Por Raquel Luiza,
Doença inflamatória crônica de causa desconhecida, embora haja predisposição familiar. Ela evolui em surtos desencadeados por vários fatores, como mudanças sazonais, estresse, trauma ou certos medicamentos.
A psoríase é uma doença crónica de natureza inflamatória bastante frequente em todo o mundo. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), afeta 2 a 3% da população mundial. É tão comum nos homens como nas mulheres. Pode surgir em qualquer idade, mas geralmente tem início entre os 30 e os 70 anos, sendo mais frequente nos adultos. Ainda assim, crianças e bebés podem também ser afetados (psoríase infantil).
A psoríase não é apenas considerada uma doença da pele, mas uma patologia multissistémica. Para além da pele, pode também atingir as unhas e as articulações, e está associada a um risco aumentado de múltiplas comorbilidades, particularmente doença cardiovascular, diabetes e depressão.
Existem vários subtipos clínicos de psoríase. Na forma mais comum (psoríase crónica em placas), os doentes apresentam placas eritematosas (avermelhadas) na pele, bem demarcadas, com uma escama prateada por cima (ver imagem superior). As áreas mais afetadas são os cotovelos, joelhos, couro cabeludo e a região lombar.
Causas da psoríase
Embora a causa da psoríase seja ainda pouco compreendida, esta parece ser uma patologia multifactorial, com influência de vários fatores genéticos, ambientais e auto-imunes. Pensa-se que surja no contexto de uma predisposição genética associada a um estímulo externo.
Existem fatores desencadeantes que podem levar ao início da doença ou agravamento dos sintomas, tais como:
- Tabagismo (ser fumador);
- Obesidade (excesso de peso);
- Alcoolismo;
- Stress físico ou emocional;
- Infeções bacterianas (bactérias) ou víricas (vírus);
- Alguns fármacos (medicamentos);
- Gravidez;
- Traumatismos.
Embora não seja uma doença hereditária, a genética desempenha um papel considerável na fisiopatologia da psoríase, sendo esta patologia mais comum em familiares de doentes afetados do que na população geral.
Quais são os sintomas?
A forma clássica da lesão são placas eritematosas bem delimitadas com escamas prateadas que predominam em áreas extensoras e em geral são simétricas. Outras formas clínicas são: psoríase gutata ( múltiplas pápulas e placas psoriasícas, em geral menos de 1cm); psoríase pustular ( eritema, descamação e pústulas superficiais); psoríase eritrodérmica ( eritrodermia esfoliativa generalizada); psoríase inversa ( predomina em áreas flexoras); psoríase ungueal ( alterações da matriz e/ou do leito ungueal).
A apresentação clínica (sinais e sintomas) da psoríase pode ser variada. Existem vários subtipos clínicos, nomeadamente:
Manchas vermelhas e inflamadas, como erupções, em toda pele do corpo ou somente em determinadas áreas (até mesmo couro cabeludo), são os sinais mais comuns da condição. Segundo médico, a psoríase em placas representa cerca de 80% a 90% dos casos. Cada um dos surtos causa o aparecimento de placas eritematosas arredondadas (avermelhadas), que são cobertas por escamas acinzentadas.
1. Psoríase em placas
Como é realizado o diagnóstico?
O diagnóstico da psoríase é essencialmente clínico (feito em consulta através da observação do paciente). Existem várias doenças com sinais e sintomas semelhantes aos da psoríase (como a parapsoríase, por exemplo), pelo que é importante ser observado por um dermatologista.
As características das lesões, a sua localização e evolução são informações importantes a ter em conta. Em alguns casos pode ser necessária a confirmação com biópsia de pele.
A psoríase é contagiosa?
A psoríase não é uma doença contagiosa ou transmissível de pessoa para pessoa. Ou seja, a psoríase não se transmite ou se “pega” por contato direto entre seres humanos.
Complicações da psoríase
As manifestações de psoríase podem ser leves, moderadas ou graves, dependendo do subtipo clínico e da extensão de pele afetada. Felizmente, as formas leves são as mais frequentes (80% dos casos), contudo podem causar um impacto muito negativo na qualidade de vida e auto-estima dos doentes.
Algumas formas mais graves de psoríase podem estar associadas a complicações. Por exemplo, doentes com psoríase pustulosa ou com psoríase eritrodérmica têm maior risco de sepsis e complicações renais (nos rins), hepáticas (no fígado) ou respiratórias.
A psoríase tem cura?
A psoríase é uma doença crónica e não tem cura definitiva. No entanto, existem múltiplos tratamentos que permitem controlar a doença e devolver qualidade de vida ao doente. O tratamento deve ser individualizado a cada doente e prescrito sempre pelo médico dermatologista (especialista em dermatologia).
Medidas preventivas na psoríase
Medidas preventivas apropriadas incluem evitar os desencadeantes mencionados acima, tais como: tabagismo, obesidade, alcoolismo, stress, alguns fármacos (medicamentos ou remédios), infeções ou traumatismos.
É importante manter a pele hidratada, utilizando produtos adequados.
Em regra, a exposição à luz solar melhora as lesões de psoríase, mas é necessário utilizar medidas de fotoproteção adequadas.
Saiba, de seguida, como tratar a psoríase.
Como é realizado o Tratamento?
O tratamento deve ser individualizado e adaptado a cada pessoa, dependendo da gravidade da doença, comorbilidades e resposta clínica. Felizmente existem muitas abordagens terapêuticas eficazes, sendo que é importante serem prescritas e monitorizadas por um dermatologista. Os tratamentos podem ser por via tópica (cremes, pomadas, etc.), oral (comprimidos) ou injeções.
Atualmente, os tratamentos mais comuns são:
- Corticóides;
- Análogos da vitamina D;
- Ácido salicílico;
- Tazaroteno;
- Tacrólimus e Pimecrólimus;
- Radiação ultravioleta (fototerapia);
- Medicamentos orais, incluindo imunossupressores como ciclosporina ou metotrexato;
- Novos tratamentos biológicos.
Não existe qualquer tipo de tratamento caseiro ou remédio natural com eficácia comprovada no tratamento da psoríase. O doente nunca se deve auto-medicar, sob pena de poder agravar o seu estado de saúde. Em caso de dúvidas ou agravamento dos sintomas deve procurar o seu médico dermatologista (especialista em doenças da pele).
Pacientes que sofrem com psoríase moderada a grave passarão a contar com um novo medicamento que será distribuído gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde. Trata-se do Skyrizu (risanquizumabe), um anticorpo monoclonal de imunoglobina humanizada.
O medicamento, que recebeu aprovação da Anvisa em maio de 2019, será incorporado ao SUS em até 180 dias, conforme publicação no Diário Oficial da União (DOU), de 21 de setembro de 2020.
O remédio será destinado a pacientes sob indicação e prescrição médica para esse tratamento.
De acordo com estudos clínicos, mais de 80% dos pacientes atingiram melhora sustentada de 90% ou mais das lesões na pele e aproximadamente 60% alcançaram resolução completa das lesões ao longo de 52 semanas de tratamento, quando tratados na dosagem de 150mg, administrada de forma injetável.