Por Raquel Luiza,
TENDINITE DO PUNHO ROTADOR (OMBRO DOLOROSO).
O manguito rotador é formado pelos tendões dos músculos supraespinhal, infraespinhal, redondo menor e subescapular.
A tendinite é decorrente de microtrauma de repetição, principalmente no tendão supraespinhal, visto que passa sob o acrômio e é a causa mais frequente de dor no ombro.
A lesão do manguito rotador pode ser uma lesão aguda ou crônica do esporte, mas normalmente ocorre por razões não relacionadas a atividades esportivas e em pessoas sem história de uso excessivo.
Um estiramento do manguito rotador é uma lesão traumática, aguda e única aos músculos. Tendinite normalmente resulta de impressão crônica do tendão supraespinal entre cabeça umeral e arco coracoacromial (acrômio, articulação acromioclavicular, processo coracoide e ligamento caracoacromial). Atividades que requerem que o membro superior seja movido acima da cabeça repetidamente, como arremesso no beisebol, levantar pesos acima do ombro, dar o saque nos esportes com raquete e nadar estilo livre, borboleta ou de costas, aumentam o risco.
Acredita-se que o tendão supraespinal seja especialmente suscetível, pois apresenta região subvascularizada próxima à sua inserção na tuberosidade maior. Reação inflamatória resultante e edema posterior estreitam o espaço subacromial, acelerando a irrigação ou o dano do tendão. Se o processo não for interrompido, a inflamação pode levar ao rompimento parcial ou completo do manguito rotador. A tendinite degenerativa no manguito rotador é comum entre idosos não atletas (> 40 anos) pela mesma razão. A bursite subacromial (inflamação, edema e fibrose da região da bursa acima do manguito rotador) resulta normalmente de lesão no manguito.
SINTOMATOLOGIA
É observada em pacientes de meia-idade que relatam dor, predominantemente à noite, que aumenta com a abdução do braço.
Bursite subacromial, tendinite do manguito rotador e rompimento parcial do manguito causam dor no ombro, especialmente quando o membro superior é movido acima da cabeça. A dor normalmente é pior entre 60° e 120° (arco doloroso de movimento) de abdução ou flexão do ombro, sendo normalmente mínima ou ausente a < 60° ou > 120°. Pode ser descrita como uma dor persistente que está mal localizada. Rompimento completo resulta em dor aguda e fraqueza do ombro. Em rompimentos maiores do manguito rotador, fraqueza da rotação externa é particularmente aparente.
DIAGNÓSTICO
O diagnóstico é baseado no quadro clínico típico e historia clinica. Às vezes, RM ou artroscopia
O manguito rotador não pode ser palpado diretamente, porém pode ser examinado indiretamente por manobras que testam músculos específicos; dor significante ou fraqueza é considerada resultado positivo.
O músculo supraespinal é avaliado quando o paciente tenta resistir à pressão abaixo do membro superior mantido em flexão para frente, com os polegares apontando para baixo (teste da “caneca vazia” ou teste de Jobe).
Os músculos infraespinal e redondo menor são avaliados quando o paciente tenta resistir à pressão da rotação externa com os membros superiores mantidos ao lado do corpo, com os cotovelos flexionados a 90°; essa posição isola a função muscular do manguito rotador dos outros músculos, bem como do deltoide. Fraqueza durante esse teste sugere disfunção significante do manguito rotador (p. ex., rompimento total).
O músculo subescapular é avaliado quando o paciente coloca a mão no dorso com a parte posterior da mão tocando a coluna lombar. O examinador levanta a mão da região lombar. O paciente deve conseguir manter a mão sem tocar a pele dorsal (teste de levantamento de Gerber).
O teste de Neer verifica aprisionamento nos tendões do manguito rotador do arco coracoacromial. Ele é feito colocando o membro superior do paciente em flexão forçada (braço levantado sobre a cabeça) com o membro superior totalmente pronado.
O teste de Hawkins também verifica aprisionamento. É feito pela elevação do membro superior do paciente a 90°, flexionando o cotovelo em 90° e então rotacionando forçosamente o ombro no sentido interno.
O teste de Apley verifica a amplitude de movimento do ombro pedindo que o paciente tente tocar a escápula oposta: alcançar por cima da cabeça, atrás do pescoço e a escápula oposta com as pontas dos dedos testa abdução e rotação externas; alcançar por baixo, atrás das costas e através da escápula oposta com a parte traseira da mão testa abdução e rotação internas.
Articulações acromioclavicular e esternoclavicular, coluna cervical, tendão do bíceps e escápula podem ser fonte da dor no ombro. Essas áreas devem ser examinadas para verificar sensibilidade ou deformidade, o que indica problema no local.
O pescoço deve sempre ser examinado como parte da avaliação do ombro, pois a dor pode ser referida ao ombro pela coluna cervical (especialmente com radiculopatia C5).
A suspeita de lesão no manguito rotador pode ser avaliada com RM se um breve ciclo de tratamento conservador não resultar em resolução dos sintomas.
TRATAMENTO
O tratamento com infiltração local, antiinflamatórios e repouso pode ser tentado.
Se nenhum sinal de melhora for observado, a ressecção parcial do acrômio deve ser realizada.
Na maioria dos casos de tendinite e bursite, repouso, AINEs e exercícios de fortalecimento do manguito rotador são suficientes. Injeções de corticoides no espaço subacromial são ocasionalmente indicadas (p. ex., quando os sintomas são agudos e graves ou quando tratamentos anteriores foram ineficazes). A cirurgia pode ser necessária para bursite crônica que é resistente ao tratamento conservador que consiste em remover o excesso de osso e diminuir o impacto. O reparo cirúrgico é recomendado se uma lesão no manguito rotador for grave (p. ex., um rompimento completo).