Inteligência artificial pode prever resposta ao tratamento na artrite reumatoide

Por Raquel Luiza,


A artrite reumatoide (AR) é uma condição inflamatória crônica das articulações cujas principais alterações a serem combatidas são a dor e a deformidade articular. Embora existam diferentes opções de tratamento, a resposta dos pacientes não é uniforme, havendo mesmo aqueles que não respondem a qualquer das terapias disponíveis (5 a 20%).

A novidade é que pesquisadores da Queen Mary University of London anunciaram que estão desenvolvendo uma ferramenta capaz de prever a resposta individual dos portadores de AR ao tratamento. A publicação em Nature Medicine conta que o estudo é continuação de um trabalho publicado na The Lancet em 2021.

Nele, a equipe fez biópsia em 164 portadores de AR para avaliar a resposta ao tratamento com rituximabe ou tocilizumabe. O esforço revelou que pacientes com baixa assinatura molecular de células B sinoviais possuem resposta de apenas 12% ao rituximabe, enquanto 50% responderam ao tocilizumabe. Já quando os pacientes tinham altos níveis dessa assinatura genética de células B sinoviais, as duas drogas eram igualmente eficazes.

O novo estudo foi mais a fundo no mesmo modelo e investigou 1.277 genes associados à não resposta a qualquer dos fármacos. Novamente, foi realizado o perfil genético em amostras de articulações artríticas cedidas por portadores de AR e esses dados alimentaram um algoritmo de aprendizado de máquina.

Quando comparado com um modelo de cisão que levava em consideração a patologia tecidual e critérios clínicos, o perfil genético processado por inteligência artificial teve desempenho consideravelmente melhor em prever a resposta individual de um portador de AR a determinado tratamento.

Segundo os autores, a incorporação à clínica diária de uma ferramenta de decisão semelhante à decisão de tratamento poderia economizar muito tempo dos pacientes e recursos do sistema de saúde. Além disso, saber qual perfil genético está em atividade em um dado paciente e quais vias permanecem impulsionando a doença, principalmente em pacientes resistentes a todas as drogas, pode indicar os caminhos para o desenvolvimento de terapias mais eficientes.

Diante do exposto, a  inteligência artificial (IA) tem o potencial de revolucionar o tratamento da AR de várias maneiras, como:

 

Diagnóstico

Atualmente, o diagnóstico da AR é baseado em critérios clínicos, que podem ser subjetivos e imprecisos. A IA pode ser usada para desenvolver ferramentas de diagnóstico mais precisas, baseadas em dados de imagem, exames laboratoriais e dados clínicos.

Previsão da resposta ao tratamento

A resposta ao tratamento da AR varia de paciente para paciente. A IA pode ser usada para desenvolver ferramentas que prevejam a resposta individual de um paciente a um determinado tratamento. Isso pode ajudar os médicos a escolher o tratamento mais eficaz para cada paciente.

Personalização do tratamento

A AR é uma doença complexa com vários fatores de risco e mecanismos de ação. A IA pode ser usada para desenvolver modelos personalizados de tratamento que levem em consideração as características individuais de cada paciente. Isso pode ajudar a melhorar a eficácia e a segurança do tratamento.

Monitoramento da doença

O acompanhamento regular da AR é importante para avaliar a resposta ao tratamento e identificar precocemente as complicações da doença. A IA pode ser usada para desenvolver ferramentas de monitoramento remoto que permitam aos pacientes monitorar seu próprio estado de saúde em casa. Isso pode reduzir a necessidade de visitas ao médico e melhorar a qualidade de vida dos pacientes.

Pesquisa

A IA pode ser usada para acelerar a pesquisa da AR. A IA pode ser usada para analisar grandes conjuntos de dados, identificar padrões e gerar novas hipóteses. Isso pode ajudar a descobrir novas causas, tratamentos e mecanismos de ação da AR.

A pesquisa sobre o uso da IA no tratamento da AR está em andamento. No entanto, já há evidências promissoras de que a IA tem o potencial de melhorar o diagnóstico, o tratamento e o acompanhamento da AR.

Aqui estão alguns exemplos específicos de como a IA está sendo usada no tratamento da AR:

Um estudo publicado em 2023 na revista Nature Medicine desenvolveu um algoritmo de IA que pode prever a resposta ao tratamento com rituximabe ou tocilizumabe em pacientes com AR. O algoritmo foi capaz de prever a resposta com uma precisão de 80%.
Um estudo publicado em 2022 na revista Arthritis & Rheumatology desenvolveu um algoritmo de IA que pode prever o risco de desenvolvimento de artrite reumatoide em pacientes com artrite psoriática. O algoritmo foi capaz de prever o risco com uma precisão de 75%.
Um estudo publicado em 2021 na revista Rheumatology desenvolveu um aplicativo de smartphone que usa IA para monitorar a atividade da AR em pacientes em casa. O aplicativo foi capaz de detectar mudanças na atividade da doença com uma precisão de 90%.
Essas são apenas algumas das muitas maneiras pelas quais a IA está sendo usada no tratamento da AR. À medida que a tecnologia continua a se desenvolver, é provável que a IA tenha um impacto ainda maior no tratamento dessa doença.

 

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