Anemia ferropriva: conheça as causa, sintomas e tratamento. Conhecer para Prevenir!

Por RAQUEL LUIZA,


A anemia ferropriva é um tipo de anemia que acontece devido à falta de ferro no organismo, o que diminui a quantidade de hemoglobina e, consequentemente, hemácias, que são as células do sangue responsáveis por transportar oxigênio para todos os tecidos do corpo. Assim, há sintomas como fraqueza, desânimo, cansaço fácil, pele pálida e sensação de desmaio, por exemplo.

O tratamento para a anemia ferropriva é feita por meio de suplementação de ferro por aproximadamente 4 meses e uma dieta rica em alimentos que contém ferro, como feijão preto, carne e espinafre, por exemplo.

Essa doença é grave e pode colocar a vida da pessoa em risco quando os valores de hemoglobina estão abaixo de 11 g/dL para mulheres e de 12 g/dL para homens. Isso é potencialmente grave porque pode impedir a realização de alguma cirurgia que seja necessária.

Reticulocitos

O ferro é um componente essencial da molécula de hemoglobina, portanto, sua deficiência leva à anemia por deficiência de ferro.

Esta anemia pode ser devido a uma baixa ingestão de ferro na dieta, absorção digestiva prejudicada (diminuição da acidez gástrica, cirurgia gástrica, doença celíaca) ou aumento das perdas (sangramento digestivo crônico, menstruação intensa, períodos ginecológicos).

É a causa mais comum de anemia.

O ferro é essencial na maioria dos processos fisiológicos do organismo humano, desempenhando função central no metabolismo energético celular; qualquer distúrbio no seu processo de absorção, transporte, distribuição ou armazenamento pode resultar em deficiência ou acúmulo desse íon no organismo.1

A quantidade elementar total de ferro no organismo do adulto é, aproximadamente, de 3 g a 4 g (45 mg/kg de peso corporal), sendo que a maior parte (de 1,5 g a 3,0 g) encontra-se ligada ao heme da hemoglobina e tem como função principal a oxigenação dos tecidos; cerca de 300 mg encontram-se na mioglobina, na catalase e nos citocromos; de 3 mg a 4 mg encontram-se no plasma e são ferro de transporte; o restante, de 600 mg a 1500 mg, são armazenados no fígado, no baço e na medula óssea, sob a forma de ferritina e hemossiderina.1

O ferro é continuamente reciclado através de um eficiente sistema de reutilização; dessa forma, para manter o suprimento adequado de ferro necessário à eritropoese, de 20 mg a 30 mg são reciclados diariamente, a partir dos eritrócitos senescentes, que são removidos da circulação pelos macrófagos e retornam à medula óssea transportados pela transferrina.2-3

Fisiologicamente, em adultos normais, de 1 mg a 2 mg de ferro provenientes da dieta são absorvidos e excretados diariamente. A hepcedina é, atualmente, a principal proteína que regula a sua homeostase porque ela age sobre a ferroportina, ocasionando o aumento da absorção intestinal de ferro e da liberação daquele presente no interior dos macró­fagos, quando há deficiência de ferro.2-3 Sua deficiência é a alteração hematológica mais comum, acomete de 20% a 30% da população mundial, sendo, portanto, um grave problema de saúde pública, particularmente nos países em desenvolvimento.

Anemia: o que é, tipos e sintomas - Brasil Escola

Quais os sintomas?

Os sintomas desenvolvem-se lentamente à medida que é necessário o esgotamento das reservas de ferro do corpo.

Uma vez estabelecida, a síndrome anêmica é caracterizada por pele e membranas mucosas pálidas, fadiga, fraqueza, palpitações, tontura, dor de cabeça e uma sensação de falta de ar. A gravidade dos sintomas varia de acordo com a gravidade da anemia.

Os sintomas relacionados com a deficiência de ferro são: estomatite (inflamação da mucosa oral), glossite (inflamação da língua), ocena (atrofia da mucosa nasal), distúrbios ungueais e parestesias (sensação de formigueiro e dormência nas extremidades).

Principais causas

A principal causa da anemia ferropriva é a alimentação pobre em ferro, que pode acontecer mesmo em pessoas que estão dentro do peso ideal ou acima do peso. Além disso, a falta de ferro pode acontecer devido à dificuldade de absorção do ferro pelo organismo, que é o que acontece no caso de doença celíaca ou quando uma parte do intestino foi removido do corpo.

A diminuição da quantidade de ferro circulante no organismo também pode ser devida à perda de sangue contínua e prolongada dentro do sistema digestório, sendo essa causa comum em caso de hérnias ou úlceras de estômago, por exemplo. No entanto, a menstruação abundante ou o sangramento de escape que persiste por mais de 8 dias também pode causar a deficiência de ferro.

Durante a gravidez é normal que a mulher tenha baixas concentrações de ferro no sangue, isso porque o organismo da mulher prioriza o desenvolvimento do bebê, o que faz com que os estoques e o ferro presentes sejam direcionados para o desenvolvimento do feto.

 

 DIAGNOSTICO

O diagnóstico da anemia ferropriva é feito é feito por meio de análises de sangue. Há diminuição do número de glóbulos vermelhos e da concentração de hemoglobina. Por meio do hemograma, em que se observa principalmente a quantidade de hemoglobina e os valores de RDW, VCM e HCM, que são índices presentes no hemograma, além da dosagem de ferro sérico, ferritina, transferrina e saturação da transferrina.

As hemácias são pequenas (microcíticas) e pálidas (hipocrômicas). Além disso, há uma diminuição do ferro no sangue, um aumento da transferrina (proteína transportadora de ferro), uma diminuição da ferritina (proteína de armazenamento de ferro) e uma diminuição da saturação da transferrina.

É importante completar o exame com a busca da causa da deficiência de ferro.

O principal parâmetro utilizado para confirmar a anemia é a hemoglobina, que nesses casos é:

  • Menor que 13,5 g/dL para recém-nascidos;
  • Menor que 11 g/dL para bebês até 1 ano e gestantes;
  • Menor que 11,5 g/dL para crianças;
  • Menor que 12 g/dL para mulheres adultas;
  • Menor que 13 g/dL para homens adultos.

Em relação aos parâmetros relacionados com o ferro, na anemia ferropriva é percebida pela diminuição de ferro sérico e da ferritina e aumento da transferrina e da saturação da transferrina.

 

TRATAMENTO

O ferro pode ser administrado por via oral até a normalização dos depósitos, o que geralmente ocorre em 3-6 meses.

Em casos de intolerância oral ou absorção prejudicada, o ferro pode ser administrado por via intravenosa.

Hoje, o tratamento da anemia ferropênica consiste em orientação nutricional, administração oral ou parenteral de compostos com ferro e, eventualmente, transfusão de hemácias.

A identificação e a correção, quando possível, da causa ou causas  que levaram à anemia, associadas à reposição do ferro, na dose correta e por tempo adequado, resultam na sua correção e, consequentemente, confirmam o diagnóstico.

Embora o idoso tenha maior tendência à anemia, sua presença, via de regra, não deve ser atribuída à idade; por isso, tratar a anemia sem identificar sua causa pode significar a perda da oportunidade de se diagnosticar uma doença subjacente maligna em fase ainda potencialmente curável.

 

Fontes:
1. Andrews N. Disorders of iron metabolism. N Engl J Med 1999; 23:1986-95

2. Fairbanks VF, Beutler E. Iron deficiency. In: Beutler E, Coller BS, Lichman MA, Kipps TJ, eds. Willians tTxtbook of Hematology, 6th ed. New York: McGraw-Hill; 2001:460-62

3.  Beutler E. Disorders of iron metabolism. In: Williams Hematology. Chapter 40. Seventh Edition. McGraw-Hill; 2006; 511-553.

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