Por Raquel Luiza,
O que é?
Espondiloartropia autoimune inflamatória e crônica, pertencente à família das espondiloartrites soronegativas, em que ocorre inflamação e fusão ( anquilose) das vértebras.
Essa condição pode levar a inflamação e dor na coluna vertebral e em outras articulações. Em casos graves, a espondilite anquilosante pode fazer com que a coluna vertebral se funda, o que pode levar a uma postura de “hunched-over”.
Em quem ocorre?
Faixa etária: 20 a 40 anos de idade. Homens são mais acometidos do que mulheres. A doença está associada a presença do HLA-B27, e o risco é maior entre parentes de um indivíduo afectado.
Quais são os sintomas?
Dor lombar e no pescoço, de início insidioso, noturna, que melhora à movimentação. Além disso, é comum perdad e mobilidade da coluna, podendo cursar com anormalidades posturais.
Condições associadas comumente encontradas: inflamação do colon ou íleo, uveíte anterior aguda, psoríase, insufiência aórtica, bloqueio atrioventricular e Doença inflamatória intestinal.
Como é realizado o diagnóstico?
O diagnóstico é clínico, através da clínica sugestiva + radiografia evidenciando sacroileíte. Se não houver sacroileíte e outras causas forem menos prováveis, pode-se usar os 11 aspectos clínicos da EA ( pelo menos 4 devem ser presentes):
- Dor nas costa de característia inflamatória;
- Dor no calanhar ( entesite);
- Dactilite ( dedos em formato de salsicha);
- Uveite (é doença inflamatória que tem como principais sintomas hiperemia (olho vermelho), fotofobia, dor e visão turva e embaçada);
- História familiar positiva;
- Doença inflamatória intestinal;
- Dor nas nádegas alternada;
- Psoríase;
- Artrite Assimétrica;
- Resposta positiva ao uso de AINEs;
- VHS e PCR elevados.
Em último caso, se o paciente não fecha os 4 critérios clínicos, pode-se testar a presença do HLA-27. Se positivo +2 ou 3 características, define-se o diagnóstico.
O diganóstico precoce pode fazer uma grande diferença no tratamento da espondilite anquilosante (EA).1 Por ser uma doença desafiadora, o caminho até o diagnóstico é longo e o exame para detectar o HLA-B27 pode ser solicitado2.
Os antígenos leucocitários humanos (HLAs) são proteínas que ajudam o sistema de defesa do nosso corpo (sistema imunológico) a diferenciar suas próprias células de substâncias estranhas e prejudiciais que precisam ser combatidas.2 O HLA-B27 está envolvido no processo da inflamação e defesa do organismo humano.2
Como é feito o exame?
Quando existe a suspeita de que você tenha uma espondiloartrite, mas os seus sintomas, histórico clínico e exames não são conclusivos, o exame HLA-B27 pode ser solicitado.3
É um exame bem prático! Não há necessidade de jejum, é feito via coleta simples de sangue, geralmente é retirada de uma veia localizada no braço ou na mão, e o resultado é positivo ou negativo.2 O resultado não muda ao decorrer de sua vida, só precisa refazer se houver suspeita de erro do laboratório.
Resultado do exame HLA-B27
“O resultado deu positivo. Significa que tenho EA?”, essa é a primeira possível pergunta que aparece na cabeça.
O HLA-B27 é uma proteína perfeitamente normal e está presente em 7 a 10% de toda a população, inclusive, em muitas pessoas que não têm EA.1 Logo, sua presença não significa, necessariamente, uma doença, mas sim um risco maior para o desenvolvimento de condições autoimunes (que é quando o nosso corpo não reconhece células próprias e saudáveis e as ataca, na tentativa de se proteger).1
Ainda assim, o exame pode sim ajudar a diagnosticar a espondilite anquilosante, já que a doença é autoimune, e seu risco aumenta quando o resultado do HLA-B27 é positivo.1,3
Vale ressaltar que essa associação varia bastante entre diferentes grupos étnicos: enquanto cerca de 95% dos caucasianos com espondilite anquilosante têm o teste positivo para o HLA-B27, este número cai para 50% entre os afrodescendentes.1,3
Espondilite anquilosante tem cura?
A espondilite anquilosante é uma condição crônica, o que significa que ela pode durar muitos anos ou mesmo uma vida inteira. Não há cura para a espondilite anquilosante, mas há tratamentos que podem ajudar a aliviar os sintomas e prevenir a progressão da doença.
Como é realizado o tratamento?
Terapia inicial com AINEs ( eg, Naproxeno 500 mg 2x / dia, ou Ibuprofeno 800 mg 3x/dia). Se resposta inadequada, incluir anti-TNF ( eg, Adalimumab 40 mg/semana alternada) ou anti-IL17 ( EG, Secukinumab). Se o quadro permancer refratário, reavaliar o diagnóstico. Corticoides e opioides são inefetivos para EA.
A fisioterapia é uma parte importante do tratamento da espondilite anquilosante porque ela ajudar a fortalecer os músculos em torno das articulações para apoiá-las. O exercício e o alongamento também podem ajudar manter a flexibilidade e a amplitude de movimento nas juntas.
Referências
1. Lab Tests Online. Ankylosing Spondylitis. Disponível em: https://labtestsonline.org/conditions/ankylosing-spondylitis. Acesso em abril de 2023.
2. MedLine Plus. HLA-B27 antigen. Disponível em https://medlineplus.gov/ency/article/003551.htm. Acesso em abril de 2023.
3. Spondylitis Association of America. Diagnosis of Ankylosing Spondylitis. Disponível em: https://www.spondylitis.org/Ankylosing-Spondylitis/Diagnosis. Acesso em abril de 2023..