Apenas em 2020, foram 180 mil novos casos da doença, um dos tipos de câncer mais comuns no Brasil e no mundo
Agência Brasília* | Edição: Rosualdo Rodrigues
Os tumores de pele correspondem aos tipos de câncer mais comuns no Brasil e no mundo, com quase 180 mil casos novos diagnosticados apenas em 2020, segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA). Ainda de acordo com o instituto, o câncer de pele corresponde a 27% de todos os tumores malignos no país.
“Se levarmos em conta que a radiação solar tem efeito cumulativo, a prevenção deve se iniciar com os bebês, evitando a exposição ao sol nos horários de risco e usando produtos específicos para cada faixa etária”Marcia Moreira, cirurgiã plástica da Unidade Oncológica do Hospital de Base
“A exposição excessiva ao sol e sem o uso de filtro solar são fatores de risco para o desenvolvimento de câncer de pele”, alerta Marcia Maria Barros Moreira, cirurgiã plástica da Unidade Oncológica do Hospital de Base. A médica aconselha que as pessoas observem bem as mãos, unhas e solas dos pés, pois são áreas que, apesar de não serem tão expostas ao sol, têm grande índice de câncer de pele.
O sinal de alerta, segundo ela, é o surgimento de manchas na pele que coçam, ardem, descamam ou sangram e também de feridas que não cicatrizam em quatro semanas. “Esses sintomas podem ser indicativos do câncer de pele não melanoma, que ocorre principalmente nas áreas do corpo mais expostas ao sol, como rosto, pescoço e orelhas”, destaca a cirurgiã plástica.
“O tipo não melanoma ocorre com maior frequência, tem baixa mortalidade, mas pode causar deformações. Ele é responsável por 177 mil novos casos da doença por ano e apresenta alto percentual de cura, desde que detectado e tratado precocemente”, acrescenta.
Já o melanoma, forma mais grave do tumor de pele, pode aparecer em qualquer parte do corpo, na pele ou mucosas, na forma de manchas, pintas ou sinais. “Essas lesões costumam ter formato assimétrico, bordas irregulares, mais de uma cor e mudar de tamanho rapidamente”, detalha Marcia Moreira. “Apesar de mais raro, é bastante agressivo, podendo levar à morte. Anualmente, ele é responsável por 8,4 mil casos novos no Brasil”, ressalta a médica.
São as ações de conscientização e de prevenção que trazem os melhores resultados. Daí a importância do Dezembro Laranja, campanha que realiza diversas ações voltadas ao tema
O câncer de pele é mais comum após os 40 anos de idade, pelo efeito cumulativo do sol. Entretanto, a média de idade dos pacientes com a doença vem diminuindo. “A infância é o período da vida mais suscetível aos efeitos danosos da radiação UV, que se manifestarão mais tardiamente na fase adulta sob a forma de câncer de pele. Portanto, se levarmos em conta que a radiação solar tem efeito cumulativo, a prevenção deve se iniciar com os bebês, evitando a exposição ao sol nos horários de risco e usando produtos específicos para cada faixa etária”, esclarece.
O importante é, em qualquer sinal diferente na pele, mãos ou pés, procurar o dermatologista, independentemente da idade. “A partir dos 40 anos, o ideal é realizar uma consulta anual com dermatologista”, aconselha a médica.
São as ações de conscientização e de prevenção que trazem os melhores resultados. Daí a importância do Dezembro Laranja, campanha que realiza diversas ações voltadas ao tema. “Temos de priorizar o diagnóstico precoce e a conscientização da população para os perigos da exposição excessiva ao sol, além do uso de protetor solar desde a infância”, afirma.
“A probabilidade de cura quando a doença é descoberta ainda em seu estágio inicial é superior a 90%”, esclarece a médica, que atua no Hospital de Base, onde são realizadas cirurgias rotineiras de retirada de câncer de pele.
Atenção: previna-se.
– Evite exposição prolongada ao sol entre 10h e 16h;
– Use proteção adequada, como roupas, bonés ou chapéus de abas largas, além de óculos escuros com proteção UV, sombrinhas e barracas;
– Aplique o protetor antes de se expor ao sol;
– Procure usar filtro com fator de proteção de, pelo menos, 30;
– Reaplique o protetor solar a cada duas horas, durante a exposição ao sol, bem como após mergulhos ou grande transpiração – e não esqueça: mesmo os filtros solares à prova d’água devem ser reaplicados;
– Use protetor solar próprio para os lábios;
– Em dias nublados, também é importante o uso de proteção;
– É importante lembrar que os tumores de pele podem surgir também em áreas não expostas ao sol;
– Os profissionais de beleza, como cabeleireiros e manicures, têm papel importante para ajudar a identificação de alterações na pele, unhas e no couro cabeludo, o que pode ajudar o paciente a buscar avaliação médica precoce.
*Com informações do IgesDF