Radioterapia do câncer de mama inicial em pacientes idosas pode ser excesso

Por RAQUEL LUIZA,


É chamado câncer de mama de baixo risco aquele tumor com menos de 3 cm, sem acometimento axilar, surgindo em pacientes mais velhas e cuja imuno-histoquímica sugere ser o tumor responsivo à terapia hormonal. Nesses casos, o padrão atual de tratamento é a cirurgia conservadora (lumpectomia), terapia hormonal com tamoxifeno visando evitar metástases à distância e radioterapia regional visando evitar a recorrência.

A novidade é que um estudo de pesquisadores da Universidade de Edimburgo e colegas do Western General Hospital, também em Edimburgo, sugere que a radioterapia pode ser um excesso de tratamento para esse grupo de pacientes. A publicação no New England Journal of Medicine traz os resultados de um dos poucos estudos em portadoras de câncer de mama inicial com 65 anos ou mais, apesar de esse grupo representar 50% dos pacientes com a doença.

Para o ensaio clínico randomizado (PRIME II), que teve acompanhamento de até 10 anos, foram recrutadas 1.326 pacientes com 65 anos ou mais e diagnóstico de câncer de mama inicial. Todas as participantes receberam cirurgia conservadora ao menos 5 anos de hormonioterapia. Além disso, metade das pacientes foram selecionadas para receberem aleatoriamente radioterapia padrão por 3 a 5 semanas após a cirurgia, enquanto as demais não receberam terapia adicional.

As reavaliações foram feitas em consultas clínicas periódicas e exames mamários. A primeira descoberta feita pelos pesquisadores é que não houve diferença na sobrevida global entre os grupos com e sem radioterapia, sendo a maioria dos óbitos ocorridos durante o acompanhamento por outras causas. Também não houve diferença entre os grupos com relação ao surgimento de metástases à distância.

Em relação à recorrência do tumor na mesma mama, o grupo que recebeu radioterapia manifestou recorrência em apenas 0,9% dos casos em comparação a 9,5% de recorrência no grupo sem radioterapia.

Segundo os autores, essa diferença nas taxas é absorvida pelas diretrizes atuais de tratamento, com a incidência nos dois grupos figurando como aceitável. No todo, o estudo sugere que o fardo representado pela radioterapia em pacientes mais velhas pode ser debatido com as pacientes em situação semelhante para uma decisão compartilhada ponderando riscos e benefícios.

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Fonte: https://www.nejm.org/doi/10.1056/NEJMoa2207586

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