Descoberta causa para o fracasso de promissor medicamento contra o câncer

Por RAQUEL LUIZA,


 

Habitualmente, a ativação da via de sinalização STING desencadeia uma forte resposta pró-inflamatória contra a detecção de células potencialmente prejudiciais, como as células cancerígenas.  Com esse efeito amplamente demonstrado em laboratório, muito dinheiro foi gasto no desenvolvimento de medicamentos para ativar a via STING visando tratar o câncer. Infelizmente, quando a hipótese passou para a fase de ensaios clínicos, as respostas foram desalentadoramente ínfimas.

A novidade é que um estudo de pesquisadores da Weill Cornell Medicine descobriu o motivo para esse fenômeno, o que pode tornar ainda viável o tratamento de portadores de câncer com estratégias visando a mesma via STING. A publicação em Nature conta que o trabalho teve como um dos fundamentos o fenômeno da instabilidade cromossômica.

A instabilidade cromossômica normalmente é um fator importante na propagação do câncer e costuma ter maior grau nos tumores mais avançados. No estudo, os pesquisadores descobriram uma importante cooperação entre células cancerígenas e células do sistema imune impulsionada pela via de sinalização STING.

Utilizando modelos murinos de câncer com diferentes níveis de atividade do sistema imune e diferentes níveis de instabilidade cromossômica nas células cancerígenas, a equipe mergulhou na investigação sobre o efeito resultante dessas diferentes interações. Essa avaliação foi feita utilizando uma ferramenta computacional inovadora chamada Contact Tracing que faz exatamente esse trabalho de prever as interações entres as células.

Com isso, foi visto que a interação entre células com instabilidade cromossômica alta e o sistema imune resulta em ativação inicial benéfica da via STING. No entanto, a ativação dessa via no longo prazo produz insensibilidade e mesmo um efeito reverso de imunossupressão. Também foi testado e descoberto que nos tumores em que esse efeito foi verificado houve benefício em estratégias inibindo a via STING em vez de estimulando-a.

Segundo os autores, de forma inesperada e contraintuitiva, seu trabalho revelou que medicamentos visando a via STING ainda podem ser uma alternativa para o tratamento do câncer, mas que certos pacientes podem ser beneficiados é pela inibição da via STING em casos de tumores em que ela foi previamente hiperativa e produziu o efeito imunossupressor de rebote.

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Fonte: https://www.nature.com/articles/s41586-023-06464-z

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