Por Raquel Luiza,
A toxoplasmose é uma infecção causada pelo parasita Toxoplasma gondii, um protozoário unicelular. A infecção ocorre quando as pessoas ingerem, sem saber, cistos de Toxoplasma provenientes de fezes de gatos ou comem carne contaminada. Geralmente, a infecção não provoca sintomas, mas algumas pessoas apresentam linfonodos inchados, febre, uma vaga sensação de mal-estar e às vezes dor de garganta ou visão embaçada e dor nos olhos. Nas pessoas com o sistema imunológico debilitado por AIDS ou outra doença, a toxoplasmose pode ser reativada, afetando geralmente o cérebro. Uma infecção reativada pode causar fraqueza, confusão, convulsões ou coma ou disseminar-se por todo o corpo. Bebês infectados antes do nascimento (chamado infecção congênita) podem apresentar defeitos congênitos, perda de visão, convulsões, incapacidade intelectual ou outras anormalidades.
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As pessoas adquirem a infecção ao levar à boca ovos de parasita de um objeto contaminado com fezes de gato infectadas ou ao ingerir alimentos contaminados.
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A maioria das infecções causa poucos ou nenhum sintoma.
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Mulheres que se infectam durante a gravidez podem transmitir o parasita ao feto, por vezes causando um aborto espontâneo, natimorto ou problemas sérios no bebê.
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Normalmente, somente pessoas com o sistema imunológico enfraquecido manifestam sintomas graves, em geral resultantes de inflamação do cérebro (encefalite), a qual pode causar fraqueza em um lado do corpo, confusão ou coma.
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Menos frequentemente, outros órgãos são afetados em pessoas com o sistema imunológico enfraquecido.
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Os médicos geralmente fazem o diagnóstico da infecção através de um exame de sangue que detecte anticorpos contra o parasita.
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Cozinhar carne por completo ou congelá-la e lavar as mãos cuidadosamente após manusear carne crua, terra ou caixa de gato ajudam a prevenir a propagação da infecção.
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A maioria das pessoas saudáveis com toxoplasmose não necessita de tratamento, mas os adultos com envolvimento ocular, sintomas graves ou persistentes, ou sistemas imunológicos enfraquecidos, e mulheres grávidas e recém-nascidos com infecção congênita são tratados.
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As pessoas com AIDS ou outros quadros clínicos que enfraquecem o sistema imunológico são tratadas até que a doença esteja sob controle e são, então, colocadas em terapia preventiva até que sua deficiência imunológica seja revertida por terapia antirretroviral (para aquelas com AIDS) ou outras medidas
A Toxoplasma gondii está presente em todo o mundo onde há gatos. O parasita infecta um grande número de animais assim como pessoas. Muitas pessoas são infectadas nos Estados Unidos, embora poucas desenvolvam os sintomas. A infecção grave geralmente se desenvolve apenas em fetos e nas pessoas com um distúrbio que enfraqueça o sistema imunológico (como a AIDS ou câncer), ou em quem utiliza medicamentos que suprimem o sistema imunológico (imunossupressores), principalmente aqueles usados para suprimir a rejeição a um transplante de órgão.
Ciclo de vida do Toxoplasma gondii
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Os ovos de Toxoplasma são eliminados nas fezes de gato. Muitos ovos são eliminados, mas geralmente durante apenas uma a duas semanas. Depois de um a cinco dias no ambiente, os ovos conseguem causar infecção.
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Os gatos podem ser reinfectados ao consumir alimentos ou outros materiais contaminados com os ovos.
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Outros animais (como pássaros silvestres, roedores, veados, porcos e ovelhas) podem consumir os ovos em solo, água, material de plantas ou areia para gatos contaminada e contrair a infecção.
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Pouco depois que os ovos forem consumidos, esses ovos liberam formas do parasita que podem se mover (chamados taquizoítos).
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Os taquizoítos se disseminam pelo corpo do animal e formam cistos no tecido nervoso e muscular.
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Os gatos são infectados depois de comer animais que contêm esses cistos.
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As pessoas podem ser infectadas ao comer carne mal cozida contendo esses cistos.
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As pessoas também podem infectar-se se ingerirem alimentos, água ou outros materiais (como solo) contaminados com fezes de gato ou tocar em areia para gatos domésticos e depois levar a mão à boca.
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Em casos raros, as pessoas são infectadas ao fazerem uma transfusão de sangue ou transplante de órgão que contenha o parasita.
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Em casos raros, a infecção é transmitida da mãe para o feto.
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Nas pessoas, os parasitas formam cistos em tecidos, geralmente no músculo e no coração, cérebro e olhos. Os cistos podem permanecer na pessoa pelo resto da vida sem causar sintomas. Eles podem se tornar ativos e causar sintomas se o sistema imunológico da pessoa estiver enfraquecido por um distúrbio ou medicamento.
Como é a transmissão da Toxoplasmose?
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Ingestão de alimentos, água ou outros materiais (como terra) que estejam contaminados com fezes de gato contendo ovos de Toxoplasma
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Ingestão de carne que contenha cistos de Toxoplasma
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Transmissão de uma mãe recém-infectada para um feto
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Em casos raros, fazer uma transfusão de sangue ou transplante de órgão que contenha o parasita
As pessoas podem engolir ovos de Toxoplasma após tocarem em areia para gatos, solo ou outros objetos contaminados e depois levarem as mãos à boca ou manusearem e ingerirem alimentos sem lavar as mãos. As pessoas podem engolir cistos ao comer carne crua ou mal cozida (geralmente porco ou cordeiro) de animais infectados.
Raramente, o parasita é transmitido pelas transfusões de sangue ou por órgão transplantado de uma pessoa infectada.
Toxoplasmose durante a gravidez
Uma mulher que contrai a infecção durante a gravidez pode transmitir Toxoplasma gondii ao feto pela placenta. A infecção é mais grave se o feto for infectado no início da gravidez. O resultado pode ser crescimento lento do feto, nascimento prematuro, aborto, bebê natimorto ou nascido com defeitos congênitos. A toxoplasmose congênita pode causar problemas de visão, convulsões e incapacidade intelectual em uma fase posterior da vida.
Uma mulher que tenha sido infectada antes da gravidez não transmite o parasita para o feto, a menos que seu sistema imunológico esteja debilitado (por exemplo, por infecção por HIV), reativando sua infecção.
Toxoplasmose em pessoas com sistema imunológico enfraquecido
Pessoas com o sistema imunológico enfraquecido, em particular as que têm AIDS ou câncer, ou as que tomam medicamentos para suprimir a rejeição de um transplante de órgão, correm particularmente o risco de toxoplasmose. Se elas tiverem sido infectadas no passado, desenvolvendo um distúrbio que debilite o sistema imunológico ou tomando um medicamento que suprima o sistema imunológico (imunossupressores), isso pode causar a reativação da infecção.
Uma infecção reativada tem mais probabilidade de ocorrer no cérebro, mas pode afetar os olhos ou espalhar-se por todo o corpo (disseminar-se).
Em pessoas com o sistema imunológico enfraquecido, a toxoplasmose é muito séria, podendo ser fatal se não for tratada.
O que é a Neurotoxoplasmose ?
Infecção do sistema nervoso central pelo Toxoplasma gondii, um parasita protozoário. Toxoplasmose também pode se manifestar como Síndrome Mono- Like ( mais comum), e em imunocomprometidos como pneumonite, corioretinite e de forma disseminada, além da encefalite.
Em quem ocorre?
Toxoplasmose é geralmente assintomática em imunocompetentes. Neurotoxoplasmose ocorre em pacientes com HIV/ SIDA, com ativação da doença ocorrendo quando CD4< 100/ mm³.
Quais sintomas aparecem?
A encefalite cursa com uma tríade clássica ( mas nem sempre totalmente presente) de: cefaleia, confusão mental e febre. Pode ocorrer déficit focal e evoluir com hipertensão intracraniana.
Como é realizado o diagnóstico?
O diagnóstico presuntivo pode ser feito se a clínica é compatível, CD4 <100/mm³, e Tomografia e ressonência magnética do crânio com lesões captantes de contraste em anel ou sorologia positiva para T. gondii.
Qual deve ser a conduta de tratamento?
Regime de escolha : Sulfadiazina ( 1000-1500 mg, 4x/dia) + Pirimetamina ( 200mg inicial, depois 50-75 mg/dia)+ Ácido Folínico ( 10-25 mg/dia).
Se efeito de massa ou edema cerebral importante, considerar corticoide sisntêmico ( Dexametasona, 4mg a cada 6 jhoras).
Referência
PTAK, R., GUTBROD, K., & SCHINIDER, A., ( 1998). Association Learning in the acute confusional state. Journal of Neurology, Neurosurgery & Psychiatry , 65( 3), 390 -392. 1998.