Por Raquel Luiza,
Inflamação crônica do ouvido médio, que inclui a tuba auditiva ou de Eustáquio, o tímpano e a mastóide.
A otite média crônica ou benigna é uma inflamação crônica e recorrente sem lesão do osso adjacente. Geralmente, há uma perfuração timpânica prévia associada à disfunção da tuba auditiva.
A otite média crônica supurativa é uma supuração persistente, crônica (> 6 semanas) através de perfuração da Membrana Timpânica -MT. Os sintomas incluem otorreia não dolorosa, com perda auditiva condutiva. As complicações incluem desenvolvimento de pólipos aurais, colesteatoma e outras infecções. O tratamento requer limpeza completa do canal auditivo várias vezes diariamente, remoção cuidadosa de tecidos de granulação e aplicação de corticoides e antibióticos tópicos. Antibióticos sistêmicos e cirurgias são reservados para casos graves.
Otite média crônica supurativa pode resultar de otite média aguda supurativa, obstrução da tuba auditiva, traumatismo mecânico, queimaduras térmicas ou químicas, lesões por explosões ou causas iatrogênicas (p. ex., após a colocação do tubo de ventilação). Além disso, os pacientes com anomalias craniofaciais [p. ex., síndrome de Down, síndrome do miado de gato, fissura labial e/ou fenda palatina, deleção 22q11.2 (também chamada síndrome velocardiofacial, síndrome de Shprintzen, síndrome de Shprintzen-Goldberg e síndrome de DiGeorge)] têm maior risco.
A otite média crônica supurativa pode se tornar exacerbada depois de infecção do trato respiratório superior ou após a entrada de água na orelha média, através de uma perfuração na membrana timpânica, durante banho ou natação. Exposição crônica à poluição do ar e higiene precária relacionada com viver em uma comunidade com poucos recursos também podem exacerbar os sintomas. Processos infecciosos muitas vezes são causados por bacilos gram-negativos ou Staphylococcus aureus, resultando em otorreia purulenta, indolor, às vezes fétida. Otite média crônica persistente pode provocar sequelas e transformações na orelha média (como necrose do ramo longo da bigorna) ou pólipos aurais (tecido de granulação com prolapso para o canal auditivo através da perfuração de membrana timpânica). Pólipos aurais são sinais graves, quase invariavelmente, sugerindo colesteatoma.
O colesteatoma é um crescimento de células epiteliais, que se forma em orelha média, mastoide ou epitímpano após a otite média crônica supurativa. Enzimas líticas, tais como colagenases, produzidas pelo colesteatoma podem destruir o osso adjacente e os tecidos moles. O colesteatoma é também um meio propício para a infecção; labirintite purulenta, paralisia facial ou abscesso intracraniano podem se desenvolver.
Nessa imagem, a incidência ao longo do canal auditivo externo mostra um grande colesteatoma (massa branca) resultando na perfuração da membrana timpânica.
Sintomas
Os pacientes apresentam otorréia crônica, fétida e persistente (secreção do ouvido) e perda auditiva (diminuição da audição).
Complicações como mastoidite (infecção da mastóide), petrosite (mastoidite com destruição da ponta do pênis) ou fístulas da orelha interna podem ocorrer.
Diagnóstico
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Avaliação clínica
O diagnóstico da otite média crônica supurativa normamente é clínico. A secreção é enviada para cultura. Quando se suspeita de colesteatoma ou outras complicações (como em paciente febril ou com vertigem ou otalgia), TC ou RM é realizada. Esses exames de imagem podem revelar processos intratemporais ou intracranianos (p. ex., labirintite, erosão ossicular ou temporal, abscessos). Se os pacientes tiverem tecido de granulação persistente ou recorrente, biopsiar para excluir neoplasia recorrente.
Tratamento
A otite média crônica simples é tratada pela aplicação de colírio com ciprofloxacina ou associação de polimixina B, neomicina e fluocinolona e antibioticoterapia oral de acordo com o resultado da cultura e do antibiograma. Regimes de amoxicilina-clavulanato ou moxifloxacina podem ser usados.
A timpanoplastia é indicada para pacientes com perfurações marginais ou em região do ático, e também com perfurações da membrana timpânica crônicas centrais. Cadeia ossicular desariculada também pode ser reparada durante o procedimento.
O colesteatoma deve ser removido por cirurgia. Como a recorrência é comum, a reconstrução da orelha média é geralmente adiada até que uma 2ª cirurgia da aparência (utilizando uma abordagem de cirurgia aberta ou otoscópio de diâmetro pequeno) seja feita 6 a 8 meses mais tarde.