Por RAQUEL LUIZA,
O que é?
Erupção eczematosa persistente em áreas fotoexpostas. Parece possuir base imunológica.
Ceratoses ou queratoses actínicas são neoplasias benignas da pele com potencial de transformação para um tipo de câncer de pele (carcinoma de células escamosas ou carcinoma espinocelular). Desenvolvem-se nas áreas da pele expostas ao Sol, pois são induzidas principalmente pela radiação ultravioleta (UV) e constituem marcadores de exposição solar crônica. Como os efeitos da radiação UV são cumulativos, pessoas mais velhas são as mais suscetíveis a desenvolver ceratoses actínicas. Porém, em raros casos, podem acometer pessoas mais jovens que têm propensão a desenvolver ceratoses, como aquelas com um sistema imunológico enfraquecido por quimioterapia, AIDS, transplantes ou, ainda, exposição excessiva à radiação. Deste modo, acomete principalmente indivíduos adultos e idosos de pele mais clara, representando o quarto diagnóstico dermatológico mais comum no Brasil. Embora seja uma lesão pré-cancerígena, apenas 10% das delas evoluem para o carcinoma espinocelular. No entanto, entre 40% e 60% dos carcinomas começam por causa de ceratoses não tratadas. A presença de múltiplas ceratoses indica dano solar intenso, sendo mais provável evoluir para câncer da pele.
Em quem ocorre?
Homens mais velho, com exposição solar ocupacional significativa. Parece haver associação com dermatite atópica e infecção pelo HIV.
Quais os sintomas?
Manchas eczematosas em face, pescoço, mãos e áreas fotoexpostas + liquenificação, pápulas e placas. Com evolução da doença, o paciente pode apresentar lesões até mesmo em áreas não fotoexpostas, opdendo evoluir com eritrodermia.
A ceratose actínica, em geral, se apresenta como uma lesão avermelhada e áspera localizada frequentemente no rosto, nas orelhas, nos lábios, no dorso das mãos, no antebraço, nos ombros, no colo e no couro cabeludo de pessoas calvas ou em outras áreas do corpo expostas ao sol. As lesões geralmente são pequenas e podem ser múltiplas. Normalmente, são mais palpáveis que visíveis e podemos percebê-las passando suavemente as mãos nas áreas expostas ao sol e sentindo alguns pontos ásperos ao toque. Algumas são similares às verrugas e podem apresentar diferentes aspectos, dependendo da localização. É importante examinar a pele constantemente, e observar se existem lesões anormais, que mudem de tamanho, forma ou textura. Algumas delas podem ser como “lixas”, tamanha a aspereza, outras descamam ou formam uma crosta mais dura. Deve-se ficar atento, pois se houver sangramento, pode ser indício de que a lesão esteja se tornando maligna. A queilite actínica é outra forma de ceratose actínica. Ela se desenvolve nos lábios e também tem potencial para se transformar em carcinoma. Geralmente, indivíduos com queilite actínica perdem o limite do vermelhão dos lábios e têm o inferior mais esbranquiçado e seco que o superior.
Como é realizado o diagnóstico?
Diagnóstico é clínico: lesões associadas a fotoexposição em pacientes idosos. A biópsia de pele pode ajudar em casos duvidosos.
Como é o tratamento?
Baseado na proteção solar e recomendação de evitar fotoexposição. Corticoides tópicos, Tacrolimus e/ou emolientes podem ajudar, mas não há terapia especiífca.
Todos os casos de ceratose actínica devem ser tratados. Há medicamentos tópicos que podem eliminar a lesão. Eles podem ser combinados a outros tipos de terapias ou procedimentos quando necessário. Abaixo, algumas opções utilizadas na prática dermatológica:
- 5-Fluoracil (5-FU): tratamento tópico mais utilizado para a ceratose actínica, é eficaz também em lesões subclínicas (ainda não evidentes). Geralmente, as lesões ficam inflamadas durante seu uso, mas, normalmente, se curam em 2 a 4 semanas. Raramente deixa cicatrizes.
- Imiquimod em creme: age estimulando o sistema imune para produzir interferon, um agente químico que destrói além das lesões pré-cancerosas, alguns cânceres de pele superficiais. Apesar de ser bem tolerado, algumas pessoas podem apresentar vermelhidão, ulcerações e dor durante o tratamento. Tende a cicatrizar de forma espontânea, ou eventualmente com auxílio de outros medicamentos.
- Ingenol-mebutato em gel: mais recente dos tratamentos tópicos liberados no Brasil, é uma outra opção terapêutica que tem efeito citotóxico sobre as células neoplásicas. Tem a vantagem de serem necessárias poucas aplicações (2 a 3 dias de uso). Porém, assim como os supracitados, pode apresentar efeitos adversos locais.
- Diclofenaco com ácido hialurônico em gel: outra opção terapêutica, porém sem apresentação comercial no Brasil. É uma alternativa para as pessoas que são hipersensíveis aos tratamentos tópicos mais destrutivos. Geralmente, o tratamento tende a ser mais prolongado e com menos eficácia.
Prevenção
A proteção solar é a melhor estratégia para evitar a ceratose actínica. A Sociedade Brasileira de Dermatologia recomenda as seguintes medidas:
- Evitar a exposição solar e permanecer na sombra entre 10 e 15h (considerando o horário de verão quando necessário).
- Combinar medidas de fotoproteção como usar chapéus, camisetas, protetores solares e ficar à sombra.
- Utilizar um filtro solar que proteja contra radiação UVA e UVB e tenha um fator de proteção solar (FPS) 30, no mínimo. Reaplicar o produto a cada 2 horas ou após longos períodos de imersão na água. Ao utilizar o produto no dia a dia, aplicar uma boa quantidade pela manhã, pelo menos 15 minutos antes de sair e reaplicar durante o dia.
- Observar regularmente a própria pele, à procura de lesões suspeitas.
- Consultar um dermatologista uma vez ao ano para um exame completo, principalmente se tiver pele clara, história de exposição solar e história pessoal ou familiar de câncer de pele.