A porta de entrada é a atenção primária, atendimento oferecido nas 176 unidades básicas de saúde (UBSs) em todo o DF
Catarina Loiola e Jak Spies, da Agência Brasília | Edição: Vinicius Nader
A porta de entrada é a atenção primária, com o acompanhamento longitudinal e integral do indivíduo e encaminhamento aos demais setores, caso necessário. O atendimento é realizado nas unidades básicas de saúde (UBSs), pela equipe de Estratégia Saúde da Família (eSF), com apoio dos Núcleos Ampliados de Saúde da Família (Nasf). Atualmente, existem 176 UBSs em todo o DF – descubra aqui onde fica a mais próxima da sua residência.
“Os pacientes vão para outros níveis de atenção conforme os critérios clínicos específicos para cada caso, mas continuam sendo atendidos pelo nível primário”, explica Angela Maria Sacramento, gerente de Apoio à Saúde da Família, responsável pela área técnica da Saúde do Idoso na Atenção Primária. “A equipe de cada UBS pensa em estratégias de acompanhamento para cada paciente, pensando na melhora da qualidade de vida e que aquele indivíduo com mais de 60 anos consiga ter independência e autonomia”.
Na atenção secundária, há ambulatórios médicos, com assistência de geriatras, neurologistas, endocrinologistas, cardiologistas e outras especialidades; ambulatórios de reabilitação, em que os pacientes têm acesso a terapia ocupacional, fisioterapia, fonoaudiologia e psicologia; e 11 ambulatórios de geriatria e gerontologia e cuidados paliativos, que oferecem equipe interdisciplinar especializada no cuidado do idoso frágil.
No nível hospitalar, o atendimento é feito nos hospitais regionais e de referência, nos centros especializados em reabilitação (CER), localizados em Taguatinga, no Hospital de Apoio de Brasília (HAB) e Centro Educacional da Audição e Linguagem Ludovico Pavoni (CEAL-LP); e nos 15 ambulatórios de saúde funcional localizados nas regiões de saúde. Há também a atenção domiciliar para os usuários com grande dependência.
Ações
Entre as atividades desenvolvidas nas UBSs, destacam-se os bate-papos sobre saúde mental, o circuito multifuncional de prevenção de quedas, a oficina de memória, o grupo de estimulação cognitiva, o grupo MobilizaDOR, o grupo de hábitos de vida saudável, o grupo contra tabagismo, além de diversas práticas integrativas em saúde. As atividades são oferecidas conforme as demandas da localidade em que a unidade está inserida.
As ações ocorrem em grupos para estimular as habilidades sociais dos idosos, tendo em vista que a grande maioria costuma enfrentar a solidão e o afastamento de familiares. “Estudos mostram que a interação social de um idoso com outro idoso é um fator benéfico para a saúde mental e um fator protetor de declínios cognitivos”, explica Sacramento.
As UBSs oferecem práticas variadas, conforme as demandas de cada região. Existem oficinas de acupuntura, automassagem, fitoterapia, lian gong, meditação, terapia comunitária integrativa, técnica de redução de estresse, tai chi chuan e reiki. As atividades podem ser feitas por outras faixas etárias, conforme indicação da equipe de eSF, e têm foco na prevenção das doenças e na promoção da saúde.
Envelhecimento saudável
O contato com pessoas da mesma faixa etária foi um divisor de águas na vida de Lúcia Helena de Seixas Ivo, 63 anos. A aposentada faz aulas de alongamento e sente que a prática reduziu incômodos no corpo. “A gente, depois dos 60, sempre tem dores. Aqui é bom, porque os exercícios são voltados para a idade e tenho muitas amigas, uma vai incentivando a outra”, afirma.
Coordenadora do circuito multissensorial de prevenção de quedas no Areal, a fisioterapeuta Núbia Passos Falco ressalta o apoio entre os participantes. “Quando eles veem que estão entre pessoas da mesma faixa etária, pensam: ‘Posso ser saudável no meu ritmo’. Às vezes seu cérebro pensa rápido, mas seu corpo não acompanha. Envelhecer não é fácil. Mas eles podem envelhecer com saúde”, observa.
Outro frequentador do grupo é aposentado Eliel Lima Leal, 73, que, mesmo fazendo quimioterapia, acompanha a esposa no projeto. Ele participa dos exercícios de respiração e comemora melhora na qualidade do sono. “É um incentivo ver todo mundo se exercitando assim, sinal que a gente não pode parar”, acentua.
Já o aposentado Osmar Teixeira de Lima, 70, praticava karatê quando era mais novo e sempre trabalhou utilizando a força física. De acordo com ele, as atividades do projeto o ajudaram a se manter ativo, além de melhorar a qualidade do sono. “É uma beleza, porque não preciso continuar trabalhando depois dos 70, que era como me mantinha em movimento. Agora quero descansar e ainda sim me manter saudável”, observa.
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