Intoxicação por Opioides: Conhecas os sinais e sintomas e qual deve ser a conduta

Por RAQUEL LUIZA,


Rotação de opioides: como e quando fazer? - PEBMED

A intoxicação por opióides ocorre quando há uso elevado de uma substância dessa classe, excedendo a dose pertencente à janela terapêutica medicamentosa, causando efeitos tóxicos no organismo. Essa intoxicação pode advir de sobredosagem acidental, agonismo farmacêutico, interação medicamentosa ou abuso de alguma substância da classe opioide.

O que é?

Intoxicação por substâncias derivadas da papoula ( eg, Morfina, Tramadol, Fentanil , Heróina).

 

Mecanismo de ação opióides

A maioria dos opioides age pelo mesmo mecanismo de ação, a única exceção é o Tramadol (descrito logo adiante no texto).

Esse mecanismo consiste, basicamente, na ativação de receptores localizados no Sistema Nervoso Central (SNC): Mu – principal responsável pela ação analgésica -, Kappa e Delta. Esses receptores são acoplados à proteína G inibitória, que irá inibir a enzima adenilato ciclase e, por consequência, diminuirá a quantidade intracelular disponível de  3′,5′-monofosfato cíclico (AMPc). A redução do AMPc será a responsável por afetar significativamente a função celular do neurônio, pois causará abertura de canais de potássio, o que, por sua vez, irá hiperpolarizar os neurônios, deixando-os “inativos”. O efeito disso é a redução de sinapses e é isso o que paralisa a passagem de informações referente à dor.

Ressalta-se, ainda, que os opioides atuam em várias funções fisiológicas, como na modulação do Trato Gastrointestinal (TGI), no sistema endócrino e  na  aprendizagem  e  memória.  Os fármacos derivados do ópio atuam  também no  sistema  de  recompensa  do  SNC, causando  euforia;  uma vez que  liberam  dopamina  no  núcleo  accumbens,  inibindo  a  secreção  de  ácido  gama-aminobutílico (GABA) pelos neurônios da área tegmentar ventral.

 

Em que ocorre?

Ocorre em usuários adictos à classe, como droga recreacional, e em portadores de dores crônicas que fazem uso das substâncias.

 

Efeitos adversos

Quando se fala de opioides, os principais efeitos adversos que logo vem à mente são: Euforia, depressão respiratória e constipação. Tais efeitos adversos são responsáveis pela resistência a sua prescrição e, além destes já citados, ainda podemos citar: A Hiperalgesia Induzida por Opioides (HIO), que ocorre principalmente na dor crônica não maligna, e a tolerância medicamentosa, que pode resultar em dependência física e abstinência.

 

Quais sintomas apresentam?

Os sinais clássicos são: desorientação e letargia, bradipneia ( < 12 ipm), hipovolemia, ruídos hidroáreos diminuidos ( obstipação), e pupilas mióticas. O quadro varia de acordo com a droga usada, podendo apresentar convulsões e coma.

Os efeitos agudos da intoxicação são euforia, retenção urinária, náuseas, êmese, constipação intestinal, hipotensão, broncoconstrição, bradicardia, rebaixamento de consciência e miose. Pode haver prolongamento de intervalo QT em eletrocardiograma. Em caso de intoxicação por morfina, pode-se observar também rubor e prurido.

O efeito tóxico de maior relevância é a redução da frequência respiratória, que costuma progredir para depressão respiratória grave/apneia, podendo resultar em morte por hipóxia. Já os efeitos a longo prazo são mínimos, mas alguns pacientes podem apresentar constipação intestinal crônica, sudorese excessiva, edemas, sonolência e redução da libido (é importante, em caso de drogas injetáveis ilícitas, atentar-se para infecções relacionadas ao uso inadequado e/ou compartilhado de agulhas).

 

Como é realizado o diagnóstico?

Clínica e epidemiologia + teste do edrofônio positivo ( inibidor da acetilcolinesterase de ação curta que melhora os sintomas) + dosagem de autoanticorpos ( anti-receptor da acetilcolina e/ ou anti-cinase músculo específica) + eletroneuromiografia com redução do potencial de ação à estimulação repetitiva ( padrão decremental).

 

Tratamento

Quando o paciente atendido demonstra os sinais e sintomas citados anteriormente, o médico deve ter como prioridade sua estabilização; ou seja, estabelecer oxigenação adequada, suporte ventilatório e manutenção dos sinais vitais. Após esse atendimento inicial, é de extrema importância verificar tamanho e fotorreatividade das pupilas, fazer a ausculta pulmonar (sugestivo para congestão) e solicitar dosagem sérica de acetaminofeno.

Suporte clínico, principalmente respiratório, hidratação e Naloxona ( dose inicial de 0, 04 – 0,005 mg. A administração de Naloxona e aumento da dose deve ser guiada pela ventilação do paciente.

Doses exageradas podem levar a sintomas da síndrome da abstinência.

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