar novamente por isso. Não tive resguardo e aprendi aqui que cada dia é uma vitória. Durante esse período, ele teve que ser entubado e pensei que ele não resistiria, fiquei desesperada e me agarrei a Deus”, relembra.

Por conta da situação, o leite de Ana Karolina chegou a secar. Somente após ela receber o apoio de toda a equipe da unidade e da família, entendeu que precisaria se manter calma para conseguir produzir o leite consumido pelo pequeno Saul.

 

“Hoje estou mais calma, meu filho está melhorando a função pulmonar, ganhando peso. Toda a equipe é maravilhosa, eles explicam cada procedimento que é feito com o bebê. Sou acolhida com amor e carinho. Nesse Dia das Mães, eu só tenho a dizer que estou feliz por tantas conquistas do meu filho, por ele estar vivo”, comemora. Saul está pesando 1,805 kg.

Coração dividido

Para Cristielly Silva, 33 anos, este Dia das Mães será com o coração dividido entre o primeiro filho, Davi, 6 anos, e o seu segundo, Gael, que nasceu há 40 dias, após um parto prematuro de 30 semanas, no Hospital Regional de Taguatinga (HRT). A grande dúvida é resolver se passa o dia com o mais velho em casa ou fica no hospital ao lado do recém-nascido.

Cristielly Silva passará o Dia das Mães dividida entre o recém-nascido Gael, internado no HRT, e o primogênito Davi, que está em casa

“Foi um susto muito grande meu filho ser prematuro. Vivi isso na minha primeira gestação. As primeiras 24 horas foram bem tensas, mas me agarrei a Deus e pedi que ele não deixasse meu filho partir. O risco é constante, vivemos um dia após o outro”, conta.

Cristielly diz que fica triste por estar tanto tempo longe do filho mais velho, que não entende porque ela está longe e porque o irmãozinho ainda não foi para casa. Alguns dias ela vai em casa, mas fica com o coração apertado de deixar o recém-nascido sozinho na Utin.

“O que me acalma é que toda a equipe é muito carinhosa com a gente e com os bebês. Estou na esperança do meu filho receber logo alta, porque ser mãe não é tarefa fácil, imagine com o filho na UTI. Tem que se apegar a Deus”, conclui.

Fisioterapeuta da Utin do HRT, Ariana Rozendo explica que o maior desafio é lidar com as expectativas das mães, porque elas esperam dar à luz um bebê saudável

Ariana Rozendo é fisioterapeuta da Utin do HRT e conta que o maior desafio é lidar com as expectativas das mães, porque elas esperam dar à luz um bebê saudável. Além da ansiedade pela alta hospitalar, que muitas vezes demora meses. “Tenho uma filha de 1 ano e entendo perfeitamente a angústia delas, porque a gente não quer ver nosso filho nessa situação”, diz.

A enfermeira da Utin do HRT destaca que busca acolher a mãe no sentido de orientar e confortá-la, sempre com otimismo para explicar a necessidade de cada procedimento. “Eu entendo a situação delas porque também sou mãe. Damos todo o apoio neste momento”, afirma.

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