Nova estratégia para a abordagem do câncer de mama triplo negativo

Por Raquel Luiza,


O câncer de mama triplo negativo é a forma mais agressiva dentre os tumores mamários e responde por entre 10 e 15% dos casos da doença. Característica destes tumores, a ausência de receptores para estrogênio, progesterona e para a proteína HER2 faz com que existam opções limitadas de tratamento para essas mulheres.

A novidade é que um trabalho desenvolvido por pesquisadores do Baylor College of Medicine pode ter encontrado uma nova estratégia para abordar esse tipo de neoplasia. A publicação do grupo na revista PLOS Biology traz os dados de um trabalho desenvolvido sobre modelos celulares de câncer de mama triplo negativo (TNBC). Anteriormente, outro trabalho desenvolvido no Baylor College descobriu que a enzima proteína quinase 4 ativada por mitógeno (MAPK4) está envolvida no crescimento dos tumores TNBC e em sua resistência a algumas terapias.

No modelo celular TNBC do estudo atual, os pesquisadores descobriram que MAPK4 atua ativando a enzima proteína quinase específica de serina/treonina (AKT), envolvida no controle do crescimento e proliferação celular, o que estimula o crescimento do câncer. Também foi visto que, nas mesmas células, outra enzima chamada piruvato desidrogenase quinase 1 (PDK1) promove o crescimento do tumor TNBC ativando tanto AKT quanto outras enzimas do grupo ACG, também envolvidas no controle da proliferação celular.

Foi demonstrado que a ativação das enzimas ACG por PDK1 depende da quantidade de PDK1 dentro da célula. Em outras palavras, os pesquisadores descobriram que MAPK4 promove o crescimento de tumores TNBC tanto ao impulsionar diretamente AKT quanto por uma via alternativa ao aumentar a produção e a disponibilidade intracelular de PDK1.

Para testar sua observação, os pesquisadores utilizaram ferramentas genéticas para bloquear a expressão de MAPK4 em células TNBC, obtendo como resposta considerável inibição tanto da via visando AKT quanto da via que utiliza PDK1. Como na hipótese da equipe, a consequência clínica dessa dupla ação inibitória foi a redução do crescimento tumoral.

Segundo os autores, é uma infelicidade que ainda não esteja disponível um fármaco capaz de inibir especificamente a MAPK4 para experimentos visando controlar o crescimento de tumores TBNC. Ainda assim, os dados do presente estudo credenciam o direcionamento de AKT e PDK1 como uma estratégia potencial que deve ser explorada para o TNBC e outros cânceres com alta expressão de MAPK4 como alguns tumores de próstata e pulmão.

Fonte: https://journals.plos.org/plosbiology/article?id=10.1371/journal.pbio.3002227

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *