Disponível no site da Secretaria de Desenvolvimento Social, obra traz depoimentos sobre quatro sentimentos: medo, nojo, raiva, alegria e tristeza
Agência Brasília* I Edição: Débora Cronemberger
“O objetivo do livro é incentivar a criança a refletir sobre as emoções que sentem cotidianamente e a entender que o outro também tem emoções que precisam ser, igualmente, acolhidas para uma convivência respeitosa”, explica a chefe do Cecon Gama Sul, Flávia Mendes. “A criança, entendendo o que sente, vai saber comunicar melhor, fica mais fácil de resolver aquela questão, de se comunicar de forma não violenta. Essa violência fragiliza qualquer vínculo, não só entre o público da assistência social”, complementa a educadora.
“Fiquei impressionada de ele conseguir demonstrar o sentimento e desenhar isso. Eu tenho seis filhos, os meninos já fizeram esses desenhos, e só hoje eu compreendo o sentimento deles na época, por meio dos desenhos”Keila Costa Néris, mãe de Disraily, um dos autores do e-book
“Agora, estou observando melhor. Estou mais atenta a seus sentimentos. Meu filho fala: ‘mãe, não grita, que eu fico triste’. Agora estou prestando mais atenção nisso”, conta a dona de casa Keila Costa Néris, de 34 anos, mãe do pequeno Disraily, de 8, um dos autores do e-book. “Foi bem interessante. Parece um trabalho simples, mas, para mim, não foi. Foi graças a esse trabalho que pude aprender a lidar com ele em relação aos sentimentos, me aproximar dele”, aponta a moradora do Gama.
Keila tem outros cinco filhos mais velhos. Todos frequentaram o Cecon. Disraily começou a ser atendido neste ano. “Uma vez, nosso cachorro fugiu e ele disse que, se perdesse o cachorro, ia ser como se alguém tivesse morrido. Não sabia que ele sentia isso. Fiquei emocionada com o livro, até levei para a escola dele para mostrar à professora”, relata. “Fiquei impressionada de ele conseguir demonstrar o sentimento e desenhar isso. Eu tenho seis filhos, os meninos já fizeram esses desenhos, e só hoje eu compreendo o sentimento deles na época, por meio dos desenhos.”
O e-book Emocionário: diga o que você sente faz parte de um dos percursos desenvolvidos na unidade socioassistencial para prevenir o risco social e fortalecer vínculos dos meninos e meninas com a família e a comunidade. Percurso é como são chamadas as atividades planejadas no âmbito do Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV).
“O tema foi escolhido a partir do reconhecimento das vulnerabilidades nas relações associadas à convivência familiar e comunitária. As principais vulnerabilidades do nosso público no que tange ao tema são conflitos familiares ocasionados por baixo acesso à renda, que causam estresse, dificuldade relacionadas à comunicação, na resolução de conflitos, de se sentir escutado e valorizado, de colocar e seguir as regras necessárias ao bom relacionamento familiar”, pontua Flávia Mendes.
Centros de Convivência
Gerenciado pela Secretaria de Desenvolvimento Social (Sedes), o Cecon Gama Sul atende pessoas em vulnerabilidade social. No total, são 44 crianças e adolescentes com idade entre 6 e 17 anos, além de 60 pessoas idosas, com 60 anos ou mais.
O serviço ofertado nos centros de convivência é organizado em grupos, por faixa etária, com o objetivo de garantir o desenvolvimento das atividades de acordo com as necessidades de cada fase de vida, podendo abranger grupos formados por pessoas de diferentes idades, permitindo a troca de experiências e conhecimentos. É uma forma de intervenção social planejada, buscando criar situações desafiadoras, estimular e orientar os indivíduos na construção e reconstrução de suas histórias e vivências individuais e coletivas, na família e no território.
“As atividades são planejadas de acordo com as necessidades de cada grupo, daquela comunidade do território. Por isso, as atividades não são iguais em todos os 16 Cecons. A unidade do Gama Sul trabalhou durante três meses o fortalecimento dos vínculos. Para crianças e adolescentes, isso é fundamental para trazer autonomia, autoconhecimento e autoestima, prevenindo o risco social”, destaca a secretária de Desenvolvimento Social, Ana Paula Marra.
*Com informações da Sedes