Por RAQUEL LUIZA,
O câncer de mama é a neoplasia ginecológica mais comumente diagnosticada, com aproximadamente 2,3 milhões de casos anuais e provocando cerca de 700.000 mortes. Nesse contexto, é ponto pacífico que o diagnóstico da doença em fases mais precoces consegue reduzir a carga de tratamentos invasivos e aumentar os índices de sobrevivência.
Protocolos de rastreio precoce do câncer de mama são amplamente aplicados nos diferentes sistemas de saúde e é vital garantir o acesso a eles por todas as mulheres. Nesse contexto, um estudo de pesquisadores da empresa Kheiron Medical Technologies e do Imperial College London encontrou um aplicativo que promete aprimorar ainda mais esses números ao ser incorporado nessa rotina de atendimento.
A publicação do grupo na revista Nature Medicine conta que o trabalho foi realizado no sistema de saúde da Hungria e consistiu em incorporar uma ferramenta de inteligência artificial ao sistema de avaliação tradicional de mamografias em que os filmes são revisados por dois radiologistas, que então decidem se uma paciente deve ser chamada para uma avaliação complementar ou diagnóstica.
Após a avaliação dos profissionais, as imagens foram processadas pelo algoritmo denominado MIA (CE Mark classe IIa), que então determinou se os filmes deveriam ser avaliados por um terceiro radiologista para uma investigação aprofundada. Ao todo, foram avaliadas imagens de 25.065 mulheres.
O estudo foi conduzido em três fases, sendo duas fases piloto e uma implementação ao vivo. No geral, ao longo das três fases, o leitor MIA encontrou 24 cancros a mais do que a leitura humana padrão (aumento relativo de 7%) e resultou em mais 70 mulheres reavaliadas (aumento relativo de 0,28%).
Na prática, foram encontrados 6 (piloto inicial), 13 (piloto estendido) e 11 (uso ao vivo) cânceres adicionais, aumentando a taxa relativa de detecção de câncer em 13%, 10% e 5%, respectivamente. Digno de nota que 83% desses tumores adicionais encontrados foram classificados como invasivos, mostrando que a incorporação de MIA pode ajudar a detectar mais tumores em uma fase na qual o diagnóstico é vital e prognosticamente transformador.
Segundo os autores, embora o trabalho precise ser validado em outros sistemas de saúde, os números iniciais sugerem que a incorporação do algoritmo MIA é eficaz em aprimorar o sistema padrão de avaliação. E se isso for comprovado por estudos já iniciados no Reino Unido e nos EUA, fica claro que essa tecnologia deve estar disponível para todas as mulheres.
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