Diagnósticos precoces são a principal arma contra a doença, que é silenciosa e assintomática
Jak Spies, da Agência Brasília I Edição: Débora Cronemberger
Estima-se que, atualmente, cerca de 1,5 milhão de pessoas tenham a doença no país, segundo a Sociedade Brasileira de Glaucoma (SBG). De acordo com a Organização Mundial da Saúde, mais da metade dos casos de cegueira poderiam ser evitados e tratados, se diagnosticados precocemente. Referência técnica distrital (RTD) de oftalmologia, Núbia Vanessa Lima explica que a única prevenção são os exames oftalmológicos anuais.
“É uma doença que começa de fora para dentro, então não existem sintomas. Por ser uma doença silenciosa, ela vai acometendo o nervo óptico. Quando o paciente decide procurar um médico, geralmente o caso já está muito avançado”, afirma.
Segundo a especialista, é importante que todo paciente que está no grupo de risco procure um médico oftalmologista e realize um exame para detectar possíveis sinais da doença, fazendo o diagnóstico inicial. O grupo de risco engloba pacientes que tenham histórico familiar com a doença, pessoas acima de 60 anos, diabéticos, pacientes com alta miopia e pessoas negras.
Alguns tipos de glaucoma apresentam sintomas apenas quando a pressão chega em níveis muito altos, sendo que o normal é entre 10-21mmHg. O paciente em casos avançados pode sentir dor no olhos, vermelhidão e a própria perda de visão, dano que é irreversível.
Luiz Carlos Silva Miranda tem 77 anos e trata o glaucoma há 15. Ele descobriu a doença em um dos exames médicos de rotina e, desde então, precisa acompanhar a pressão ocular com exames a cada seis meses, além do tratamento medicamentoso com colírio específico.
“Em um dos exames descobri que a pressão (intraocular) estava alta. Já senti o olho endurecer. É importante sempre procurar um médico, não descuidar, usar o colírio direitinho e acompanhar no intervalo certinho; com isso, não tenho problemas, vivo a vida normalmente”, destaca o aposentado.
De acordo com o oftalmologista Marco Ferraz, o glaucoma crônico simples é o mais comum entre a população. Em cada etnia existe um tipo de glaucoma que a predisposição é maior, além do risco de ter a doença aumentar de acordo com a proximidade do parentesco ou de acordo com o avanço da idade. O especialista acrescenta, ainda, que o exame aos 40 anos é fundamental.
Apesar de ser uma doença que não tem cura, existe o controle com o uso correto das medicações e tratamentos cirúrgicos a laser pelo SUS, de acordo com a indicação do oftalmologista.
Segundo a Secretaria de Saúde, a porta de entrada para o tratamento do glaucoma é a Unidade Básica de Saúde (UBS) de referência. Em caso de necessidade, a pessoa é encaminhada para consulta com especialista.
Para os pacientes que já possuem a doença, a rede pública de saúde do Distrito Federal disponibiliza medicamentos no Núcleo de Farmácia do Componente Especializado, com unidades no Gama, em Ceilândia e na Asa Sul. Os fármacos normalizam a pressão intraocular e impedem o avanço da doença. Para obtê-los, o paciente deve preencher formulários e entregar os exames.
Os hospitais regionais de Taguatinga (HRT) e da Asa Norte (Hran), além do Hospital de Base, oferecem atendimentos em oftalmologia.
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