Por RAQUEL LUIZA,
vitamina B12, também conhecida como cobalamina, é um importante nutriente com reconhecidas funções em processos biológicos vitais como a manutenção do tecido neural, a produção de hemácias e a síntese de DNA.
A principal fonte de vitamina B12 é a alimentação, com diversos alimentos fornecendo boas quantidades do nutriente, como carne vermelha, fígado e peixes. As bactérias do microbioma intestinal também produzem vitamina B12.
Agora, estudos de pesquisadores do Instituto de Pesquisa em Biomedicina de Barcelona anunciam a descoberta de novos e importantes processos biológicos em que a cobalamina também participa de forma crítica. Ambos os estudos foram publicados na revista Nature Metabolism, sendo que o primeiro se concentrou em um processo chamado reprogramação celular.
A reprogramação celular é um processo relacionado à regeneração tecidual em que uma célula já diferenciada sofre regressão para um estágio indiferenciado visando poder originar outras células eventualmente necessárias em diferentes momentos.
Utilizando modelos murinos que receberam dietas com diferentes concentrações de vitamina B12, os pesquisadores puderam observar principalmente os efeitos da deficiência de cobalamina. Os pesquisadores então induziram a reprogramação celular transitória pela expressão de OCT4, SOX2, KLF4 e MYC (OSKM) e perceberam que o processo, que é uma estratégia terapêutica para regeneração tecidual, consumiu enormes quantidades de vitamina B12 nos animais que apresentavam deficiência dessa mesma vitamina, tendo um prejuízo do processo de reprogramação celular, sinalizando que o status do nutriente é um fator limitante.
A equipe também descobriu que a simples suplementação de cobalamina é suficiente para restabelecer a eficiência da reprogramação. Molecularmente, o que se descobriu é que a vitamina B12 influencia principalmente o processo conhecido como metilação e sua deficiência resulta em alterações epigenéticas que prejudicam a função de diferentes genes, problema que é revertido pela suplementação.
Em um momento posterior, essas descobertas foram validadas em um modelo murino de colite ulcerativa, quando foi visto que as células intestinais que iniciam a reparação passam por um processo similar à reprogramação celular e também se beneficiam da suplementação de vitamina B12.
Esse achado sugere que pacientes humanos também podem experimentar benefícios com a suplementação. Já o segundo estudo do IRB Barcelona descobriu que pessoas com concentrações sanguíneas mais altas de cobalamina possuíam menores níveis de marcadores inflamatórios com interleucina 6 (IL-6) e proteína C reativa (PCR), tendo o mesmo tipo de relação sido vista em ratos idosos.
Tais observações reforçam sugestão no sentido de que a vitamina B12 também exerce atividade anti-inflamatória.
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