Por RAQUEL LUIZA,
Os cálculos renais são um importante problema de saúde no mundo industrializado, afetando 5% da população geral. A incidência é maior na meia idade e é mais comum no sexo masculino, com uma relação clássica de 2:1. Sem tratamento preventivo, a recorrência de cálculos aumenta em 50% em 10 anos.
As pedras são agregados de cristais ligados a uma glicoproteína de matriz.
Os cálculos renais são classificados de acordo com sua composição em cálculos calcários (contêm cálcio e são radiopacos) e cálculos não calcários (radiolúcidos).
Fonte: http://www.sbu.org.br/pdf/guidelines_EAU/urolitiase.pdf
Os cálculos mais frequentes são oxalato de cálcio (70%), seguido à distância por fosfato de cálcio (5-10%), ácido úrico (10%), estruvita (15-20%) e cistina (1%).
A nefrolitíase está relacionada a fatores hereditários, ambientais, socioeconômicos e dietéticos. Todos eles produzem uma alta excreção de solutos que precipitam na urina, ou uma diminuição de substâncias inibidoras de cristalização. Geralmente, os pacientes apresentam distúrbios no metabolismo ou excreção da substância envolvida ou de substâncias que inibem a formação de cálculos, como magnésio e ácido cítrico, ou alteração na acidez da urina.
SINTOMAS
A forma clássica de apresentação é chamada de cólica renal, que consiste no aparecimento de dor intensa na região lombar, causada pela distensão do trato urinário, estendendo-se para o flanco, virilha e genitais.
O paciente fica inquieto, pois a dor não diminui com o repouso e pode estar associada a náuseas, vômitos e sudorese.
Quando o cálculo está localizado na bexiga, observa-se poliaquiúria (aumento da frequência de micção com pouca quantidade), disúria (ardor ou dor ao urinar) e urgência urinária (sensação constante de necessidade de esvaziar a bexiga).
Os cálculos infecciosos de estruvita crescem tomando a pelve renal e os cálices como um molde (pedras em chifre de veado) e dão origem a sintomas de infecção recorrente do trato urinário ou hematúria.Em 40% dos pacientes, novos cálculos se formarão em 2 ou 3 anos (recorrência).
DIAGNÓSTICO
A análise da urina permite determinar o principal componente do cálculo observando os cristais presentes no sedimento (análise dos elementos suspensos na urina após sua centrifugação).
A localização pode ser detectada por radiografia abdominal (90% dos cálculos têm componentes opacos aos raios X), ultrassonografia renal, urografia intravenosa ou tomografia helicoidal.
Dependendo da composição do cálculo, é realizado um estudo metabólico para descartar distúrbios predisponentes ou associados e evitar recorrências (repetição do episódio).
TRATAMENTO
Inicialmente, a dor deve ser controlada com anti-inflamatórios não esteróides (AINE). Os AINEs têm a possível vantagem de diminuir o tônus do músculo liso ureteral, tratando, assim, diretamente o espasmo ureteral. Hidratação forçada na cólica renal aguda não é indicada.
Os cálculos formados que não foram expelidos espontaneamente devem ser removidos cirurgicamente ou fragmentados para permitir sua expulsão.
A endoscopia do trato urinário permite a remoção direta do cálculo com fórceps ou cestos, ou sua fragmentação por meio da aplicação direta de ultrassom ou laser.
A litotripsia extracorpórea consiste na aplicação de ondas de choque em meio líquido (paciente submerso em banheira), que produz fragmentação do cálculo e sua posterior eliminação espontânea.
Em pedras grandes, ou quando outros procedimentos falham, é necessário recorrer à cirurgia aberta.