Por Raquel Luiza,
De forma geral, o câncer figura como a segunda principal causa de morte em todo o mundo. E dentre as mortes por câncer, a causa responsável pela enorme maioria dessas mortes é a metástase. Sendo assim, parte importante da pesquisa do câncer é focada em identificar estratégias capazes de interromper a metástase.
Nesse contexto, uma novidade importante é o trabalho recente de pesquisadores de Penn State University que informaram terem identificado um componente crítico para o processo de migração de células cancerígenas no organismo. A publicação na revista Advanced Science conta que o trabalho foi feito por meio de modelos de câncer de mama que simulam o funcionamento dos tumores reais.
Deste modo, foram concebidas plataformas bidimensionais e tridimensionais para receber as células cancerígenas de tumores mamários. As plataformas bidimensionais foram construídas com fibras de colágeno e as plataformas tridimensionais partiram de uma matriz composta por uma rede de fibras de hidrogel transparente visando reproduzir uma matriz de tecido mole. Em seguida, as células cancerígenas foram semeadas e a sua movimentação foi documentada com microscopia em tempo real.
Essa estratégia, sem qualquer tipo de interferência, permitiu aos pesquisadores identificarem as proteínas envolvidas no processo de movimentação dessas células, a metástase. Deste modo, o esforço levou a identificação da proteína dineína como crítica para a ocorrência da metástase. Após isso, os pesquisadores provocaram o bloqueio da proteína dineína das células cancerígenas e verificaram que esta intervenção foi suficiente para interromper sua mobilidade.
Segundo os autores, seus resultados sugerem a possibilidade de uma nova e inédita terapia anticâncer baseada em paralisia das células cancerígenas. Uma vantagem proposta pela equipe seria a desnecessidade de matar as células cancerígenas do mesmo modo que fazem as atuais terapias adjuvantes como quimioterapia e radioterapia. E a principal vantagem de não precisar matar as células cancerígenas estaria em evitar os danos aos tecidos saudáveis que esses tipos de terapias normalmente provocam.
Os autores ressaltam, no entanto, que qualquer tipo de tratamento clínico do câncer baseado no bloqueio da dineína ainda está num futuro distante e que o próximo passo nessa linha de pesquisa seria a experimentação em modelos animais da doença.
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Fonte: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1002/advs.202302229