Calendário vacinal de rotina pode fornecer proteção contra a doença de Alzheimer

Por RAQUEL LUIZA,


 

 

 

doença de Alzheimer é um distúrbio neurodegenerativo crônico que afeta dezenas de milhões de pessoas em todo o mundo, sendo 6 milhões delas apenas nos EUA. Uma cura ou estratégia de prevenção eficaz ainda não está disponível, entretanto, houve avanços recentes como a aprovação pelo FDA de novos anticorpos contra a proteína amiloide, um fator na qual acredita ser central na patogênese da doença.

A novidade é que pesquisadores da McGovern Medical School anunciaram que estratégias muito mais baratas e já disponíveis também podem fornecer proteção contra a doença. A publicação no Journal of Alzheimer’s Disease conta que tal afirmação é fruto de um estudo da equipe conduzido para explorar uma descoberta anterior de que o histórico vacinal com pelo menos uma dose de vacina contra Influenza está associada a um risco 40% menor de desenvolver a doença de Alzheimer em comparação com pessoas não vacinadas.

No estudo atual, o mesmo tipo de investigação foi conduzido em relação às vacinas contra difteria, tétano e coqueluche (DPTA), herpes-zoster e pneumococo. Os pesquisadores realizaram um estudo de coorte retrospectivo que incluiu pacientes que estavam livres de demência durante um período retrospectivo de dois anos e tinham pelo menos 65 anos de idade no início do acompanhamento de 8 anos.

Foram comparados dois grupos semelhantes de pacientes usando escore de propensão, sendo um vacinado e outro não vacinado, com DPTA/DT, herpes-zoster ou vacina contra pneumococo. Por fim, foi calculado o risco relativo e a redução de risco absoluto de desenvolver Alzheimer.

Na avaliação dos resultados, pacientes que receberam a vacina DPTA/DT tiveram 30% menos probabilidade do que seus pares não vacinados de desenvolver Alzheimer (7,2% vs 10,2%). Da mesma forma, a vacinação contra herpes-zoster foi associada a um risco reduzido de 25% de Alzheimer (8,1% vs 10,7%). Por fim, a vacina pneumocócica foi associada a uma redução de 27% no risco de desenvolver a doença (7,92% vs 10,9%). Apenas como forma de comparação, os três novos anticorpos direcionados contra proteína beta-amiloide, terapias caras e pouco acessíveis, mostraram retardar a progressão da doença em 25%, 27% e 35%.

Segundo os autores, a principal hipótese para seus resultados é que a vacinação promova rearranjos no sistema imune que o torne mais eficiente em lidar com a neuroinflamação e a deposição de proteínas anormais associada à doença de Alzheimer. Ainda que essas descobertas precisem ser aprofundadas por novos estudos, não deixa de ser um alento essas vacinas estarem todas amplamente disponíveis e mesmo serem parte do calendário vacinal do Sistema Único de Saúde no Brasil.

Quer saber mais?

Fonte: https://content.iospress.com/articles/journal-of-alzheimers-disease/jad221231

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