Por Raquel Luiza,
O diabetes melitus é uma doença no qual o organismo não utiliza nem armazena a glicose de maneira adequada. Altos níveis de açúcar no sangue podem lesar os vasos sanguíneos da retina, a camada nervosa do fundo do olho que percebe a luz e ajuda a enviar imagens até o cérebro.
O comprometimento do fundo de olho é chamado de retinopatia diabética. Trata -se de doença grave, podendo causar severa perda visual se não diagnosticada e tratada a tempo.
Quais os tipos de retinopatia diabética?
- Retinopatia diabética não proliferativa: é um estágio inicial da doença. na qual há extravasamento de sangue ou fliodo a partir de pequenos vasos sanguíneos da retina, causando acúmulo de líquido ( edema) e levando à formação de depósitos ( exsudatos) da retina. Se a mácula não estiver afetada, este estágio da renotipatia diabética pode não causar baixa visão. A mácuça é uma pequena área no centro da retina responsável pela visão de detalhes. O edema macular é o espessamento ou inchaço da retina, provocado pelo vazamento de fluido a partir dos vasos sanguineos da retina, sendo causa frequente de perda visual por diabetes.
- Retinopatia diabética proliferativa: ocorre quando os vasos anormais, chamados neovasos, crescem na superfície da retina ou do nervo óptico. A principal causa da formção de neovasos é a oclusão dos vasos sanguíneos da retina, chamada isquemia, com impedimento do fluxo sanguíneo adequado. Frequentemente, os neovasos são acompanhados de tecido cicatricial, cuja contração pode levar ao deslocamento da retina. A retinopatia diabética proliferativa provoca perda de visão em decorrência de:
Hemorragia vítrea: O vítreo é a substância transparente parecida com uma gelatina, que preenche a maior parte do globo ocular. Uma hemorragia muito grande, a partir dos neovasos, pode obstruir a visão súbita e totalmente,devido ao comprometimento.
Deslocamento de Retina: a contração do tecido cicatricial, que acompanha os neovasos, pode tracionar e deslocar a retina. Severa perda de visão pode ocorrer se a mácula ou grandes áreas da retina vierem a se deslocar.
Glaucoma neovascular: O fechamento dos vasos da retina pode levar ao desenvolvimento de vasos sanguíneos anormais na íris, a mebrana que dá a cor ao olho. Em consequência, a pressão intraocular pode aumentar por obstrução do fluxo de fluido que circula dentro do olho. Está é uma forma grave de glaucoma, que pode resultar em perda da visão.
Sintomas na retinopatia diabética
Na retinopatia diabética os sintomas variam bastante com o estadío da doença (proliferativa ou não proliferativa). Na fase inicial, a retinopatia diabética é assintomática (sem sintomas). Por este motivo, o doente com diabetes não deve esperar pelo aparecimento de sintomas visuais, devendo realizar exame de fundo ocular, pelo menos uma vez por ano.
A visão turva é um dos sintomas de retinopatia diabética mais frequentes e ocorre, habitualmente, na fase proliferativa da doença, quando a mácula possui edema e quando os neo-vasos se rompem e sangram para o vítreo. A hemorragia pode reaparecer e causar visão muito turva.
Retinopatia diabética tem cura?
A retinopatia diabética não tem cura. Contudo, se for tratada de forma adequada é possível reduzir a perda de visão. As maiores ou menores complicações ocorridas nos olhos provocadas pela diabetes estão diretamente relacionadas com o estadío da doença. Para prevenir o aparecimento e a progressão da retinopatia diabética, os doentes com diabetes devem controlar com regularidade os níveis de açúcar, a pressão arterial e o colesterol no sangue. Veja, de seguida, como tratar a retinopatia diabética.
Diagnóstico
Um exame de vista feita pelo oftalmologista é a única maneira de descobrir as alterações provocada pelo diabetes. Para examinar adequadamente o fundo do olho é necess´rio dilatar a pupila.
A angiografia com fluoresceína e a tomografia de coerência óptica são exames utilizados na avaliação da retina na retinopatia diabética. Na angiografia, fotos do funfo do olho são feitas após a injeção de um contraste ( fluoresceína) em uma veia do braço. As fotos obtidas podem ser digitalizadas, arquivadas ou impressas para posterior avaliação.
A angiografia fluoresceínica é um exame que permite detetar sinais precoces da doença na retina. As imagens retinianas são captadas sequencialmente, logo que o corante passe pelos vasos sanguíneos da retina. Este exame permite a visualização de:
- Exsudação dos vasos sanguíneos;
- Edema retiniano (edema macular);
- Depósitos esbranquiçados na retina (exsudados duros) – sinal de incontinência dos vasos sanguíneos;
- Exsudados moles, que correspondem a áreas da retina isquémicas (enfarte).
Tratamento
O controle rigoroso do diabetes reduz significativamente o risco de perda de visão por retinopatia diabética. Outras alterações, tais como a pressão arterial elevada e comprometimento dos rins devem ser rigorossamente controladas, quando associada ao diabetes . O tratamento das lesões decorrentes da retinopatia diabética é feito através da fotocoagulação com laser e com uso de medicamentos.
Laser: é frequentemente indicado para tratar o edema macular, as formas de retinopatia diabética proliferativa e o glaucoma neovascular.
A aplicação do laser, chamada fotocoagulação, é feita com o raio laser. As aplicações são feitas com o paciente sentado, geralmente com a utilização de colírio anestésico, sem a necessidade de internação.
No tratamento do edema macular, o laser é aplicado na retina lesada próxima à mácula para diminuir o vazamento de fluido. O tratamento tem como obejtivo prevenir maior perda de visão. A melhora da visão costuma ser parcial, e o paciente pode perceber os pontos de laser no campo de visão.
Na retinopatia diabética proliferativa o laser é aplicado em toda a retina, preservando-se a mácula. Este tratamento chamado fotocoagulação panretiniana tem por objetivo a regressão dos vasos anormais da retina, diminuidno o risco de hemorragia vítrea ou distorção retiniana.
Dependendo da severidade da retinopatia, várias sessões de laser podem ser necessárias. O laser não cura a retinopatia diabética e nem sempre impede uma futura perda da visão.
Anti- angiogênicos e corticóides
São medicamentos recetemente desenvolvidos para inibir a proliferação de neovasos, atuando também sobre a permeabilidade capilar. Utilizados para o tratamento do edema macular e da neovascularização retiniana que ocorre na retinopatia diabética, estes medicamentos são injetados dentro do olho, em um procedimento ambulatorial que pode ser repetido se necessário. Estão disponíveis no Brasil os medicamentos Lucentis, Eylia e Avastin, todos da classe dos anti-angiogênicos.Os corticóides para aplicação intra-vítrea são utilizados para tratar o edema macular. Além da triancinolona, o implante de dexametasona ( Ozurdex), injetado no vítreo, libera o corticóide continuamente , por um período de 4 a 6 meses.
Vitrectomia
Em casos avançados e severos de retinopatia diabética, uma microcirurgia denominada vitrectomia pode estar indicada.Utilizando instrumentos e equipamentos de tecnologia avançada, o vitreo hemorrágico é removido, substituindo-se por um liquído transparente.
Nos casos mais grave, complicados pela presença de deslocamente de retina, outras técnicas e recursos cirúrgicos são utilizados, tais como a endodiatermia, o endolaser e a colocação de gases ou óleo de silicone na cavidade vítrea. Nestes casos, a cirurgia deve ser realizada precocemente, pois a distorção macular e o deslocamente da retina por tração causam perda permanente da visão.
A perda da visão é geralmente evitável
Atualmente, devido a melhores métodos de diagnóstico e tratamento, é possível prevenir a perda da visão. A detecção precoce da retinopatia diabética constitui a melhor proteção contra o dano ocular causado pelo diabetes. É possível reduzir de maneira significativa o risco de perda da visão mantendo um controle rigoroso da glicose no sangue consultando o oftalmologista regularmente.
As pessoas portadoras de diabetes devem realiar exame oftalmológico com dilatação da pupila pelo menos uma vez ao ano. Uma vez detectada a retinopatia diabética, exames mais frequentes são necessários, conforme orientação do oftalmologista.
Recomenda-se que mulheres grávidas com diabetes façam um exame oftalmológico no primeiro trimestre da gravidez, pois a retinopatia pode progredir rapidamente durante a gravidez.
Exame para óculos só deve ser realizado se o nível de glicose no sangue estiver sobre controle. Mudanças súbitas no nível de açúcar no sangue podem provocar visão flutuante em ambos os olhos , mesmo na ausência de retinopatia.
Um paciente portador de diabetes deve fz exame de vista imediatamente se observar mudanças de visão;