Atividades lúdicas no Cecon Brazlândia, voltadas para um grupo de 97 pessoas, estimulam o envelhecimento saudável e fortalecem vínculos com a família e a comunidade
Agência Brasília* | Edição: Carolina Lobo
A cada encontro é realizada uma atividade lúdica diferente adequada à faixa etária e às particularidades percebidas no grupo com o objetivo de favorecer um envelhecimento mais saudável, ativo, além de fortalecer vínculos com à família e à comunidade. O projeto começou a ser desenvolvido neste mês e tem a duração de seis semanas.
“A ideia surgiu da percepção da equipe diante das dificuldades identificadas [visual, motora, cognitiva e de socialização] dos idosos que nós atendemos aqui no Cecon. Planejamos atividades para que eles trabalhem juntos, cooperando uns com os outros. São exercícios lúdicos adaptados para a pessoa idosa, que estimulam a memória recente, a lateralidade e a autonomia deles”, explica a educadora social Daniele Nunes, uma das responsáveis pelo grupo. “O foco é proporcionar a eles mais qualidade de vida”, frisa.
O Cecon Brazlândia trouxe para o grupo, composto em sua maioria por idosos, uma série de dinâmicas para serem desenvolvidas na unidade durante os encontros semanais e em casa junto com os familiares. A unidade socioassistencial é gerenciada pela Secretaria de Desenvolvimento Social (Sedes).
“Utilizamos quadros com imagens e quebra-cabeça. Tudo produzido aqui no Cecon com materiais apropriados, com letras grandes, desenhos, cores mais fortes, por exemplo. Nós entregamos tudo para eles fazerem os jogos em casa também, para que eles possam trabalhar a saúde e ter, ao mesmo tempo, uma atividade lúdica para fazer com a família”, afirma Daniele, que junto à educadora social Meirislane Lino, desenhou e criou os materiais. As duas são as educadoras de referência do grupo.
Projetos simultâneos
Atendida no Cecon Brazlândia há dois anos, Rosélia Maria Pacheco, 57 anos, conta que, para ela, a brincadeira mais desafiadora foi a atividade que incentiva os idosos a gravarem uma sequência de cores. “Olha, as atividades estão muito boas, e este ano parece que está melhor ainda. Essa foi a que mais gostei, melhorei muito”, comemora.
Além das atividades lúdicas desse percurso, o Cecon Brazlândia desenvolve outros projetos simultâneos, que utilizam a dança, a música e a leitura como estratégias para levar autoestima, autonomia e fortalecimento de vínculos.
“Gosto de participar do forró, de jogar dominó, de cantar. Nunca pensei que tinha esse talento na vida, aí descobri aqui no Cecon”, relata Antônio Nicolau de Morais, 78 anos, que, nos encontros do grupo, costuma tocar violão. “Está fazendo muito bem para mim, eu não sei nem mais viver sem”, conta.
Trazida pelas irmãs que já frequentavam o Cecon Brazlândia, Maria Antônia da Silva, 64 anos, fala da importância dos encontros semanais para superar a depressão: “Esse grupo tem me ajudado bastante a superar as dificuldades da minha vida. O grupo me acolheu com amor e carinho, me dá a atenção, só tenho a agradecer”.
O Cecon Brazlândia atende, no total, 132 pessoas, incluindo os adultos e idosos do chamado grupo intergeracional e os adolescentes com idades entre 15 e 17 anos.
“Todas as estratégias utilizadas no serviço são planejadas de acordo com as necessidades dos nossos usuários. Nas últimas semanas, estávamos trabalhando temas mais densos e profundos, como violência contra a mulher, insegurança nas relações afetivas. Por isso, neste percurso, decidimos propor algo mais leve, voltado diretamente para a realidade deles”, explica o chefe do Cecon Brazlândia, Marcelo Gonçalves.
Dezesseis unidades
“A política de assistência social vai muito além da concessão de benefícios sociais. A prioridade é prevenir também situações de risco social, com fortalecimento de vínculos familiares e com a comunidade”Ana Paula Marra, secretária de Desenvolvimento Social
Os percursos desenvolvidos nos Centros de Convivência não abordam as mesmas questões, nem são iguais. Sob a coordenação da Sedes, cada uma das 16 unidades do Distrito Federal tem autonomia para desenvolver estratégias diversas apropriadas à realidade do território e à comunidade atendida, como reforça o diretor de Convivência e Fortalecimento de Vínculos da Sedes, Clayton Andreoni Batista.
“A estruturação dos percursos pela equipe técnica, levando-se em consideração as competências a serem desenvolvidas com os indivíduos atendidos, perpassa por um processo ativo de identificação das vulnerabilidades vivenciadas por eles que almejamos contribuir para a superação. Nesse sentido, conhecer as características do público atendido e de seu território de vivência, incluindo nesse bojo também as potencialidades, se torna imprescindível para a proposição de atividades adequadas, desafiadoras e prazerosas que propiciem o alcance dos objetivos almejados”, pontua.
“A política de assistência social vai muito além da concessão de benefícios sociais. A prioridade é prevenir também situações de risco social, com fortalecimento de vínculos familiares e com a comunidade. O Serviço de Convivência é uma forma de intervenção social planejada, buscando criar situações desafiadoras, estimular e orientar os usuários na construção e reconstrução de suas histórias e vivências individuais e coletivas, na família e no território”, destaca a secretária Ana Paula Marra.
*Com informações da Sedes