Por Raquel Luiza,
A mácula é uma pequena área da retina responsável pela visão de detalhes. O comprometimento da mácula por uma lesão degenerativa, que surge com a idade, constitui-se na chamada degeneração macular. Quando a mácula é lesada, a visão torna-se embaçada e uma mancha escura cobrindo o centro da visão pode ser percebida.
A degeneração macular afeta tanto a visão de longe como a visão de perto, podendo dificultar ou impedir atividades importantes como a leitura. Embora a degeneração macular reduza a visão da parte central do campo visual, ela não afeta a visão lateral ou periférica. A degeneração macular por si só não resulta em cegueira total, pois a visão lateral mantem-se preservada.
A degeneração macular está relacionada ao envelhicimento, sendo chamada de degeneração macular relacionada à idade, ou abreviadamente DMRI. Além do envelhecimento, alguns fatores de risco já foram identificados para o desenvolvimento da DMRI: histórico familiar, fumo, exposição á luz solar ( radiação ultravioleta) e obesidade.
Os dois tipos mais coumuns de degeneração macular relacionadas à idade são atrófica e a exsudativa.
- Degeneração macular atrófica: é a forma mais frecuente. É causada pelo envelhecimento e afinamento dos tecidos da mácula. A perda de visão costuma ser gradual.
- Degeneração macular exsudativa: corresponde cerca de 10% de todos os casos. Ocorre quando os vasos sanguíneos anormais se formam no fundo do olho. Estes novos vasos sanguíneos extravasam fluidos ou sangue, turvando a visão central. A perda da visão nestes casos pode ser rápida e severa.
Quais os sintomas da degeneração macular?
A degeneração macular pode ser assintomática nos seus estágios iniciais. Eventualmente apenas um dos olhos pode apresentar baixa visual, enquanto o outro olho pode manter boa visão por muiros anos. Quando ambos os olhos são afetados, a perda de visão central é percebida precocemente.
Como se realiza o diagnóstivo?
Muitas pessoas não sabem que têm problema macular até que a turvação da visão se torne evidente. Os primeiros sinais da degeneração da mácula podem ser detectados durante um exame oftalmológico que inclua o exame de fundo de olho, realizado durante a consulta oftalmológica e exames especializados:
- Angiografia com Fluoresceína – A angiografia com os corantes fluoresceína ou indocianina é um exame no qual fotos do fundo de olho são obtidas após injeção venosa do corante. À medida que o corante passa pelos vasos sanguíneos do fundo do olho, sucessivas fotografias são feitas à procura de vasos sanguíneos anormais sob a retina.
- Tomografia de coerência óptica – Trata-se de um exame não invasivo que utiliza técnica conhecida como interferometria de baixa coerência. A tomografia de coerência Óptica ( OCT) tem princípio de funcionamento semelhante ao do ultrassom, porém utilizando a luz no lugar do som. Esta diferença permite medidas de tecidos biológicos dentro da escala de até 2 micra, contra as 200 micra do ultrassom.
- Teste de Amsler – No teste de Amsler, fixando o olhar no ponto central de um quadriculado, é possível identificar a presença de alterações no campo da visão.
Para usar a grade:
- Coloque os óculos de leitura e segura a grade à distância de 30-45 cm, com boa iluminação;
- Cubra um olho;
- Com o olho descoberto, olhe diretamente para o ponto central;
- Mantendo o olhar no ponto central, observe se todas as linhas da grade são retas ou se alguma área parece torta, embaçada ou escura.
Degeneração Macular Atrófica e os antioxidantes
Mesmo com inúmeras pesquisas que são realizadas em todo o mundo, ainda não há tratamento efetivo para a degeneração macular atrófica. Resultados de pesquisas recents têm mostrado que o uso de suplementos nutricionais, incluindo minerais e vitaminas com ação antioxidante, podem prevenir o aparecimento da doença. Dentre eses se incluem a luteína e a zeaxantina , as vitaminas C e E , e os minerais selênio e zinco.
Estes elementos são encontrados em diversos alimentos tais como espinafre, couve e agrião ( luteína e zeaxantina), laranja, limão e acerola ( vitamina C), óleos vegetais, azeite e soja ( Vitamina E), gérmen de trigo ( selênio), cereais, frutos do mar e ovos ( zinco), cuja ingestão, associada a um estilo de vida saudável, traz benefícios para o organismo como um todo.
Degeneração Macular Exsudativa e os Anti-angiogênicos
Inúmeras pesquisas levaram ao desenvlvimento de novos medicamentos para tratar a degeneração macular exsudativa. Dentre estes se destacam os anti-angiogênicos, que bloqueiam a ação do fator de crescimento endotelial ( VEGF), inibindo a formação de neovasos sub-retinianos e exsudação ( edema) , que ocorre na degeneração macular exsudativa.
Dois medicamentos da classe dos anti-angiogênicos, aprovados pela ANVISA, estão disponíveis no Brasil para tratamento da degeneração macular exsudativa: o ranibizumab ( Lucentis) e o aflibercept ( Eylia). O bevacizumab ( Avastin) – é um anti-angiogênico desenvolvido para o tratamento de câncer colorretal. Apesar de não ter sido especificamente desenvolvido para tratar degeneração macular, tem mecanismo de ação semelhante ao Lucentis e tem sido largamente utilizado na DMRI e em outras condições oculares.
Laser na degeneração macular exsudativa
A degeneração macular exsudativa foi durante muito tempo tratada como fotocoagulação a laser, procedimento ambulatorial, rápido e geralmente bem tolerado.
O tratamento com laser utiliza um feixe de luz altamente concentrado que, aplicado sobre a retina, oclui os vasos sanguíneos causadores da lesão. O incoveniente do tratamento como o laser é que a cicatriz deixada pelo laser pode ser percebida pelo paciente como um ponto permanentemente escuro no seu campo de visão. Como o desenvolvimento dos anti-angiogênicos, o uso do laser hoje está restrito às lesões que se localizam fora da área de visão central, portanto não comprometendo a mácula.
Degeneração macular e auxílio óptico
Mesmo com a avançada tecnologia hoje disponível, algum grau de perda da visão ainda pode ocorrer nas pessoas portadoras de degeneração macular. Nos casos já estabelecidos, o tratamento tem por objetivo ajudar as pessoas a encontrarem meios de lidar com a deficiência de visão central, utilizando, quando possível, os recursos ópticos.
O oftalmologista pode prescrever dispositivos ópticos ou recomendar um especialista que trate de visão subnormal. Diversos dispositivos ópticos para baixa visão, tais como lentes de aumento, circuito fechado de televisão, material de leitura impresso em tipo grande e equipamentos computadorizados ou sonoros, podem ser utilizados.
Serviços de apoio e programas de recuperação podem também ajudar as pessoas com degeneração macular a manter um padrão de vida satisfatório. Como a visão lateral não costuma ser afetada, a visão remanescente é de grande utilidade.