Por RAQUEL LUIZA,
O câncer cervical é a segunda principal causa de morte por câncer em mulheres de 20 a 39 anos nos Estados Unidos. A principal causa do câncer cervical e das lesões pré-cancerosas do colo do útero é a infecção pelo papilomavírus humano (HPV), cuja prevalência na população é estimada em até 80%. Quase todos os casos de câncer cervical (99,7%) estão diretamente relacionados a infecções prévias por tipos oncogênicos ou de alto risco de HPV.
A novidade é que um estudo conduzido por pesquisadores das Escolas de Saúde Pública e Medicina da LSU Health New Orleans, no estado da Louisiana, revela que a dieta desempenha um papel na infecção por HPV, levando ao câncer cervical. A publicação no Journal of Infectious Diseases conta que o estudo demonstrou que as mulheres que não consomem frutas, vegetais verde-escuros e feijão têm um risco significativamente maior de infecção genital por HPV de alto risco. Além disso, o consumo de grãos integrais e laticínios foi associado inversamente à infecção por HPV de baixo risco.
A pesquisa utilizou dados não identificados de 10.543 mulheres da Pesquisa Nacional de Saúde e Nutrição de 2003 a 2016 (NHANES). Essas mulheres tinham entre 18 e 59 anos de idade, apresentando dados válidos sobre infecção genital por HPV e informações sobre a dieta do Índice de Alimentação Saudável. Mulheres que receberam qualquer dose da vacina contra o HPV ou tinham histórico de câncer foram excluídas.
Nessa coorte com idades entre 15 e 59 anos, a prevalência de qualquer infecção por HPV foi de 40,7%, enquanto a infecção por HPV de alto risco foi de 19,2%. A prevalência de HPV de baixo risco foi de 21,5%, e 59,3% não apresentaram infecção por HPV. De forma geral, as mulheres nos EUA têm baixas pontuações no Índice de Alimentação Saudável em relação ao consumo de vegetais, feijão e frutas, com menos da metade da pontuação ideal de 5.
A pontuação para a categoria de vegetais e feijão foi de 2,02. A pontuação para frutas inteiras foi de 2,48, e para frutas totais (incluindo sucos) foi de 2,41. Aproximadamente 43% das mulheres não consumiam vegetais e feijão, 27,5% não consumiam frutas inteiras e 15,8% não consumiam frutas em geral.
Esses resultados são consistentes com um estudo anterior dos mesmos autores sobre antioxidantes, que mostrou que quatro antioxidantes dietéticos (vitaminas A, B2, E e folato) estavam inversamente associados à infecção por HPV de alto risco. Esses antioxidantes dietéticos podem ser encontrados em vegetais verde-escuros, feijão e frutas.
Os autores sugerem que o mecanismo biológico potencial pelo qual esses vegetais podem inibir a infecção por HPV está relacionado ao aumento da resposta imunológica e à redução da inflamação. Além disso, mulheres com pontuações melhores na alimentação tenderam a serem adeptas de outros hábitos em maior proporção que aquelas que se alimentam mal.
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