Por RAQUEL LUIZA,
A doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA) é a doença crônica do fígado mais comum na atualidade, tendo estreita associação com o desenvolvimento de obesidade e diabetes tipo 2. A DHGNA resulta de acúmulo de gordura no parênquima hepático que no longo prazo potencializa o surgimento de sequelas graves como o hepatocarcinoma e a esteatohepatite não alcoólica (NASH).
O aumento da obesidade e do diagnóstico de DHGNA elevou a NASH ao posto de principal causa de transplantes hepáticos nos EUA. Infelizmente, nem todos esses pacientes conseguirão ser atendidos, o que estimula a procura por alternativas.
Nesse contexto, a novidade é que pesquisadores da Universidade de Yale anunciaram a identificação de um mecanismo de dano hepático na NASH cuja modulação pode potencialmente melhorar esse panorama obscuro. A publicação do grupo na revista Science Translational Medicine conta que estudos anteriores de Yale mostraram que dietas ricas em gordura, as mesma que causam obesidade, diabetes e DHGNA, são responsáveis pelo aumento da proteína indutor angiogênico rico em cisteína 61 (CYR61) tanto em camundongos quanto em humanos. Isso levou a equipe a questionar se o CYR61 poderia ter algum papel no dano hepático e na progressão de DHGNA para NASH.
No estudo atual, um modelo murino de NASH foi utilizado para avaliar a influência de CYR61 sobre os danos hepáticos. A primeira observação foi uma maior concentração de CYR61 em fígados lesados por NASH em comparação ao fígado de animais saudáveis.
Posteriormente, experimentos em que foi realizado o bloqueio da função de CYR61, tanto a exclusão genética quanto o bloqueio com um anticorpo, mostraram que a inibição de CYR61 diminuiu sensivelmente a inflamação hepática e a consequente formação de fibrose, atrasando o processo de falência do órgão. Adicionalmente, os animais tratados também apresentaram melhora na intolerância à glicose, reforçando ainda mais o elo entre obesidade, diabetes e DHGNA.
Segundo os autores, a inibição de CYR61 pode ser uma importante via de tratamento para essas condições metabólicas. As moléculas atualmente em estudo para NASH visam principalmente a formação de fibrose, mas o CYR61 demonstrou potencial para atuar sobre diferentes aspectos da doença.
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Fonte: https://www.science.org/doi/10.1126/scitranslmed.ade3157