Por Raquel Luiza,
NEUROSSÍFILIS
O que é?
A neurossífilis é uma complicação da sífilis, uma infecção sexualmente transmissível (IST). A condição é causada pela invasão da bactéria Treponema pallidum, ou T. pallidum, no sistema nervoso central (SNC).
Cerca de 12 milhões de novos casos são registrados anualmente, principalmente em países em desenvolvimento. Recentemente, foi encontrada a presença de NSC em cerca de 74% dos(as) pacientes acometidos(as) por sífilis.
Quando em contato com o SNC, a bactéria pode causar diversos quadros clínicos de neurossífilis congênita (NSC), como paralisia geral progressiva.
Para saber mais sobre o neurossífilis, o que causa, sintomas e tratamento, continue acompanhando o artigo!
Em quem ocorre?
Qualquer indíviduo. Não espere história prévia de infecção sifílica ou quadros clássicos.
O que causa neurossífilis?
A neurossífilis é causada pela bactéria Treponema pallidum, também conhecida como T. pallidum, um microorganismo em forma de filamentos e espirais denominado espiroqueta. Para sobreviver, a bactéria precisa de um hospedeiro, que no caso é o corpo humano.
Transmissão
A sífilis é transmitida sexualmente quando não se utiliza preservativo e pela pele e mucosas contaminadas, como a boca, o intestino e a bexiga.
Quais são os sintomas?
A encefalite causa classicamente cefaléia, náuses, vômitos, rigidez na nuca e alterações neurológicas ( eg, déficit focal e confusão). Pode cursar com hipertensão intracraniana. A neurossífilis também pode se manifestar como Tabes Dorsalis ( uma lenta degeneração de neurônios que carregam informação sensorial para o cérebro).
Os sintomas da neurossífilis são classificados de acordo com cada tipo da doença, sendo eles:
Neurossífilis assintomática
A neurossífilis assintomática, não apresenta sintomas, porém, cerca de 15% dos casos de meningite correspondem ao diagnóstico de sífilis. Cerca de 5% dos casos dessa condição, quando não tratados, evoluem para a forma sintomática.
Neurossífilis meningovascular
É possível identificar inflamação das artérias do cérebro ou da medula espinhal. A aparição dos sintomas geralmente ocorre de 5 a 10 anos após da infecção. Os principais sintomas são:
- Dor de cabeça;
- Nuca rígida;
- Tontura;
- Alteração comportamental, como a irritabilidade;
- Dificuldade de concentração;
- Prejuízos na memória;
- Cansaço;
- Dificuldade para dormir.
Em casos em que a medula espinhal está comprometida, é possível observar os seguintes sintomas:
- Fraqueza;
- Paraplegia espástica progressiva;
- Incontinência urinária ou fecal.
Neurossífilis parenquimatosa
Chamada de paresia geral ou demência paralítica, esse tipo da doença se desenvolve de 15 a 20 anos após a infecção, geralmente antes dos 40 e 50 anos do paciente. Nesse caso, as seguintes alterações são notadas:
- Irritabilidade;
- Dificuldade de concentração;
- Problemas na memória;
- Dor de cabeça;
- Dificuldade para dormir;
- Cansaço;
- Convulsões;
- Dificuldade na compreensão e falar;
- Paralisia em um dos lados do corpo (hemiparesia);
- Tremores da boca e língua;
- Anormalidades na pupila.
Tabes dorsal
Chamada de ataxia locomotora, esse tipo se desenvolve de 20 a 30 anos após a infecção inicial, sendo seus principais sintomas:
- Pontada no dorso;
- Pontadas ou fisgadas nas pernas;
- Perda da sensibilidade;
- Ataxia de marcha;
- Hiperestesia e parestesia;
- Perda da sensibilidade da bexiga;
- Infecções recorrentes;
- Pupilas que se ajustam, mas não respondem à luz;
- Crises viscerais.
Demência e neurossífilis: qual a relação?
Como essa condição afeta o sistema nervoso central (SNC), as pessoas podem desenvolver sintomas semelhantes à demência, tais como problemas de memória, comportamento irritável e dificuldades com a linguagem.
Como é realizado o diagnóstico?
Detecção direta do Treponema por microscopia em campo escuro ou imunoflurescência, ou sorologia com bases nos testes treponêmicos ( VDRL E RPR) e não treponêmicos ( FTA-ABS e TPHA), associado à análise do líquor evidenciando -< 20 leucócitos/ microL ( praticamente só linfócitos), e / ou VDRL do líquor positivo.
Neurossífilis tem cura?
Sim, a sífilis e a neurosífilis tem cura. Quando feito a tempo, o tratamento é prolongado e exige o uso de medicamentos antibióticos.
Qual deve ser a conduta de tratamento?
Tratamentos: Penicilina G cristalina ( 4 milhões UI/dia, IV, de 4/4h, durante 10 – 14 dias). Se alergia, Ceftriaxona ( 2g/dia, IV ou IM, por 10 -14 dias) ou Doxaciclina ( 200 mg 2x/dia por 21-28 dias).
Complicações e sequelas
Quanto mais tardio for o tratamento, maiores serão as sequelas cognitivas e comportamentais. Mesmo que seja um quadro de demência reversível, o(a) paciente pode não conseguir recuperar todas as funções. Algumas das complicações e sequelas possíveis incluem:
- Demência;
- Paralisia;
- Problemas de visão;
- Problemas de audição;
- Meningite;
- Convulsões;
- Problemas cardíacos.
É importante lembrar que, com o tratamento adequado, muitas dessas complicações e sequelas podem ser evitadas ou minimizadas. Portanto, é fundamental procurar atendimento médico assim que os sintomas da neurossífilis forem identificados.
Como prevenir neurossífilis?
A prevenção da neurossífilis e outras infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) inclui medidas, como o uso correto de preservativos em todas as relações sexuais, a realização de exames de rotina para detecção de ISTs, o tratamento adequado e o acompanhamento médico regular.
Além disso, é importante evitar o compartilhamento de objetos pessoais que possam ter entrado em contato com líquidos corporais.
E por fim, mas não menos importante, a educação sexual e o diálogo aberto e honesto com os parceiros(as) também são fundamentais para a prevenção de ISTs.
Sim, a neurossífilis é uma complicação tardia da sífilis que pode afetar o sistema nervoso central (SNC) e causar diversos danos cognitivos e comportamentais.
Se você ou alguém que você conhece apresenta esses sinais, procure ajuda médica!
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Referências
- Sífilis — Msd Manuals;
- PTAK. R., GUTBROD, K. & SCHNIDER, A. ( 1998). Association learning in the acute confusional state. Journal of neurology, Neurosurgery & Psychiatry, 65 (3), 390-392. 1998.
- Neurossífilis: Uma Breve Revisão — Revistas Ufg;
- Neurossífilis: Uma Infeção Reemergente — Proquest;
- Neurossífiliscongênita: Ainda um Grave Problema de Saúde Pública — Brazilian Journal Of Sexually Transmitted Diseases;
- Espiroqueta — Dicio, Dicionário Online de Português;
- Esquema Terapêutico Para Sífilis e Controle de Cura — Ministério da Saúde.