Gravidez ectópica: sintomas e seus factores de riscos.

Por RAQUEL LUIZA,

Gravidez Ectópica: o que todo médico precisa saber?

Ocorre quando o óvulo fertilizado se implanta fora da cavidade uterina.

O local mais frequente é a tuba uterina, na porção ampular, embora também possa ser implantado no ovário ou na cavidade abdominal.

O que você precisa saber sobre a gravidez ectópica
É devido a um atraso na passagem do óvulo fertilizado através das trompas para o útero.
Geralmente é devido a processos cicatriciais das tubas uterinas, após cirurgia pélvica ou doença inflamatória pélvica. Também ocorre com mais frequência em mulheres com história de gravidez ectópica, laqueadura ou endometriose.
Pode resolver-se espontaneamente (aborto tubário) ou continuar seu crescimento até a ruptura da tuba, com hemorragia intraperitoneal grave e choque hipovolêmico.

O processo normal de formação de uma gestação consiste nos seguintes passos:

Ovulação → migração do óvulo para uma das tubas uterinas (trompas de Falópio) → encontro do óvulo com um espermatozoide → fecundação do óvulo → migração do ovo (óvulo fecundado) pela tuba uterina em direção ao útero → implantação do ovo na parede do útero.

A gravidez ectópica surge quando algo de errado ocorre nos dois últimos passos. Em 98% dos casos, o ovo não percorre todo o caminho e acaba se alojando precocemente na parede de uma das trompas. Nos 2% restantes, a implantação do ovo ocorre em outras estruturas, como ovário, colo do útero ou cavidade abdominal.

A gravidez ectópica é uma gestação sem futuro. O ovo além de não conseguir se desenvolver normalmente fora do útero, também pode causar grave lesão das estruturas que o rodeiam. Se não for tratada há elevado risco de morte. Até o princípio do século XX, a mortalidade situava-se acima de 50%. Felizmente, com as atuais técnicas de diagnóstico e tratamento, a taxa de mortalidade da gravidez ectópica caiu para menos de 0,05%.

Gestações fora do útero correspondem a cerca de 1 a 2% de todas as gravidezes. O diagnóstico costuma ser feito ao redor da 8ª semana de gravidez.

 

Fatores de risco

Diversos fatores de risco já foram identificados, sendo alguns deles mais importantes do que outros. Na maioria dos casos, o problema encontra-se nas trompas, que por estarem inflamadas, infectadas ou estruturalmente danificadas, fazem com que o ovo tenha dificuldade de completar sua migração em direção ao útero.

Vamos citar alguns dos fatores de risco mais conhecidos. Em geral, todos eles, direta ou indiretamente, estão relacionados a infecções ou problemas anatômicos das trompas.

Fatores que elevam muito o risco:

  • Inflamação ou infecção ativa da trompa de Falópio (salpingite).
  • Lesão estruturais da trompa de Falópio por inflamações prévias.
  • Cirurgia prévia das trompas.
  • Falhas da ligadura de trompa.
  • Episódio de gravidez ectópica prévia.
  • Uso de DIU (o DIU raramente falha, mas quando isso ocorre, o risco de gravidez tubária é elevadíssimo).

Fatores que elevam moderadamente o risco:

  • Tabagismo.
  • Engravidar com tratamento para infertilidade.
  • Infecção ginecológica prévia por clamídia ou gonorreia.
  • Já ter tido um quadro de doença inflamatória pélvica (DIP).
  • História de múltiplos parceiros sexuais.

Fatores que elevam levemente o risco:

  • Cirurgia abdominal ou pélvica prévia.
  • Costume de realizar ducha vaginal.
  • Gravidez antes dos 18 anos.

 

SINTOMAS

A paciente apresenta amenorreia (ausência de menstruação), dor abdominal ou pélvica e sangramento vaginal escasso.
Se o tubo se romper (ruptura tubária), desenvolve-se um quadro de abdome agudo (dor abdominal intensa e sinais de irritação peritoneal), que pode progredir rapidamente para colapso cardiocirculatório.

 

DIAGNÓSTICO

A ultrassonografia transvaginal pode detectar a presença do embrião no tubo.
Há elevação dos níveis plasmáticos de gonadotrofina coriônica, embora com valores mais baixos do que na gravidez normal.
O diagnóstico de certeza é obtido por laparoscopia (exame da cavidade abdominal com fibra óptica) e estudo anatomopatológico.

É muito difícil estabelecer o diagnóstico de gravidez ectópica apenas pelos sintomas. Geralmente, o diagnóstico é obtido após um exame ginecológico e uma ultrassonografia transvaginal. Um Beta hCG positivo,  que apresenta elevação dos valores mais lenta que o habitual, e a ausência de embrião dentro do útero são dicas importantes na investigação do quadro. Quando a gravidez é muito precoce, nem sempre é fácil identificar a localização do embrião ectópico. Às vezes, é preciso esperar alguns dias para se conseguir definir o diagnóstico com certeza.

 

TRATAMENTO

Nas fases iniciais, a observação e o controle periódicos do ultrassom podem ser realizados enquanto se aguarda a resolução espontânea.
Os citostáticos (metotrexato) que afetam diretamente as células com alta taxa de divisão podem ser administrados por via oral, intravenosa ou por injeção direta no saco gestacional.
O tratamento cirúrgico é realizado por laparoscopia, tentando preservar a integridade do tubo, caso a paciente deseje ter filhos.
Se o tubo se rompeu, ele precisará ser removido, o que pode ser feito por laparoscopia.

Abordagem da Gravidez Ectópica

 

Referências

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