Por RAQUEL LUIZA,
Os canabinoides são substâncias fitoquímicas com ação sobre os receptores endocanabinoides presentes em diversos tecidos do corpo. Entre esses efeitos, estudos anteriores sugerem que os canabinoides possuem efeito anti-inflamatório, mas as bases para esse tipo de efeito não eram conhecidas até agora.
A novidade é que pesquisadores da Universidade de Jena, na Alemanha, se aprofundaram no tema e trouxeram novo conhecimento sobre o efeito anti-inflamatório dos canabinoides. A publicação na revista Cell Chemical Biology conta que o trabalho teve como plano de fundo a realização de experimentos in vitro em culturas celulares e in vivo em modelos murinos.
A primeira parte do estudo foi feita em culturas de células imunes como os macrófagos. Já se sabia anteriormente que mediadores lipídicos (LM) produzidos a partir de ácidos graxos poliinsaturados (PUFA) são potentes reguladores da resposta imune e impactam todos os estágios da inflamação.
Nos macrófagos, foi observado que oito compostos canabinoides testados, incluindo canabidiol (CBD) e tetrahidrocanabinol (THC), atuaram trocando o direcionamento da produção de LM, estimulando a produção de mediadores pró-resolução específicos (SPM) com ação anti-inflamatória ao mesmo tempo em que inibiram a produção de leucotrienos com atividade pró-inflamatória com mediação da 5-lipoxigenase (LOX) e ativação alostérica da 15-lipoxigenase-1 (15-LOX-1).
Segundo os autores, o efeito anti-inflamatório mais intenso foi conseguido com a utilização da CBD. Para corroborar as descobertas feitas com os macrófagos em cultura, os pesquisadores partiram para experimentos com camundongos nos quais foi induzida uma inflamação peritoneal (peritonite) por meio da injeção de zymosan.
Parte desses animais foi tratada com CBD, tendo como efeito observado o aumento da ativação de produtos 15-LOX-1 pró-resolução e inibição da produção de eicosanoides pró-inflamatórios também in vivo. Segundo os autores, o novo conhecimento acumulado confirma e sustenta a ação anti-inflamatória de compostos canabinoides, especialmente o CBD.
Futuramente, essa nova abordagem pode ser utilizada para o tratamento de diferentes patologias que têm o fenômeno da inflamação como centro crítico de sua fisiopatogênese.
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