Por Raquel Luiza,
Tumor benigno da hipófise.
O termo “tumor” refere-se a um aumento excessivo de tecido em alguma área do corpo quando uma massa de células cresce em um espaço reduzido, o que leva à compressão e à lesão de outras células saudáveis. Um tumor pode ser benigno, com pouca chance de se espalhar por outras partes do organismo, ou maligno, quando há grande proliferação de células anormais e invasão das estruturas vizinhas.
Assim como em outras regiões do corpo, um tumor na hipófise ou tumor pituitário ocorre quando há o aumento excessivo e desordenado de tecido e células dentro da hipófise, a glândula responsável pela secreção de alguns hormônios muito importantes para o organismo, como o GH, hormônio do crescimento, e o TSH, que regula a tireoide.
A hipófise é uma das áreas da cavidade craniana menos afetadas pelo crescimento anormal de tecidos e células. No entanto, quando ocorrem, a grande maioria dos casos é de tumor não-canceroso (adenomas). Estes, geralmente, permanecem dentro da hipófise e não se espalham para outras partes do corpo.
A hipófise
A hipófise, também chamada de glândula pituitária, é uma glândula localizada na base do crânio, em uma fosseta do osso esfenoide denominado sela túrcica ou sela turca. Ela é responsável pela produção de diversos hormônios, atuando, também, de maneira indireta no funcionamento de vários órgãos de nosso corpo.
Esta glândula é ligada ao cérebro pela haste hipofisária e é responsável pela regulação de grande parte do nosso sistema endócrino, ou seja, regula vários dos nossos hormônios.
Apesar de ser muito pequena (mais ou menos do tamanho de uma ervilha), a hipófise é dividida em duas partes: a neuro-hipófise, que regula os níveis de água do sangue e estimula as contrações do parto, por exemplo, e a adeno-hipófise, que produz seis hormônios distintos. Veja quais são:
- GH ou somatotrofina, hormônio do crescimento
- TSH ou tireotrófico, hormônio estimulante da tireoide
- PRL ou prolactina, hormônio da produção do leite
- ACTH ou adrenocorticotrófico, hormônio regulador da atividade da glândula suprarrenal, que, por conseguinte, produz o hormônio cortisol
- FSH, LH ou gonadotróficos, hormônios responsáveis pela regulação do crescimento, puberdade, pressão arterial e processos reprodutivos.
Causas
Os motivos pelos quais acontece esse crescimento anormal de tecidos e células da hipófise permanecem desconhecidos.
Uma pequena porcentagem dos casos de tumor na hipófise ocorre em pessoas com histórico familiar da doença, embora a grande maioria não apresente fatores hereditários para a condição. Ainda assim, os pesquisadores acreditam que mutações genéticas possam estar envolvidas nas causas da doença.
Quais são os tipos?
A hipófise pode desenvolver vários tipos de tumores, tanto benignos quanto malignos. Na maioria dos casos, os tumores são benignos.
Os tipos mais frequentes de tumores são os adenomas – formações benignas de tecido glandular que são provocadas por mutações isoladas de células normais da hipófise. Em alguns casos, essas mutações podem ser transmitidas hereditariamente.
Outro tipo de tumor que pode ocorrer, porém com menor incidência, é o craniofaringioma, que se origina dos restos embrionários das células que deram origem à glândula. Normalmente, trata-se de um tumor congênito presente desde o nascimento, mas que pode se desenvolver lentamente até a idade adulta sem que o paciente apresente sintomas. Na maioria dos casos, ele é um tumor benigno, porém, devido à sua alta aderência às estruturas adjacentes, pode apresentar um comportamento maligno.
Quais sintomas apresentam?
Quando está funcionando, geralmente produz prolactina, hormônio do crescimento (GH), hormônio adrenocorticotrófico (ACTH), gonadotrofinas, hormônio estimulador da tireoide (TSH) ou uma combinação de hormônios (geralmente hormônio do Crescimento e prolactina). Nestes casos, os sintomas dependem do excesso do hormônio correspondente.
Além disso, podem ocorrer sintomas devido ao aumento da hipófise, em particular alterações no campo visual e na motilidade ocular devido à compreensão do quiasma óptico e dos nervos cranianos oculomotores, respectivamente. Pode haver dor de cabeça.
A infiltração do hipotálamo produz alterações na regulação hormonal.
A apoplexia hipofisária é produzida por um infarto hemorrágico do adenoma, que se manifesta por fortes dores de cabeça, náuseas, vômitos, alteração do nível de consciência, rigidez do pescoço, oftalmoplegia (paralisia dos músculos oculares) e / ou alterações pupilares.
Em alguns casos, o tumor na hipófise pode ser produtor de hormônio, ou seja, pode levar a glândula a produzir quantidades maiores ou menores de hormônios. Qualquer uma das duas alternativas podem causar problemas sérios ao organismo. Tumores grandes, que medem cerca de um centímetro ou mais, são conhecidos como macroadenomas. Tumores menores são chamados microadenomas.
Os macroadenomas podem comprimir o quiasma óptico, podendo levar a problemas de visão e até perda súbita da visão, de acordo com Tatiana Vilasboas. “Além disso, tumores maiores podem envolver as artérias carótidas que irrigam o cérebro e invadir o seio cavernoso, onde alguns nervos passam, comprimindo-os e levando a uma paralisia facial.
Macroadenomas indicado na seta vermelha.
Pressão exercida pelo tumor
Os macroadenomas podem exercer pressão sobre a hipófise e sobre estruturas vizinhas também. Os principais sinais e sintomas de pressão exercida por um tumor pituitário podem incluir:
- Dor de cabeça
- Perda de visão, especialmente perda da visão periférica
- Náuseas e vômitos
- Sintomas causados pela deficiência de hormônio pituitário
- Fraqueza
- Menstruação irregular ou ausente (em mulheres)
- Alopecia areata (perda de pelos do corpo)
- Disfunção sexual
- Micção frequente ou urgente
- Perda de peso não intencional
- Ganho de peso não intencional.
Mudanças hormonais
Alguns tumores pituitários, chamados de tumores funcionantes ou de funcionamento, também produzem hormônios. Geralmente, eles levam a uma produção excessiva de hormônios. Além disso, diferentes tipos de tumores podem desenvolver-se na hipófise, levando ao surgimento de sinais e sintomas específicos e, por vezes, a uma combinação deles.
Um tumor na hipófise pode afetar diretamente a produção de hormônios pela glândula. Cada hormônio produzido pela hipófise, se sofrer alguma alteração, tanto para mais quanto para menos, pode levar ao surgimento de alguns sinais e sintomas específicos. Veja:
Hormônios adrenocorticotrófico
Tumores que afetam a produção de hormônio ACTH ou adrenocorticotrófico podem levar a alterações no funcionamento de glândulas suprarrenais, responsáveis pela produção de cortisol. Síndrome de Cushing é a principal consequência deste problema.
Hormônios de crescimento
O tumor, quando afeta a produção de hormônio do crescimento, pode fazer com que a glândula o produza em excesso. Os efeitos da acromegalia, ou seja, o excesso de hormônio de crescimento podem incluir:
- Características faciais específicas
- Mãos e pés maiores que o normal
- Hiperidrose (transpiração em excesso)
- Alto nível de açúcar no sangue
- Problemas de coração
- Dor nas articulações
- Dentes desalinhados
- Aumento do crescimento de pelos no corpo
- Crescimento acelerado e excessivo, principalmente em crianças e adultos.
Prolactina
A superprodução de prolactina a partir de um tumor na hipófise (prolactinoma) pode causar a diminuição nos níveis normais dos hormônios sexuais estrogênio mulheres e testosterona. Veja:
Sintomas relacionados ao estrogênio:
- Períodos menstruais irregulares
- Ausência de períodos menstruais
- Interrupção da produção de leite pelas glândulas mamárias.
Sintomas relacionados à testosterona:
- Disfunção erétil
- Infertilidade
- Perda da libido.
Hormônios estimulantes da tireoide
Quando um tumor na hipófise faz com que a glândula produza hormônio estimulante da tireoide em excesso, a glândula localizada na traqueia passa a produzir quantidades excessivas do hormônio tiroxina. Além disso, com a produção exacerbada do TSH, o paciente pode desenvolver hipertireoidismo. Veja os principais sinais e sintomas deste problema:
- Súbita perda de peso
- Batimentos cardíacos rápidos ou irregulares (arritmia)
- Nervosismo ou irritabilidade
- Evacuações frequentes.
Como é realizado o diagnóstico?
A ressonância magnética nuclear é o método de escolha para entender a anatomia da glândula e sua relação com as estruturas vizinhas.
Deve ser feita uma determinação dos níveis hormonais produzidos pela hipófise.
Tratamento
Os tumores produtores de prolactina (prolactinomas) respondem ao tratamento com agonista da dopamina, enquanto os tumores produtores de hormônio do crescimento respondem aos análogos da somatostatina.
A cirurgia é indicada em casos de apoplexia hipofisária, deterioração visual rapidamente progressiva, tumores que apresentam áreas necróticas ou hemorrágicas. Geralmente, a via transfenoidal é usada; as recidivas são comuns.
A radioterapia pode ser usada como tratamento adjuvante.
Busque ajuda
Se você apresentar sintomas que possam estar relacionados a alterações hormonais, marque uma consulta com um especialista o quanto antes para que a causa exata possa ser determinada.
Especialistas que podem diagnosticar um tumor na hipófise são:
- Clínico geral
- Endocrinologista
- Oncologista
- Neurologista
- Nefrologista
- Ginecologista
- Urologista.