Por RAQUEL LUIZA,
O câncer de ovário é a segunda neoplasia ginecológica mais comum, atrás apenas do câncer do colo do útero. A quase totalidade das neoplasias ovarianas (95%) é derivada das células epiteliais (que revestem o ovário). O restante provém de células germinativas (que formam os óvulos) e células estromais (que produzem a maior parte dos hormônios femininos) ou dos cordões sexuais (estruturas embrionárias) ou do estroma (misto).
90% dos tumores ovarianos malignos são de origem epitelial. Estão relacionados a microtraumas da cápsula ovariana durante a ovulação, nuliparidade (não ter parido) e fatores genéticos.
Em contrapartida, o uso de anticoncepcionais orais, multiparidade, histerectomia e laqueadura parecem ser fatores protetores.
Os tumores de células germinativas são mais frequentes na infância e adolescência.
Tumores do cordão sexual e do estroma geralmente produzem hormônios esteróides (andrógenos ou estrogênios).
A carcinomatose peritoneal é a forma mais importante de disseminação. Células tumorais viáveis implantam-se no peritônio, na camada serosa dos órgãos pélvicos e abdominais e na face abdominal do diafragma. Podem dar metástases por via linfática e, menos frequentemente, por sangue.
O peritônio é a maior membrana do corpo: reveste o interior do abdômen, abrangendo e protegendo todos os órgãos nele contidos (intestino, fígado, estômago e ovários, entre outros). Formado por células epiteliais, o peritônio produz um fluido que ajuda os órgãos a se moverem suavemente dentro do abdômen.
A detecção precoce pode ser feita por meio da investigação com exames clínicos, laboratoriais ou radiológicos, de pessoas com sinais e sintomas sugestivos da doença (diagnóstico precoce), ou com o uso de exames periódicos em pessoas sem sinais ou sintomas (rastreamento), mas pertencentes a grupos com maior chance de ter a doença.
Não há evidência científica de que o rastreamento do câncer de ovário traga mais benefícios do que riscos e, portanto, até o momento, ele não é recomendado.
SINTOMAS
Os sinais e sintomas mais comuns e que devem ser investigados são:
- Inchaço abdominal
- Dor abdominal
- Perda de apetite e de peso, fadiga
- Mudanças no hábito intestinal e/ou urinário
Na maior parte das vezes esses sintomas não são causados por câncer, mas é importante que eles sejam investigados, principalmente se não melhorarem em poucos dias
Ascite (líquido na cavidade abdominal), fraqueza e perda de peso podem aparecer.
COMO PREVENIR?
As mulheres devem estar atentas aos fatores de risco, manter o peso corporal saudável e consultar regularmente o seu médico, principalmente a partir dos 50 anos.
O exame preventivo ginecológico (Papanicolaou) não detecta o câncer de ovário, já que é específico para detectar o câncer do colo do útero.
DIAGNÓSTICO
O diagnóstico precoce desse tipo de câncer é possível em apenas parte dos casos, pois a maioria só apresenta sinais e sintomas em fases mais avançadas da doença.
A ultrassonografia transvaginal com Doppler permite detectar o tumor, avaliar suas características anatômicas e demonstrar a presença de vasos sanguíneos intratumorais (novos vasos).
Os cânceres epiteliais apresentam marcadores tumorais sanguíneos elevados: CA 125, se forem de origem serosa, e CA 19.9, se forem de origem mucosa.
O diagnóstico de certeza é feito com a análise anatomopatológica da peça cirúrgica, que pode ser realizada no mesmo ato cirúrgico.
TRATAMENTO
É cirúrgico.
São realizadas histerectomia bilateral (remoção do útero, trompas e ovários), aspiração de líquido peritoneal e biópsia, e remoção do omento (omentectomia) e linfonodos regionais.
Em estágios avançados, o tratamento é associado à quimioterapia.
