Por RAQUEL LUIZA,
Ausência da descida normal do testículo do retroperitônio para o escroto.
Durante o desenvolvimento embrionário, os testículos, originalmente situados na região intra-abdominal, descem pela região inguinal até o escroto. O testículo pode permanecer na posição abdominal ou inguinal. Pode afetar um ou ambos os testículos e é visto com mais frequência em meninos prematuros.
A criptorquidia foi identificada como um fator de risco para câncer testicular já descrito em um relatório anterior.
O testículo é frequentemente ascendente, mas desce facilmente para o escroto. Essa situação é comum em crianças entre 6 meses e 13 anos e é chamada de testículo retrátil ou elevador.
SINTOMAS
Geralmente não causa sintomas. O saco escrotal parece vazio.
A infertilidade pode se desenvolver no adulto.
A palpação da bolsa escrotal deve fazer parte do exame pediátrico de todos os bebês recém-nascidos do sexo masculino. Se no momento do primeiro exame ao menos um dos testículos não estiver localizado na bolsa escrotal, o médico ira agendar reavaliações até o 6º mês de vida do bebê para acompanhar e ver se o testículo já migrou espontaneamente.
Se após o sexto mês, o testículo ainda não tiver descido, é pouco provável que ele o faça de forma natural. Nesses casos, a correção cirúrgica deve ser avaliada, conforme veremos mais à frente.
Outro sinal bastante comum da criptorquidia é a presença do testículo ao longo do trajeto do canal inguinal, na virilha. O testículo costuma ser uma pequena massa visível e palpável. Em 20% dos pacientes, porém, não conseguimos identificar o testículo criptorquídico através do exame físico.
Fora esses dois sinais, não é comum que o paciente com criptorquidia apresente qualquer outro tipo de sintoma ou queixa.
Fatores de risco
As causas da criptorquidia ainda são desconhecidas. A doença é provavelmente uma combinação de fatores genéticos, ambientais, anatômicos, hormonais e de saúde materna.
Apesar das causas ainda não estarem totalmente elucidadas, os principais fatores de risco já são bem conhecidos. Os mais importantes são:
- Baixo peso ao nascimento.
- Nascimento prematuro.
- História familiar de criptorquidia.
- História familiar de problemas de desenvolvimento genital.
- Ingestão de álcool pela mãe durante a gravidez
- Tabagismo durante a gravidez.
- Exposição dos pais a alguns tipos de pesticidas.
- Malformações do feto, como defeitos do tubo neural, defeitos da parede abdominal, paralisia cerebral ou alterações genéticas que provocam redução da produção de testosterona.
DIAGNÓSTICO.
O diagnóstico físico é suficiente.
A ultrassonografia pode ser necessária para detectar a presença do testículo no canal inguinal.
A laparoscopia (exame com fibra óptica do abdome) é útil para avaliar os testículos intra-abdominais.
TRATAMENTO
Uma descida espontânea pode ser esperada durante o primeiro ano de vida.
O tratamento hormonal com gonadotropina ou testosterona antes dos 18 meses tem uma baixa taxa de eficácia.
O tratamento de escolha é a correção cirúrgica entre 12 e 18 meses.
Quando a criptorquidia deve ser operada?
A cirurgia para reposicionamento do testículo chama-se orquidopexia. Ela deve ser considerada em todas as crianças que ainda apresentem criptorquidia após os 6 meses de idade.
Atualmente, recomenda-se que a orquidopexia seja realizada antes dos dois anos, pois os resultados são melhores quando a cirurgia é feita precocemente, principalmente em relação à fertilidade futura da criança. Por este motivo, a maioria das cirurgias hoje em dia é feita antes da criança completar o seu primeiro ano de vida.
Quando a criptorquidia só é identificada mais tarde, o recomendado é a realização da orquidopexia dentro de um prazo de 6 meses.
A orquidopexia é um procedimento simples, que consiste na retirada do testículo da região inguinal e implantação do mesmo dentro da bolsa escrotal. O procedimento requer um pequeno corte, que pode ser feito na região da virilha ou na bolsa escrotal, e apresenta taxa de sucesso próxima de 100%.
Nos testículos em elevador, recomenda-se apenas o acompanhamento.