Contracepção de emergência pode ser mais eficaz se tomada em conjunto com anti-inflamatório

Por RAQUEL LUIZA,


A pílula anticoncepcional de emergência de levonorgestrel é uma das escolhas mais populares de contracepção de emergência em muitas partes do mundo. No Brasil, o acesso a esse tipo de medicação é amplamente disponível, estando o composto inserido também nos protocolos de proteção às vítimas de violência sexual.

A novidade é que pesquisadores da Universidade de Hong Kong passaram a afirmar que a associação de um anti-inflamatório também amplamente disponível é capaz de aumentar a eficácia preventiva da pílula de levonorgestrel. O jornal The Lancet trouxe os dados de um estudo randomizado controlado sobre o assunto.

A eficácia aceita do levonorgestrel é baseada nos resultados de um estudo de 1998, no qual o levonorgestrel preveniu 95% das gestações esperadas quando tomado dentro de 24 horas após o sexo desprotegido, 85% se tomado dentro de 25 a 48 horas e 58% se tomado entre 49 horas e 72 horas do sexo desprotegido. No entanto, pesquisas mais recentes sugerem que a eficácia do levonorgestrel pode ser menor.

O novo estudo foi realizado em Hong Kong entre 2018 e 2022 com uma mostra aleatória de 860 mulheres que pediram uma pílula contraceptiva em um centro médico. As mulheres que precisaram de contracepção de emergência com levonorgestrel dentro de 72 horas após sexo desprotegido foram randomizadas para receber uma dose única supervisionada de levonorgestrel 1,5 mg mais piroxicam 40 mg ou um comprimido de placebo.

As participantes foram agendadas para consulta de acompanhamento em que foi solicitado teste de gravidez e nos casos em que a menstruação não ocorreu. Das 836 mulheres acompanhadas e em condições de avaliação, houve uma gravidez entre as 418 mulheres que tomaram piroxicam e levonorgestrel e sete gestações entre as 418 mulheres que usaram placebo e levonorgestrel.

A porcentagem de gestações esperadas sem contracepção foi estimada em 4,5% (19/418) em ambos os grupos, portanto, a porcentagem de gestações evitadas após o tratamento em conjunto com piroxicam-levonorgestrel foi de 95% (18/19), em comparação com 63% (12/19) naquelas que tomaram levonorgestrel e placebo.

Segundo os autores, mais estudos são necessários para confirmar a eficácia de tal associação, assim como seu mecanismo de ação, mas é animador que a descoberta envolva um composto já aprovado para uso humano e amplamente disponível, como o piroxicam.

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Fonte: https://www.thelancet.com/journals/lancet/article/PIIS0140-6736(23)01240-0/fulltext#%20

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