Estudo encontra piora no humor das mulheres durante o intervalo da pílula anticoncepcional

Por RAQUEL LUIZA,


A maioria das pílulas anticoncepcionais disponíveis no comércio em todo o mundo contemplam um regime de medicação com a tomada de hormônios por 21 dias seguidos complementada com um período de privação de 7 dias que induz a ocorrência do sangramento genital similar ao menstrual.

A novidade é que pesquisadores da Universidade de Salzburgo e colegas da Universidade de Copenhague descobriram que esse período de privação hormonal, a chamada pausa da pílula, pode causar alterações negativas no humor das mulheres. A publicação do grupo na revista JAMA Network conta que essas conclusões foram baseadas no estudo de uma coorte que incluiu 120 usuárias de longo prazo que usam anticoncepcionais orais combinados.

Uma premissa deste grupo de mulheres foi que, por serem usuárias de longo prazo, é provável que tivesse alta tolerância tanto aos componentes das formulações utilizadas quanto ao regime de tratamento de 21 dias seguidos intercalado com a privação hormonal por 7 dias. No total, a coorte incluiu 181 mulheres com idades entre 18 e 35 anos. O grupo controle foi composto por 60 mulheres com ciclos menstruais regulares, mas que não utilizavam qualquer tipo de anticoncepcional hormonal.

As variações de humor das participantes foram avaliadas por meio de questionários especialmente direcionados duas vezes por mês, em períodos que cobrissem tanto o uso seguido de medicação como o período de privação no grupo de estudo e as diferentes fases do ciclo, proliferativa e menstrual, no grupo controle.

Na avaliação dos resultados, os pesquisadores encontraram que as usuárias de anticoncepcional combinado mostraram um aumento de 12,67% no afeto negativo (IC= 95%, 6,94%-18,39%), aumento de 7,42% na ansiedade (IC=95%, 3,43%-11,40%) e aumento de 23,61% nos sintomas de saúde mental (IC=95%, 16,49%-30,73%; P< 0,001) durante a pausa da pílula em comparação com a fase de ingestão ativa. O tamanho do efeito desta mudança não diferiu dependendo do tipo de progestágeno utilizado, da dose de etinilestradiol contida na formulação ou do status prévio de saúde mental dessas mulheres.

Segundo os autores, seus resultados sugerem que a pausa da pílula pode estar associada à deterioração do humor das mulheres usuárias e que, em termos práticos, isso pode ser motivo para a discussão com os profissionais assistentes para a mudança para regimes de tratamento que não prevejam o período de privação hormonal.

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Fonte: https://jamanetwork.com/journals/jamanetworkopen/fullarticle/2809946

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