Por Raquel Luiza,
O glaucoma é uma das principais causas de cegueira, sobretudo entre pessoas mais idosas. A perda de visão causada pelo glaucoma pode ser evitada se a doença é diagnosticada precocemente.
Aumento da pressão intraocular que pode levar a lesão do nervo óptico e perda progressiva da visão.
A pressão intraocular depende do humor aquoso, um líquido claro que preenche as câmaras anterior e posterior do olho.
O humor aquoso é secretado pelos processos ciliares na câmara posterior, de onde passa para a câmara anterior através da pupila. Ele drena pelo ângulo iridocorneano ou câmara anterior, passando pelo trabéculo ou malha trabecular, o conduto de Schelemm, para finalmente desembocar no sistema venoso.
Embora o glaucoma possa ser devido ao aumento da produção de humor aquoso, na maioria dos casos é devido à diminuição da evacuação.
A pressão intraocular elevada compromete a irrigação do nervo óptico, gerando atrofia e destruição progressiva das fibras nervosas, o que leva à cegueira.
É através dp nervo óptico que as imagens que chegam à retina são levadas até o cérebro. O glaucoma danifica as fibras do nervo óptico, fazendo assim que se desenvolvam pontos cegos no campo visual.
Na forma mais frequente de glaucoma, a ausência de sintomas é comum. Muitas vezes as áreas cegas só são percebidas depois do nervo óptico ter sofrido danos. A destruição total do nervo leva à cegueira. A pronta detecção e tratamento são as chaves da prevenção de lesões ao nervo.
Nas imagen abaixo é possível ver exemplo de dano causado pelo glaucoma: aumento da escavação do disco óptico e perda de campo visual;
Quais os tipos de glaucoma?
O glaucoma crônico simples ou de ângulo aberto é a forma mais comum e uma das principais causas de cegueira na população mundial. É devido ao estreitamento progressivo dos canais da malha trabecular. O ândulo de drenagem do olho torna-se menos eficiente com o passar do tempo, e a pressão dentro do olho aumenta de maneira gradual e indolor que só poderá ser notado pelo paciente quando o nervo já estiver bem lesionado. Acontece quando se estabelece se o aumento de pressão resultar em lesão do nervo óptico. Mais de 90% dos pacientes adultos portadores de glaucoma sofrem esse tipo de glaucoma. Miopia e diabetes mellitus são fatores de risco.
O glaucoma de ângulo estreito ou glaucoma agudo aparece em pacientes que apresentam um ângulo iridocorneano estreito desde o nascimento. A íris pode deslizar para frente e entrar em contato com a córnea, ocluindo abruptamente o ângulo pelo qual o humor aquoso sai, produzindo um episódio agudo de glaucoma.
O glaucoma congênito é causado por alterações no desenvolvimento do globo ocular. Geralmente, evolui para a cegueira irreversível.
O glaucoma secundário ocorre como complicação de outras patologias, como deslocamento do cristalino, uveíte anterior, trauma ocular, administração prolongada de corticosteróides ou colírios que produzem dilatação pupilar (midriáticos) em pessoas com ângulo estreito.
SINTOMAS
O glaucoma crônico simples é caracterizado pela alteração progressiva do campo visual. A princípio, as áreas periféricas da visão e a área perimacular são afetadas, enquanto a visão central é afetada em estágios avançados. Ele corre sem dor. Sem tratamento progride para a cegueira.
O glaucoma agudo ocorre em pacientes com ângulo iridocorneano estreito. Há um aumento súbito da pressão intraocular que gera edema corneano com visão de halos coloridos, dor ocular intensa, diminuição da acuidade visual, blefaroespasmo (fechamento excessivo e involuntário das pálpebras por espasmo do músculo orbicular dos olhos), lacrimejamento, vermelhidão ocular e sintomas gerais como bradicardia, náuseas, vômitos e hipotensão. Com pressões muito altas, pode ocorrer isquemia e atrofia da retina.
Deve-se suspeitar de glaucoma congênito em crianças com fotofobia (aumento da sensibilidade à luz), lacrimejamento e blefaroespasmo.
Diagnóstico
O diagnóstico precoce é essencial.
A pressão intraocular pode ser avaliada durante o exame oftalmológico convencional por tonometria.
Valores até 21 mmHg são considerados normais, embora existam variações individuais na tolerância do olho à pressão intraocular. Pressões superiores a 24 mmHg são consideradas patológicas.
Existe um ritmo circadiano de pressão intraocular, com valores máximos nas primeiras horas do dia e valores mínimos por volta da meia-noite.
A papila (junção do nervo óptico com a retina) pode ser avaliada durante o exame de fundo de olho.
O campo visual é a área dentro da qual um objeto localizado na periferia pode ser visto quando o olho é mantido focado em um ponto central. É estudado com campimetria.
A gonioscopia permite avaliar a estreiteza do ângulo iriocorneano.
A anatomia do nervo óptico e da papila pode ser estudada com tomografia axial computadorizada do nervo óptico.
A medida da espessura da córnea pode ser realziada por exame de paquimetria.
Grupo de risco
Para avaliar o risco de desenvolvimento do glaucoma o oftalmologista necessita reunis muitas infromções, não vale somente ter a pressão intraocular elevado que por si só, não significa que a que pessoa seja portadora de glaucoma. O médico deve incluir fatores de risco como história familiar de glaucoma, antes de decidir por um acompanhamento devido a suspeita de glaucoma, ou pela necessidade de tratamento imediato. Ter suspeita de glaucoma significa que o risco de desenvolver a doença é maios que o normal, devendo realizar exames periódicos para prevenir a perda da visão.
Assim, que os primeiros sinais da doença forem detectados, o tratamento deverá ser iniciado.
Tratamento
O glaucoma costuma ser controlado através do uso tópico de medicação na forma de colírio; em alguns casos a utilização de mais de um colírio ou a associação com medicamemtos via oral pode ser necessária. Estes medicamentos diminuem a pressão ocular, seja retardando a produção de fluidos aquoso dentro do olho, seja melhorando o fluxo de saída através do ângulo de drenagem;
Para que estes medicamentos atuem de forma adequada , é necessário uso regular e contínuo. Estes medicamentos podem causar efeitos colaterais como olho vermelho e sintomas sistêmicos como alteração do batimento cardíaco.
O oftalmologista deve analisar a severidade de cada paciente, e avaliará a troca do medicamento por outro que tenha o mesmo efeito sobre o controle da pressão intraocular. É de extrema importância que o paciente relate se frequenta outros médicos, medicações que utiliza para o tratamento do glaucoma.
O tratamento com laser pode ser eficaz para diferentes tipos de glaucoma. E normal utilizar o laser de duas maneiras:
Trabeculoplastia: No glaucoma de ângulo aberto , a própria área de drenagem é tratada. O laser aumentaria a drenagem, auxiliando assim no controle da pressão.
Iridotomia: No glaucoma de ângulo fechado, o laser cria uma abertura na íris ,facilitando o fluxo de fluido aquoso para a área de drenagem.
o tratamento no glaucoma crônico, o tratamento clínico é iniciado com drogas betabloqueadoras, inibidores da anidrase carbônica e agonistas alfa 2-adrenérgicos, que diminuem a produção de humor aquoso; ou análogos de prostaglandina e pilocarpina, que aumentam a evacuação.
Em casos graves, está indicado o tratamento cirúrgico com abertura de via de drenagem artificial (trabeculoplastia ou trabeculectomia).
No glaucoma agudo, são utilizados diuréticos que aceleram a eliminação do humor aquoso, corticosteróides locais para controlar o componente inflamatório e mióticos (medicamentos que reduzem o diâmetro pupilar).
O glaucoma agudo ou de ângulo estreito é tratado cirurgicamente por iridotomia, quando não se consegue um controle adequado com medicamentos.
Em um das técnicas cirúrgica , o ftalmologista utiliza instrumentos miniaturizados para criar um novo canal de drenagem. Em casos mais graves uma válvula poderá ser implatada para facilitar a saída do fluido aquoso, diminuindo a pressão dentro do olho. Embora as complicações da moderna cirurgia do glaucoma raramente sejam graves, elas podem ocorrer, assim como qualquer outra cirurgia.