Por Raquel Luiza,
O hiperparatireoidismo ocorre quando glândulas paratireoides hiperativas causam o aumento dos níveis de paratormônio (ou hormônio paratireoidiano, PTH) no sangue. Por sua vez, níveis elevados de PTH causam um aumento no nível de cálcio no sangue (hipercalcemia).
A doença caracterizada pelo excessivo funcionamento das glândulas paratireóide, provocando aumento da secreção de hormônio da paratireóidico/ hormona paratireoide (PTH) na circulação sanguínea.
Na maioria dos casos, é devido a um adenoma de paratireoide único ou múltiplo. A segunda causa é a hiperplasia da paratireoide.
PTH é o hormônio produzido pelas paratireóides. Sua principal função é manter o equilíbrio da concentração de cálcio e fósforo extracelular.
As glândulas paratireoides estão localizadas próximas à tireoide. A localização exata e até mesmo o número total de glândulas varia bastante. Essas glândulas secretam o paratormônio (ou hormônio paratireoidiano, PTH), que regula os níveis de cálcio no sangue e nos tecidos por meio dos efeitos que ele exerce sobre os ossos, rins e intestino.
A causa mais frequente do hiperparatireoidismo é um adenoma de paratireoide (um tipo de tumor não canceroso). Os adenomas de paratireoide geralmente são isolados e solitários. No entanto, é possível que o adenoma de paratireoide faça parte de certas doenças hereditárias nas quais a pessoa tem tumores em várias glândulas endócrinas (síndromes neoplásicas endócrinas múltiplas).
O hiperparatireoidismo também ser causado por uma hiperplasia das glândulas paratireoides. Hiperplasia significa um aumento generalizado de um órgão ou tecido. Assim, no caso de hiperplasia paratireoidiana, cada uma das glândulas paratireoides está aumentada. As células da glândula parecem normais quando examinadas sob o microscópio e, portanto, isso não é considerado um tipo de câncer; contudo, é necessário tratamento médico ou cirúrgico para reduzir a quantidade de tecido paratireoide e fazer com que a atividade da paratireoide hiperativa volte ao normal.
As glândulas paratireoides
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Existem três tipos de hiperparatireoidismo:
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O hiperparatireoidismo primário, devido a um distúrbio de uma ou mais glândulas paratireoides
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O hiperparatireoidismo secundário, devido a um distúrbio em outra parte do corpo que causa a diminuição dos níveis de cálcio no sangue (o que faz com que a glândula paratireoide aumente a secreção de PTH para poder elevar os níveis de cálcio)
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O hiperparatireoidismo terciário, devido a aumento da secreção de PTH que não está relacionado aos níveis de cálcio no sangue e não é causado por um adenoma de paratireoide
Hiperparatireoidismo primário
O hiperparatireoidismo primário resulta de um excesso de secreção de PTH devido a um distúrbio de uma ou mais glândulas paratireoides. Aproximadamente 85% das pessoas com hiperparatireoidismo primário têm um adenoma de paratireoide (um tumor não canceroso) envolvendo apenas uma glândula paratireoide. Aproximadamente 15% dos casos são causados por hiperplasia ou aumento de todas as glândulas paratireoides. O câncer de paratireoide, que geralmente envolve apenas uma glândula paratireoide, ocorre em menos de 1% dos casos.
A incidência do hiperparatireoidismo primário aumenta com a idade e é maior em mulheres na pós-menopausa. Ele também costuma ocorrer três décadas ou mais após a pessoa ter recebido radiação no pescoço.
O hiperparatireoidismo primário causa hipercalcemia (níveis elevados de cálcio no sangue), hipofosfatemia (níveis baixos de fosfato no sangue) e excesso de reabsorção óssea (transferência do cálcio do tecido ósseo para o sangue). Um excesso de reabsorção óssea, por sua vez, dá origem à osteoporose.
Hiperparatireoidismo secundário
O hiperparatireoidismo secundário ocorre quando a presença de hipocalcemia (baixos níveis de cálcio no sangue) causada por um distúrbio não paratireoidiano dá origem a uma secreção excessiva e crônica de PTH. O hiperparatireoidismo secundário ocorre com mais frequência em pessoas com doença renal crônica avançada, quando uma redução da produção da forma ativa da vitamina D nos rins e outros fatores dão origem à hipocalcemia e à estimulação crônica da secreção de PTH. A hiperfosfatemia (excesso de fosfato no sangue) que surge em resposta à doença renal crônica também contribui.
Hiperparatireoidismo terciário
O hiperparatireoidismo terciário ocorre quando o PTH é secretado independentemente dos níveis de cálcio no sangue. O hiperparatireoidismo terciário geralmente ocorre em pessoas com hiperparatireoidismo secundário de longa duração e naquelas que tiveram doença renal crônica por vários anos.
Quais são os sintomas do hiperparatireoidismo?
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Os sintomas surgem em decorrência de níveis elevados de cálcio no sangue e incluem fraqueza e fadiga, constipação, perda de apetite, perda de memória, falta de concentração, confusão e aumento da micção.
O excesso de cálcio provoca alterações a nível esquelético, gastrointestinal, renal, muscular e neurológico.
O envolvimento ósseo é caracterizado por alterações no tumor ósseo com perda progressiva de massa mineral e óssea (osteopenia).
Na forma grave, chamada de osteíte fibrosa, os cistos ósseos são vistos nos ossos longos. Pode haver dor local ou fraturas patológicas (fratura sem trauma ou com trauma mínimo).
Na doença renal, o aparecimento de litíase (pedras) de oxalato ou fosfato de cálcio e depósitos de cristais de cálcio (nefrocalcinose), que podem levar à insuficiência renal.
Como é realizado o diagnóstico?
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O diagnóstico é feito por meio da medição dos níveis de paratormônio e de cálcio no sangue, hipercalcemia.O fósforo plasmático parece diminuído.
Depois que hipercalcemia foi diagnosticada, os médicos costumam então medir os níveis de PTH no sangue. O hiperparatireoidismo será confirmado caso níveis elevados de PTH sejam detectados em uma pessoa com hipercalcemia. Normalmente, o PTH regula os níveis de cálcio no sangue. Quando os níveis de cálcio estão baixos, as glândulas paratireoides secretam mais PTH para aumentar o cálcio no sangue. Quando os níveis de cálcio no sangue estão elevados, as glândulas paratireoides retardam a secreção de PTH. Assim, ter níveis elevados ou mesmo níveis elevados normais de PTH ao mesmo tempo que níveis elevados de cálcio não é normal.
Às vezes, são realizados exames de imagem do pescoço (por exemplo, ultrassonografia, ressonância magnética ou tomografia computadorizada) para determinar a localização de uma glândula paratireoide anômala.
Pode haver acidose (diminuição do pH do sangue) e aumento da vitamina D e seus metabólitos.
Na urina, pode haver hipercalciúria (aumento do cálcio).
Uma das seguintes técnicas de localização pode ser realizada: ultrassonografia, tomografia axial computadorizada, ressonância magnética ou cintilografia com 99m Tc-MIBI.
TRATAMENTO
A hipercalcemia grave e sintomática é tratada com hidratação abundante, com ou sem furosemida, e com a administração de medicamentos que atuam inibindo a reabsorção óssea: bifosfonatos intravenosos, calcitonina ou corticosteroides. Atualmente, os medicamentos mais eficazes para o controle do cálcio em curto e médio prazo são os bifosfonatos pamidronato e zolendronato.
A cirurgia por meio da remoção da glândula afetada nos casos de adenoma ou remoção total das paratireoides e posterior implantação de pequenas porções de tecido da paratireoide nos músculos do antebraço ou no esternocleidomastóideo produzem a cura da doença.
A cirurgia é indicada se houver cálculo renal, pancreatite, patologia psiquiátrica ou desmineralização óssea. Também é preferido em pessoas com menos de 50 anos de idade.