Por RAQUEL LUIZA,
Oupa o segundo lugar em frequência, depois da leucemia, entre os tumores que ocorrem em homens jovens.
O câncer no testículo é um tipo raro de tumor que surge principalmente em jovens entre os 15 e 35 anos. Além disso, o câncer de testículo é mais comum em homens que já sofreram traumatismo na região, como no caso de atletas, por exemplo.
São classificados de acordo com sua origem em tumores de células germinativas ou reprodutivas (os mais frequentes) e células soster ou estromais.
Os derivados de células germinativas são divididos em seminomas (40%) – mais frequentes em homens jovens -, que podem metastatizar para linfonodos; e não seminomas – como carcinoma embrionário, coriocarcinoma, tumores do saco vitelino ou teratomas.
Os derivados de células do estroma podem ser tumores de Leydig, Sertoli ou de células granulares.
Em geral, eles se espalham pelos linfáticos para os linfonodos regionais, exceto pelo coriocarcinoma, que invade rapidamente a corrente sanguínea.
As metástases ocorrem mais frequentemente no pulmão, fígado, ossos e cérebro.
Fatores de risco como criptorquidia (ausência de descida dos testículos pelo canal inguinal) que será publicado em outra matéria mas a frente, hérnias inguinais na infância, exposição crônica à radiação, fontes de calor e corantes de couro têm sido relatados.
SINTOMAS
Normalmente se apresenta como uma massa ou tumor escrotal.
Alguns fatores produtores de hormônios podem causar ginecomastia (aumento do tamanho da glândula mamária em homens) ou puberdade precoce.
Algumas vezes a forma de apresentação é como doença metastática;
Geralmente, o câncer desenvolve-se sem apresentar sintomas e, por isso, pode ser difícil de identificar. No entanto, os mais comuns incluem:
- Presença de nódulos duros e indolores do tamanho aproximado de uma ervilha;
- Aumento do tamanho e, consequentemente, do peso do testículo;
- Aumento das mamas ou sensibilidade na região;
- Um testículo mais duro do que o outro;
- Dor no testículo ao apalpá-lo ou dor no testículo após o contato íntimo.
A melhor forma de identificar possíveis sinais de câncer é fazer regularmente o autoexame dos testículos no banho, por exemplo, pois ajuda a identificar algumas alterações precoces que podem vir a virar câncer.
Confira o passo a passo para fazer o autoexame testicular corretamente ou assista ao vídeo:
Caso surjam alterações no autoexame, é recomendado consultar um urologista para fazer exames de diagnóstico, como ultrassonografia, exames de sangue específicos ou tomografia, para confirmar o diagnóstico e iniciar o tratamento adequado, caso seja necessário.
Existem ainda outros problemas do testículo que podem causar sintomas muito semelhantes aos do câncer, especialmente a presença de um caroço, mas que são sinal de situações menos graves, como epididimite, cistos ou varicocele, mas que precisam ser tratadas adequadamente
DIAGNÓSTICO
A melhor forma de confirmar se realmente existe câncer no testículo é consultar um urologista. O médico, além de fazer uma avaliação física, identificar os sintomas e confirmar o histórico familiar, também pode pedir um ultrassom testicular ( permite avaliar as características anatômicas do tumor ) ou um exame de sangue ( mostra de substâncias produzidas pelas células tumorais é importante]).para confirmar a presença de câncer. Além disso, pode ainda fazer uma biópsia do tecido de um dos testículos, caso pareçam existir alterações sugestivas de câncer.
A alfa-fetoproteína é uma proteína fetal produzida pelas células do saco vitelino, por isso está elevada em tumores do saco vitelino e carcinoma embrionário, mas não em seminoma.
A gonadotrofina coriônica humana, um hormônio que funciona nos primeiros meses de gravidez, está aumentada no coriocarcinoma.
A remoção cirúrgica e a biópsia do testículo são realizadas por via inguinal (não escrotal), quando o diagnóstico não pode ser confirmado por outros métodos.
A disseminação da doença para linfonodos locorregionais ou distantes é avaliada por tomografia axial computadorizada.
Câncer de testículo tem cura?
De todos os tumores malignos que afetam a saúde dos homens, apenas 5% surgem nos testículos. A frequência é baixa, mas ainda assim representa um risco à saúde e precisa de atenção. Principalmente porque a incidência é maior na população masculina em idade reprodutiva.
Homens entre 15 e 50 anos de idade são os mais vulneráveis à doença. A estimativa do Instituto Nacional do Câncer (INCA) é de que para cada 100 mil indivíduos do sexo masculino existam de três a cinco casos de câncer no testículo.
É uma neoplasia rara e com baixo índice de mortalidade, quando comparada com cânceres como o de próstata, segundo mais comum entre os homens. Os poucos casos dos quais se tem informação torna a doença menos falada e pouco conhecida. E como são as pessoas jovens e sexualmente ativas que apresentam as maiores queixas relacionadas aos sintomas, quando surgem os primeiros sinais há a chance destes serem confundidos ou mascarados por inflamações dos testículos e dos epidídimos. Somente quando os medicamentos prescritos não causam melhora do inchaço ou sintoma e é preciso voltar ao médico para resolver o problema é que a possibilidade de câncer passa a ser investigada.
Como todo câncer, o de testículo possui boas chances de cura quando é diagnosticado precocemente. Ao ser descoberto na fase inicial, a chance de cura é de até 95%, sendo que considera-se livre do câncer o paciente que foi tratado e não apresenta recidiva no prazo de cinco anos. Nos casos em que as células do tumor localizado no testículo se deslocam para outras partes do corpo, formando novos tumores, o índice de cura reduz para aproximadamente 70%.
TRATAMENTO
Nos seminomas e não seminomas, o tratamento cirúrgico geralmente é realizado com orquiectomia (remoção do testículo) e linfadenectomia (remoção das cadeias linfáticas regionais).
Os seminomas são altamente sensíveis à radioterapia, por isso é realizada após o tratamento cirúrgico.
A quimioterapia é usada em tumores não seminoma em estágio avançado.
Prevenção
Um hábito simples que os homens podem adotar para prevenir a doença é o auto-exame dos testículos. O método é uma maneia eficaz de detectar anomalias que podem estar relacionadas ao câncer do testículo em estágio inicial. O que as alterações identificadas significam de fato, como a presença de nódulos ou endurecimentos testiculares, somente um médico especialista em urologia pode afirmar.
O melhor momento do dia para realizar o auto-exame é após um banho quente. O calor da água relaxa o escroto, facilitando a observação de anormalidades. A recomendação é de que o auto-exame seja feito todo mês.