Por Raquel Luiza,
Em seres humanos e animais, a melanina fornece coloração à pele, olhos e cabelos. Além do aspecto estético, a presença de melanina está associada a um maior grau de proteção da pele contra agentes externos.
Na prática, nosso corpo está 24 horas por dia exposto a danos por agentes externos como a luz solar, poluição ambiental e outros, como o tabagismo. Nesse contexto, o papel da melanina é fornecer proteção contínua contra essas agressões, em um grau proporcional aos níveis de melanina contida na pele de um determinado indivíduo.
A novidade é que um grupo de pesquisadores da Northwestern University anunciou ter desenvolvido um creme contendo uma super melanina sintética que é capaz de otimizar esse processo de proteção da pele. A publicação do grupo na revista npj Regenerative Medicine conta que o principal processo envolvido nos danos à pele é a formação de espécies reativas de oxigênio, os radicais livres.
Essas moléculas, quando produzidas em grandes quantidades a partir de uma agressão externa como a queimadura solar ou o tabagismo, induz uma resposta pró-inflamatória do sistema imune que, em última análise leva ao envelhecimento cutâneo. Em resumo, as marcantes diferenças entre a pele jovem e a pele envelhecida são consequência da ocorrência contínua de agressões que promovem liberação de espécies reativas de oxigênio e direcionam o sistema imune da pele para a produção de citocinas pró-inflamatórias, o que a melanina faz é absorver esses radicais livres antes que eles induzam a resposta pró-inflamatória do sistema imune.
No estudo atual, os pesquisadores mostram os resultados alcançados por um creme de aplicação tópica contendo uma melanina sintética modificada para alcançar o mais alto nível em termos de absorção de radicais livres. Anteriormente, a mesma equipe já havia demonstrado que esse creme foi eficaz em promover a proteção da pele contra a exposição solar.
Agora, foram utilizadas amostras de pele humana no laboratório em que foram induzidas lesões bolhosas similares a queimaduras. Nas lesões que permaneceram sem tratamento, as lesões persistiram.
Em contraste, na pele em que foi aplicado o creme, houve redução imediata dos níveis de radicais livres e da inflamação, com proteção das camadas mais internas da pele e direcionamento do sistema para a regeneração.
Por fim, a equipe demonstrou que a melanina sintética não tem efeito tóxico na pele. Com tais resultados, os autores planejam a inclusão de sua melanina sintética em diferentes produtos, desde protetores solares a cicatrizantes, incluindo até mesmo roupas de proteção militar contra gases.
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