Uso de metanferamina: conheça os sintomas provocados no cérebro, como é realizado o diagnóstico e seu tratamento

Por Raquel Luiza,


Efeitos da Metanfetamina no Cérebro

O que é ?

Uso de metanfetamina, vulgo ” ice” ou “speedy”.

 Anfetaminas, são drogas simpatomiméticas com propriedades estimulantes e euforizantes no sistema nervoso central cujos efeitos tóxicos adversos incluem delirium, hipertensão, convulsões e hipertermia (que pode provocar rabdomiólise e insuficiência renal). A intoxicação é manejada com cuidados de suporte, incluindo benzodiazepínicos IV (para agitação, hipertensão e convulsões) e técnicas de resfriamento (para hipertermia). Não existe uma síndrome de abstinência característica.

 

O fármaco original desta classe, a anfetamina, foi modificada com várias substituições do anel fenil, resultando em diversas variações, incluindo metanfetamina, metilenodioximetanfetamina (MDMA, ecstasy), metilenodioxietilanfetamina (MDEA) e numerosas outras.

Algumas anfetaminas, compreendendo dextroanfetamina, metanfetamina e o metilfenidato relacionado, são muito utilizadas clinicamente para tratar transtorno de deficit de atenção e hiperatividade, obesidade e narcolepsia, portanto, criando um suprimento sujeito ao desvio para uso ilícito. A metanfetamina é, com facilidade, manufaturada ilicitamente.

 

Em quem ocorre?

É mais comum em adolescentes e adultos jovens.

 

Como a metanfetamina funciona no cérebro?

A metanfetamina é uma substância psicoativa. Aumenta a atenção, concentração e desempenho, o que o torna atraente para muitas pessoas. O cansaço e a fome ficam em segundo plano, assim como as sensações de dor e medo. A autoconfiança, os sentimentos de felicidade e euforia aumentam.

Essas sensações são desencadeadas porque a efedrina contida na metanfetamina se liga às células nervosas do cérebro e estimula a liberação de “hormônios da felicidade”.

Fisiopatologia

As anfetaminas aumentam a liberação de catecolaminas, elevando os níveis intrassinápticos de noradrenalina, dopamina e serotonina. A intensa estimulação dos receptores alfa e beta e a excitação geral do sistema nervoso central resultantes explicam os efeitos “desejados” de aumento do estado de alerta, euforia e anorexia, assim como os efeitos adversos de delirium, hipertensão, hipertermia e convulsões.

Os efeitos das anfetaminas são semelhantes, variando em intensidade e duração dos efeitos psicoativos; MDMA e produtos relacionados possuem mais propriedades de melhorar o humor, talvez, por maior efeito na serotonina. As anfetaminas podem ser usadas por via oral como pílulas ou cápsulas, nasalmente por aspiração ou fumada, ou por injeção.

Efeitos crônicos

O uso repetido induz dependência. A tolerância se desenvolve lentamente, mas quantidades centenas de vezes maiores que a usada originalmente podem, às vezes, ser ingeridas ou injetadas. A tolerância a efeitos diferentes se desenvolve de maneira desigual. Taquicardia e estado de alerta diminuem, mas alucinações e delírios podem ocorrer.

Normalmente, as anfetaminas provocam disfunção erétil em homens, mas elevam o desejo sexual. O uso está associado às práticas sexuais de risco e os usuários têm risco maior de infecções sexualmente transmissíveis, incluindo infecção pelo HIV. Abusadores de anfetaminas estão sujeitos às lesões, pois a droga produz excitação e grandiosidade seguidas de fadiga e sonolência em excesso.

Pode ocorrer vasculite necrosante em múltiplos sistemas orgânicos.

O uso de certos inibidores de apetite relacionados com as anfetaminas (dexfenfluramina, fenfluramina, fentermina) foi associado à doença cardíaca valvular. A dexfenfluramina e a fenfluramina foram retiradas do mercado norte-americano em 1997. Produtos contendo fentermina-fenfluramina (Phen-fen) também foram retirados do mercado dos EUA, mas a fentermina isolada e em combinação com o topiramato está disponível como anorexígeno.

Quais são os sintomas que aparecem?

Os efeitos de uso incluem : taquicardia, dor torácica, palpitações, hipertensão, midríase, inapetência, paranoia, diarreia e febre.

As consequências físicas do uso de metanfetamina também são significativas. Os primeiros efeitos colaterais aparecem após o término da intoxicação e podem durar de vários dias a semanas:

  • tontura
  • suor intenso
  • taquicardia e pressão alta
  • Dor de cabeça
  • insônia
  • Dificuldade de concentração
  • exaustão severa
  • espasmos musculares e tremores

O consumo prolongado de metanfetamina pode levar a alterações e inflamações na pele, baixo peso, danos aos dentes, hemorragia cerebral, danos aos rins, danos às células nervosas do cérebro, aumento da suscetibilidade a infecções e aumento do risco de derrame.

Efeito do uso de anfetaminas

 

Como é realizado o diagnóstico?

Através da história clínica ou exame toxicológico.

 

  • Em geral, um diagnóstico clínico

  • Exames conforme necessário para excluir enfermidades sérias não relacionadas às drogas (p. ex., provocando alteração do estado mental)

O diagnóstico do uso de anfetamina costuma ser feito clinicamente, embora, quando a história do uso da droga e o diagnóstico não forem claros, são realizados exames conforme indicado para pacientes indiferenciados com alteração do estado mental, hiperpirexia ou convulsões. Dessa forma, a avaliação pode incluir TC, punção lombar e exames laboratoriais para identificar infecções e anormalidades metabólicas.

Anfetaminas geralmente fazem parte dos testes da triagem de drogas de rotina na urina, que são realizados a não ser que a história de ingestão seja clara; os níveis específicos da droga não são medidos. Testes de rastreio na urina por imunoensaio para anfetaminas podem produzir resultados falso-positivos e não detectar metanfetamina e metilfenidato.

Qual deve ser a conduta?

Suporte clínico e hidratação. Benzodiazepínicos.

 

Intoxicação ou superdosagem

Quando uma quantidade significativa de anfetaminas foi recentemente consumida por via oral (p. ex., < 1 ou 2 horas), pode-se administrar carvão ativado para limitar a absorção, ainda que esta intervenção não tenha demonstrado reduzir a morbidade ou a mortalidade. A acidificação da urina aumenta a excreção de anfetaminas, mas não reduz a intoxicação e pode piorar a precipitação de mioglobina nos túbulos renais e, portanto, não é recomendada.

Benzodiazepínicos são o tratamento inicial preferencial para excitação do sistema nervoso central, convulsões, taquicardia e hipertensão. Pode-se utilizar lorazepam 2 a 3 mg Intra-Venoso (IV) a cada 5 minutos titulado até alcançar o efeito. Doses altas ou infusão contínua podem ser necessárias. Propofol, com ventilação mecânica, pode ser necessário para a agitação grave. Cetamina 4 mg/kg IM ou 2 mg/kg IV pode ajudar na agitação grave. Hipertensão que não responda bem aos benzodiazepínicos é tratada com nitratos (ocasionalmente nitroprussiato) ou outros anti-hipertensivos conforme necessário, dependendo da gravidade da hipertensão. Betabloqueadores (p. ex., metoprolol 2 a 5 mg IV) podem ser utilizados para arritmias ventriculares graves ou taquicardia.

A hipertermia pode ser fatal e deve ser manejada agressivamente com sedação mais resfriamento por evaporação, pacotes de gelo e manutenção do volume intravascular e do fluxo de urina com soro fisiológico normal IV.

As fenotiazinas diminuem o limiar convulsivo e seus efeitos anticolinérgicos podem interferir no resfriamento; assim, não são preferidas para sedação.

Conseguindo ajuda

A metanfetamina pode ser altamente viciante. Quando as pessoas param de tomá-lo, os sintomas de abstinência podem incluir ansiedade, fadiga, depressão, psicose e desejo intenso pela droga.

Atualmente, não há medicamentos aprovados para o tratamento da dependência de metanfetamina, mas as terapias comportamentais podem ser eficazes.

Se você conhece alguém que está usando metanfetamina, entender como isso os faz sentir pode ajudá-lo a abordá-los e comunicá-los sobre como obter ajuda.

As pessoas que usam geralmente relutam em parar de usá-la – mesmo quando sabem que não é bom para elas. As pessoas que desenvolvem dependência física da droga podem experimentar efeitos de abstinência graves se tentarem parar, exigindo suporte adicional para se abster do uso.

 

Referência

  • BAKER, G., JACKSON,M., VYDIANATH, S. et. al. A patient with an acute confusional state. BMJ case reports.2010.

 

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