Número de profissionais treinados no HRS subiu de 20 para 269; ampliação está entre os principais critérios da iniciativa Hospital Amigo da Criança
Agência Brasília* I Edição: Débora Cronemberger
Responsável pelo curso teórico e incentivadora da ação, a obstetra da Secretaria de Saúde (SES) Paula Nogueira celebra o envolvimento dos profissionais: “Nosso objetivo é, principalmente, diminuir a mortalidade até o primeiro ano de vida”.
O leite materno – alimento que deve ser de consumo exclusivo até os seis meses – reduz em 13% a mortalidade até os 5 anos, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Há ainda outros benefícios, como diminuir o risco de diabetes, hipertensão, hipercolesterolemia e obesidade na vida adulta.
Crianças nascidas em hospitais com o credenciamento, explica Paula, têm mais chances de ser amamentadas no primeiro ano de vida. Iniciativas que favoreçam o aleitamento materno estão entre os principais critérios para ter a certificação como a HAC.
A coordenadora da Iniciativa Hospital Amigo da Criança (Ihac) no HRS e chefe do banco de leite da unidade, Josele Ferreira, conta que, além do curso e das práticas, foram adotadas rodas de conversa e atividades educativas com as mães internadas. “É uma experiência desafiadora, mas gratificante ver as pessoas se despertando para essa questão”, afirma.
Participaram das ações servidores e funcionários do bloco materno infantil do hospital. A ginecologista Jacqueline Silveira compartilha a experiência da capacitação: “Aprendi técnicas e manobras com execuções mais corretas. O que me motivou a participar é a consciência de que sempre temos algo a aprender e passar esse novo conhecimento às atendidas. O treinamento é essencial tanto para pacientes quanto para os profissionais”.
Também foram capacitados enfermeiros, técnicos de enfermagem, fisioterapeutas, nutricionistas, psicólogos, funcionários terceirizados como vigilantes, copeiras e pessoas que atuam na limpeza. “O objetivo é que todos possam dar informações e orientar sobre os serviços”, esclarece Josele.
Além dos cursos, o HRS retomou aulas práticas, novas rotinas e os procedimentos de contato pele a pele, durante o qual o recém-nascido é imediatamente colocado no colo da mãe após o parto, favorecendo o apego e a confiança do bebê.
No mesmo dia em que o filho Dante nasceu no HRS, Maria Beatriz de Sousa recebeu instruções dos profissionais do banco de leite sobre a amamentação. “Dá um alívio receber a orientação da equipe. Ter alguém que entende e pode ensinar, passa uma segurança. O suporte desses profissionais no pós-parto fez toda a diferença”, conta ela.
Os resultados do treinamento aparecem também no atendimento à família da pedagoga Lívia Tavares, que buscou auxílio no banco de leite do HRS por indicação de uma amiga. Ela e seu filho Lucas, nascido em março deste ano, receberam assistência pediátrica, de nutricionistas e de enfermeiros para melhorar o aleitamento materno e o ganho de peso do bebê. “Eles elevam muito a nossa confiança. Trabalham demais a parte emocional, e dão dicas da pega correta, de como aumentar a produção de leite. Desde a primeira vez, foram educados e prestativos”, elogia.
Hospital Amigo da Criança
Criada em 1991 pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), a Ihac tem o objetivo de promover, proteger e apoiar a amamentação nas maternidades.
O Ministério da Saúde incorporou a ação como prioritária em 1992. De acordo com o órgão federal, há mais de 20 mil hospitais com a certificação Amigo da Criança no mundo – entre esses, pelo menos 340 no Brasil. Adotar medidas em prol do aleitamento materno e capacitar equipes de saúde estão entre os critérios para credenciamento.
*Com informações da Secretaria de Saúde