Por Raquel Luiza,
Escoliose é termo usado para descrever curvaturas laterais da coluna, que podem estar presentes desde o nascimento, se desenvolverem durante a infância ou, mais frequentemente, surgirem na adolescência. A maior parte dos casos são leves, entretanto, essa condição pode piorar ao longo do tempo, em especial, durante o estirão de adolescência.
Deve ser diferenciada da escoliose funcional ou atitude escoliótica, em que não há rotação dos corpos vertebrais ou outras alterações da anatomia vertebral.
Em 70% dos casos, a causa é desconhecida.
Causas
A maior parte dos casos de escoliose da criança e adolescentes não possui causa definida. Nessa situação denomina-se escoliose idiopática. Algumas vezes, o desvio da coluna se origina de doenças congênitas ou neuromusculares.
Escoliose congênita pode ser detectada logo ao nascimento, pela presença de má formação vertebral que leva ao crescimento desalinhado da coluna.
Escolioses neuromusculares são decorrentes de outras afecções, como paralisia cerebral, distrofia muscular e lesões medulares, que podem causar desvios na coluna.
Na escoliose idiopática – que é a forma mais comum em crianças e adolescentes – a coluna nasce normal, porém deforma ao longo dos anos.
Escolioses ocorrem por condição genética, sendo mais comum em meninas do que meninos.
SINTOMATOLOGIA
A escoliose costuma ser um problema silencioso que não causa dor. Por isso, algumas vezes, desvios são diagnosticados em fases mais avançadas. Dessa forma, é importante que pais ou cuidadores observem as crianças de costas sem roupa, à procura de assimetrias do tronco, que podem ser o primeiro sinal clínico.A forma infantil surge antes dos 3 anos e a forma tardia ou adolescente após os 10 anos. Algumas pessoas apresentarão sintomas mais evidentes do que outras, fato que depende do tipo da curva e da estrutura corpórea.
O desenvolvimento é progressivo e o motivo habitual de consulta é a observação da deformidade do tórax e assimetria da cintura.
Como a coluna deforma?
O desvio lateral da coluna é o mais perceptível pelos pacientes com escoliose e seus familiares. Além disso, ocorre rotação vertebral, que promove elevação de um lado das costas (denominado giba dorsal), além de achatamento da cifose torácica. As curvas mais frequentes são em forma de “S” ou “C”, podem acometer qualquer região da coluna, porém são mais comuns na torácica e lombar.
Diagnóstico
O exame físico mostra assimetria de altura dos ombros, escápulas e cristas ilíacas, juntamente com deslocamento lateral do tronco. Com o paciente em pé e inclinado para frente, os processos espinhosos das vértebras escolióticas tornam-se proeminentes e pode-se observar se a coluna está curvada (teste de Adams). Além disso, ao suspender um peso ao nível do processo espinhoso da vértebra C7, observa-se o quanto ele se afasta da prega interglútea e mostra o grau de desvio lateral do tronco (teste de prumo). Ambos os testes ajudam a determinar o grau de desvio da coluna vertebral.
Caso haja suspeita, a criança deverá ser avaliada por médico ortopedista especialista em coluna, que realizará exame físico e radiográfico apropriado.
Tratamento
Alguns casos requerem apenas observação e exercícios de reabilitação.
Casos mais graves exigem a colocação de um espartilho (geralmente espartilho Milwaukee), que é usado até o final do crescimento.
A intervenção cirúrgica, que consiste na estabilização da coluna, está indicada em pacientes com escoliose grave, maiores de 14 anos ou com progressão da curva apesar do espartilho.
Tratamentos
O tratamento é feito de acordo com os tipos de escoliose e gravidade das curvas. Na maioria dos casos, os desvios são leves, não causam dor ou demais prejuízos à saúde e não requerem tratamento específico. Escoliose deve ser monitorada em crianças e adolescentes durante a fase de estirão do crescimento, período em que há maior probabilidade de progressão das curvas. Quanto mais cedo for realizado o diagnóstico de escoliose, melhores serão os resultados do tratamento.
Colete
O uso de coletes está indicado para crianças em adolescentes em fase de crescimento com curvas entre 20 e 45 graus. Atualmente, há recomendação do uso dos coletes por, ao menos, 18 horas por dia. Os coletes modernos são mais leves e decretos, facilitando seu uso. Exemplo de indicação de colete é curva de 30 graus durante fase de crescimento.
Fisioterapia
Exercícios fisioterápicos para escoliose podem ser associados. O objetivo do tratamento é estabilizar as curvas para que não ocorra piora da deformidade. Em algumas situações, pode ocorrer discreta melhora da curva.
Cirurgia
Em pacientes com escoliose idiopática, recomenda-se cirurgia para curvas acima de 45 a 50 graus. Os principais motivos para cirurgia de correção de escoliose consistem no fato de que deformidades graves trazem prejuízos não apenas estéticos e psicológicos, mas pulmonares e cardíacos. A cirurgia mais comum é a artrodese (fusão) da coluna, feita por meio da colocação de implantes metálicos e enxerto ósseo, que auxiliam na correção e na manutenção da coluna na posição adequada.
A cirurgia pode solidificar apenas a parte deformada da coluna, mantendo móveis segmentos saudáveis. A cirurgia de correção de escoliose elimina o risco de progressão da doença e permite que o paciente tenha vida normal, inclusive em relação a prática de esportes.