Febre Reumática: o que é, causas, sintomas e tratamento. Conhecer para Prevenir!

Por RAQUEL LUIZA,

Febre Reumática - Sociedade Brasileira de Reumatologia

A Febre Reumática é uma doença inflamatória  sistêmica aguda, que ocorre como sequela tardia de uma faringoamigdalite por Streptococus pyogenes e  pode comprometer as articulações, o coração, o cérebro e a pele de crianças de 5 a 15 anos.

Doença secundária à infecção faríngea por estreptococos beta-hemolíticos do grupo A.
Afeta principalmente as articulações, a pele e o tecido celular subcutâneo, o sistema nervoso central e o coração.
Fisiopatologicamente, requer a formação de anticorpos antiestreptocócicos que reagem contra antígenos específicos do organismo.
Pode aparecer em qualquer idade, mas é mais comum entre 5 e 15 anos. A manifestação clínica mais comum é a artrite, na forma de poliartrite migratória. O problema do coração é o que marca o prognóstico. Pode surgir cardite assintomática ou com insuficiência cardíaca e morte, pericardite, miocardite ou envolvimento das válvulas cardíacas (endocardite), mais frequentemente as válvulas mitral e aórtica.

 

Quais são os sintomas?

Quadro agudo de febre, sintomas gerais e poliartrite assimétrica e migratória acometendo preferencialmente as grandes articulações periféricas ( ombro, cotovelos, punhos , joelhos). A doença cursa com cardite , com sopros ao exame físico. Outros sinais importantes são a presença de eritema marginatum, nódulos subcutâneos e a coreia de Sydenham.

Os pacientes relatam astenia ( debilidade), audinamia (ausência total de força física), anorexia (é um transtorno alimentar caracterizado por peso corporal anormalmente baixo) e febre.

A duração do ataque reumático varia de 3 semanas a 6 meses. Os dados clínicos mais representativos são os seguintes:
Artrite migratória autolimitada (joelhos, tornozelos, cotovelos e punhos).
Cardite: o ataque agudo ao coração afeta suas 3 camadas, constituindo uma pancardite (pericardite, miocardite e endocardite).
Os distúrbios do ritmo (bloqueio atrioventricular de primeiro grau) são comuns. A endocardite lesa preferencialmente as válvulas, na ordem de frequência mitral, aórtica, tricúspide e pulmonar.
Coreia de Sydenham (movimentos involuntários devido ao envolvimento extrapiramidal).
Nódulos subcutâneos (de Meynet): firmes e indolores, nas superfícies de extensão das articulações.
Eritema marginal: máculas arredondadas confluentes com uma borda eritematosa, não pruriginosas; afeta geralmente o tronco e tem caráter migratório.

 

Como é realizado o Diagnóstico?

Através das queixas que a criança vem apresentando nos últimos dias, ou seja, da presença de dor e inchaço nas articulações, do sopro cardíaco e/ou da coréia associada às alterações nos exames de sangue que podem comprovar a presença de inflamação: velocidade de hemossedimentação (VHS), proteína C reativa (PCR) e alfa glicoproteína. A presença de infecção de garganta antes do início das alterações articulares ou cardíacas é muito importante para o raciocínio do médico que poderá comprová-la através da dosagem da anti estreptolisina O (ASLO).

A ASLO dá o diagnóstico de Febre Reumática?

Não. Ela é um anticorpo que o nosso organismo produz para combater o estreptococo durante ou logo após uma infecção de garganta. Portanto, ela serve apenas para nos dizer se a criança teve infecção por esta bactéria. Na ausência das manifestações típicas da Febre Reumática a ASLO não tem qualquer valor para o diagnóstico desta doença. Oitenta por cento das crianças com infecção de garganta pelo estreptococo apresentam elevação da ASLO porém somente 3% delas poderão apresentar Febre Reumática. É importante lembrar que a presença de dor nas pernas e ASLO elevado não significam febre reumática.

O diagnótico é baseado nos critérios de Jones:

  1. Critério obrigatório: Evidência de infecção recente pelo S. pyogenes beta-hemolítico do grupo A, indicando a presença de 01 anticorpo antienzima ( anti- estreptolisina, anti – DNAse B ou antihialuronidase).
  2. Critérios Maiores: 
    – Cardite
    – Poliartrite
    – Coréia de Sydenham
    -Nódulos subcutâneos
    – Eritema marginalizado
  3. Critérios Menores:
    Clínicas: Artralgia, febre, alargamenti do intervalo PR no eletrocardiograma e  história de surto reumático.
    -Laboratório: Elevação de reagentes de fase aguda (ESR, CRP), evidência de infecção estreptocócica.
    O diagnóstico de febre reumática pode ser estabelecido com grande probabilidade pela presença 2 critérios maiores+ 1 obrigatório, ou 1 maior + 2 menores + obrigatório.

 

Tratamento.

O tratamento da febre reumática requer medidas gerais como repouso nas primeiras semanas (o surto reumático dura de 6 a 8), devido ao risco de complicações cardíacas.
Para a erradicação do estreptococo, deve-se indicar penicilina procaína por 10 dias ou Penicilina benzatina.
Os corticosteroides são indicados na pancardite reumática grave ou quando a atividade reumática persiste apesar do tratamento correto.
O risco de recorrência da doença reumática é maior de 3 a 5 anos após a primeira crise. A duração da profilaxia secundária (penicilina G benzatina a cada 21 dias) deve ser vitalícia em pacientes sem cardite; em pacientes sem cardite, deve ser mantida por cinco anos após o último episódio de febre reumática em adultos ou até o final da adolescência em crianças (18-20 anos de idade).

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