Por Raquel Luiza,
Dor de cabeça tensional é uma dor difusa, nos dois lados da cabeça, em pressão ou aperto, de intensidade leve a moderada, sem enjôo, com duração que pode variar de meia hora a meses ou até anos a fio, e que não pode ser atribuída a nenhuma outra doença.
O que é?
Mais comum das cefaleias primárias. Está relacionada com estresse físicoo ( cansaço, exagero de atividade física), muscular ( posicionamento do pescoço no sono ou no trabalho) ou emocional.
Em quem ocorre?
Acomete todas as idades e ambos os secos. Tem pico de incidência na quarta década de vida.
Tipicamente, a dor de cabeça tensional se localiza em toda volta da cabeça, como se fosse uma faixa ou torniquete comprimindo-a. A dor também pode se localizar na testa e/ou parte de trás da cabeça. Em outras pessoas, a dor pode começar na nuca e ir para a frente, atingindo ambos os lados. Às vezes pode doer mais de um lado que de outro. (Observe que na enxaqueca a dor não é obrigatoriamente de um só lado da cabeça, pode ser “em aperto” e pode assumir as mesmas localizações descritas acima.)
Tensão na nuca, ombros, costas
A exemplo da enxaqueca, a dor de cabeça tensional pode cursar com dor na nuca, nos músculos dos ombros e das costas. Ao exame, podem ser encontrados nódulos de contratura muscular ao longo dessas regiões.
A ocorrência da cefaleia tensional é mais comum quando se trabalha intensamente por vários dias num ritmo alucinante, quando é preciso lutar contra o relógio por causa, por exemplo, de um prazo. A enxaqueca também pode ser assim.
Ou, então, pode aparecer quando se fica muito tempo na mesma posição, principalmente quem escreve, lê ou dirige. Diz-se o mesmo para a enxaqueca!
Normalmente essa dor pode melhorar com a aplicação de compressa fria ou quente na cabeça. Uma boa massagem na nuca pode fazer maravilhas também. Com a enxaqueca não é diferente.
Causas da cefaleia tensional
As causas do problema não são completamente conhecidas, mas comumente atinge pessoas que trabalham em ritmo intenso durante vários dias contínuos. Pessoas que permanecem na mesma posição durante muito tempo, dirigindo, por exemplo, também tendem a desenvolver a dor de cabeça tensional.
A cefaleia tensional geralmente provém de situações de estresse emocional ou mental constantes, tais como: problemas familiares, acadêmicos ou profissionais, insatisfação com o próprio corpo, sobrecarga de atividades, perfeccionismo, etc.
Quais são os sintomas presentes na cefaleia tensional?
- Cefaleia de intensidade fraca ou moderada, descrita como sensação de aperto ou pressão.
- Geralmente é bilateral , pode ser frontal, occipital ou holocraniana.
- Surge, em geral, no final da tarde.
- Pico de incidência na quarta década.
- Dificuldade em dormir e permanecer no sono;
- Fadiga constante;
- Dores na nuca e nos músculos dos ombros e das costas;
- Irritabilidade e dificuldade de concentração;
- Se os episódios ocorrem por mais de 15 dias/mês e por mais de 3 meses, é considerado crônico.
- Dor melhora com atividades físicas
Como é realizado o diagnóstico?
É necessário no mínimo 10 episódios de cefaleia com os seguintes critérios:
- Duração entre 30 min e 7 dias
- Ao menos 2 das seguintes características:
– Localização bilateral;
-Em aperto ou pressão;
-Intensidade leve ou moderada;
-Não agrava por atividade física rotineira;
- Como fotofobia ou fonofobia, mas não os dois ao mesmo tempo. Sem náuseas e vômitos.
- Não melhor explicada por outra doença.
Tratamento
Grande parte da população convive com dores de cabeça tensionais, automedicando-se com analgésicos que suspendem a dor temporariamente e administrando-a sem procurar atendimento médico.
Na nossa cultura, a dor de cabeça é frequentemente banalizada pela mídia, fazendo a população acreditar que não se trata de um problema que exige cuidado profissional; entretanto, durante uma crise de dor de cabeça, o correto é evitar a automedicação e consultar um médico.
O tratamento mais comum da cefaleia tensional é a medicação, sempre com prescrição médica. O tipo de medicamento, dosagem e duração do tratamento variam de pessoa para pessoa; por isso, é essencial seguir adequadamente a orientação médica.
A maioria das crises é resolvidas com baixas doses de analgésicos comuns ( Paracetamol, Dipirona e AINEs)
Medicamentos preventivos, como antidepressivos, anticonvulsivantes e relaxantes musculares, também são prescritos em alguns casos de cefaleia tensional, com intuito de diminuir a frequência e intensidade das crises.
Além da medicação, existem tratamentos alternativos para diminuir a cefaleia tensional, como acupuntura, terapias comportamentais e massagem. Compressas quentes ou frias são eficazes no alivio da dor durante as crises. Orientar o sono regular, atividade física leve, evitar ingestão de bebidas alcoólicas.
Lembre-se: sentir dor de cabeça não é normal. É importante marcar uma consulta com o médico neurologista de sua confiança, que será capaz de investigar as causas da manifestação de dor na cabeça, diagnosticar o problema e indicar o tratamento adequado ao paciente.
Referências
- SPECIALI, J. G.; KOWACS. F., JURNO, M. E.,BRUSCKY, I.S., DE CARVALHO, J.J.F., et. al. Protocolo Nacional para diagnóstico e manejo das cefaleias nas Unidades de Urgência no Brasil. 2018