Hemofilia: o que é, genética, causas, sintomas e tratamento.

Por RAQUEL LUIZA,


Hemofilia Adquirida - Novo Nordisk

Distúrbio hemorrágico hereditário causado por uma deficiência de fatores de coagulação.

Hemofilia: o que é, sinais e sintomas, tratamento - Brasil Escola

O que é a hemofilia?

A Hemofilia é uma doença genética rara, na maioria dos casos hereditária, que ocorre por uma deficiência de fatores de coagulação do sangue (1).

sangue de pessoas com hemofilia não coagula adequadamente, o que causa sangramentos excessivos e prolongados, internos e externos, que podem ocorrer após um pequeno trauma ou espontaneamente (1).

A hemofilia pode ocorrer em pessoas de ambos os sexos, mas seus sinais e sintomas são mais evidentes em homens devido à genética da doença. Estima-se que a doença esteja presente em 1 a cada 5.000 nascimentos do sexo masculino (2).

Cerca de 400.000 pessoas no mundo todo possuem hemofilia e mais de 12.000 estão no Brasil (1).

Existem dois tipos de Hemofilia:

A hemofilia A ou clássica compreende 80% dos casos e é decorrente de uma deficiência do Fator VIII de coagulação.
A hemofilia B ou doença de Natal é devida a uma deficiência do Fator IX.
É uma doença ligada ao X (cromossomo sexual). É herdado pela mãe e afeta quase exclusivamente os homens.
A gravidade clínica é variável, mas constante em cada família em particular.
Pacientes com atividade do fator de coagulação entre 1% e 5% do normal têm hemofilia moderada. O sangramento geralmente é causado por trauma, lesão ou cirurgia.

Tanto a A quanto a B, podem ser classificadas como Leve, Moderada e Grave, a depender da quantidade dos fatores de coagulação VIII e IX (1).

 

Cascada de coagulación

 

Qual é a causa da hemofilia?

A hemofilia é causada por uma mutação em um dos genes que codificam as proteínas necessárias para formar um coágulo sanguíneo, chamadas de fatores de coagulação (2).

Hemofilia tipo A é causada por mutações no gene F8 e a Hemofilia tipo B é causada por mutações no F9 (2).

Existem 13 tipos diferentes de fatores de coagulação (do Fator I até o Fator XIII) que são ativados em cascata quando ocorre o rompimento de um vaso sanguíneo até a formação do coágulo. Esse sistema controla os sangramentos (1).

Em pessoas com hemofilia, algumas dessas proteínas estão reduzidas ou ausentes, fazendo com que essa cascata não funcione corretamente. Por isso, o sangue de hemofílicos demora mais para formar um coágulo e, quando ele se forma, não consegue interromper o sangramento.

A gravidade da hemofilia é determinada pela quantidade do fator de coagulação no sangue. Quanto menor a quantidade do fator, maior a probabilidade de ocorrer sangramento, o que pode levar a sérios problemas de saúde (1).

Como a hemofilia pode ser herdada?

A hemofilia possui padrão de herança recessivo ligado ao X (Figura 1). Os genes F8 e F9 estão localizados no cromossomo X, um dos dois cromossomos sexuais, logo:

  • Nos homens (que têm apenas um cromossomo X herdado da mãe), uma cópia alterada do gene é suficiente para causar a doença, sendo geralmente mais grave.
  • Nas mulheres (que têm dois cromossomos X), a presença de uma cópia do gene sem mutação compensa a outra cópia mutada, por isso, na maioria dos casos, as mulheres não possuem a doença e são apenas portadoras da mutação.

Algumas mulheres portadoras de mutações nos genes F8 ou F9 podem ter sangramento excessivo, ou prolongado, após um trauma ou procedimento invasivos.

Geralmente, a doença é hereditária, e as mutações são herdadas do pai ou da mãe. Em cerca de 30% dos casos ocorrem sem história familiar prévia, devido a uma mutação novaque aconteceu nas células germinativas dos pais ou logo no início do desenvolvimento embrionário.

Padrão de Herança Recessiva - Cromossomo X da Hemofilia

Figura 1: Como uma doença com padrão de Herança Recessiva ligada ao Cromossomo X é transmitida entre gerações.

Quais sintomas apresentam?

Hematomas em tecidos moles, articulações e sangramento após pequenas cirurgias são comuns.
Os casos mais graves apresentam atividade de coagulação inferior a 1%.

Entre os sintomas de hemofilia, podemos destacar:

  • Sangramentos que surgem sem nenhum trauma ou razão aparente;
  • Sangramentos frequentes nas mucosas, como o nariz e a gengiva;
  • Marcas roxas e lesões pelo corpo que aparecem sem motivo e que podem ter sido causadas por um sangramento debaixo da pele;
  • Dor forte e restrição de movimento em lugares como os joelhos e tornozelos, por conta de sangramentos internos; e
  • Cortes que levam muito tempo para parar de sangrar.

 

Diagnóstico

O diagnóstico é realizada por meio do tempo de tromboplastina parcial ativada, avalia-se a função dos fatores VIII e IX da coagulação no sangue.
Esse tempo é prolongado na hemofilia, enquanto o tempo de protrombina, que avalia os fatores I, II, V, VII e X, é normal.
A quantificação dos fatores VIII ou IX permitirá o diagnóstico definitivo.

Tratamento

A hemofilia não tem cura, mas tem tratamento de fácil acesso, podendo ser realizado quase exclusivamente pelo SUS (Sistema Único de Saúde) nos Centros de Tratamento de Hemofilia (CTH)/Hemocentros (1).

Os pacientes devem evitar a exposição a situações de risco. Diante de exodontias ou outros tipos de cirurgia, o tratamento com desmopressina, que estimula a liberação do Fator VII, pode ser útil.
O ácido acetilsalicílico e qualquer outro medicamento com efeito na coagulação devem ser evitados.
O tratamento usual consiste na administração intravenosa de concentrados de fator de coagulação deficientes.

Por que o Teste da Bochechinha é importante para o diagnóstico precoce da hemofilia?

A hemofilia ainda não é avaliada no Teste do Pezinho básico do SUS. Mesmo pessoas com manifestação leve da hemofilia, apresentando sintomas apenas após algum trauma e/ou na vida adulta, podem ser beneficiadas com a detecção da doença no nascimento.

Com o Teste da Bochechinha, que pode ser realizado assim que a criança nasce, a doença pode ser identificada antes do paciente desenvolver qualquer sintoma.

Utilizamos a moderna técnica de Sequenciamento de Nova Geração (NGS) para analisar o DNA do bebê e buscar alterações nos genes associados à hemofilia.

Bebês com alto risco de desenvolver hemofilia, identificados em nosso teste, podem iniciar precocemente o acompanhamento médico e tratamento da doença. Quanto mais cedo o diagnóstico e o início do tratamento, melhor a qualidade de vida do paciente.

 

 

Fontes:

  1. O que é. Hemofiliabrasil.org.br. Published 2021. Accessed October 28, 2021. https://www.hemofiliabrasil.org.br/pagina/o-que-e
  2. CDC. What is Hemophilia. Centers for Disease Control and Prevention. Published May 12, 2020. Accessed October 28, 2021. https://www.cdc.gov/ncbddd/hemophilia/facts.html

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