Entenda o que é a Coagulação Intravascular Disseminada ( CID) e conheça causas, sintomas e tratamento.

Por RAQUEL LUIZA,


Coagulação Intravascular na COVID-19 | FRRB

coagulação intravascular disseminada (CID ou CIVD), é uma condição na qual coágulos sanguíneos se formam em todos os pequenos vasos sanguíneos do corpo. Esses coágulos sanguíneos podem reduzir ou bloquear o fluxo sanguíneo através dos vasos sanguíneos, o que pode danificar os órgãos do corpo.

É um distúrbio adquirido da hemostasia, que se caracteriza pela ativação sistêmica da coagulação sanguínea, que resulta na geração e deposição intravascular de fibrina, produzindo a oclusão trombótica de vasos médios e pequenos em vários órgãos, contribuindo para o aparecimento de Multi- falência de órgãos.

Ao mesmo tempo, o consumo de plaquetas e fatores de coagulação pode levar a graves fenômenos hemorrágicos que complicam o quadro clínico e o manejo. A formação de coágulos na microcirculação também leva à destruição dos glóbulos vermelhos (hemólise intravascular).
Pode ser secundária a infecções graves, patologia obstétrica (retenção de um feto morto, aborto séptico), neoplasias ou traumas graves.

Coagulação intravascular disseminada (CIVD) - Hematologia e oncologia -  Manuais MSD edição para profissionais

Na CID, o aumento da coagulação consome plaquetas e fatores de coagulação no sangue. As plaquetas são fragmentos de células sanguíneas que se unem para selar pequenos cortes e rupturas nas paredes dos vasos sanguíneos e parar o sangramento. Os fatores de coagulação são proteínas necessárias para a coagulação normal do sangue.

Com menos plaquetas e fatores de coagulação no sangue, pode ocorrer sangramento grave. Esta condição pode causar sangramento interno e externo.

Sangramento interno é aquele que ocorre dentro do organismo. Já o sangramento externo ocorre por baixo da pele ou mucosa. (o tecido que reveste alguns órgãos e cavidades corporais, como nariz e boca).

 

A CID ocorre com mais frequência nas seguintes circunstâncias clínicas:

  • Complicações obstétricas (p. ex., descolamento prematuro da placenta, aborto terapêutico induzido por soro fisiológico, feto morto ou produtos de concepção retidos, embolismo do líquido aniótico). O tecido placentário com atividade do fator tecidual entra ou é exposto à circulação materna.

  • Infecção, em particular com microrganismos Gram-negativos: a endotoxina Gram-negativa provoca geração ou exposição da atividade do fator tecidual em células fagocíticas, endoteliais e teciduais.
  • Câncer, sobretudo adenocarcinomas secretores de mucina do pâncreas, adenocarcinomas da próstata, e leucemia promielocítica aguda, em que as células do tumor expõem ou liberam a atividade do fator tecidual.
  • Choque por qualquer causa que produz lesão tecidual isquêmica e exposição do fator tecidual.

 

As causas menos comuns da CID incluem

  • Lesão tecidual grave por traumatismo craniano, queimaduras, úlceras por geladura ou ferimentos por arma de fogo

  • Complicações da cirurgia da próstata permitindo que permitem material prostático com atividade do fator tecidual (juntamente com ativadores de plasminogênio) entrem na circulação

  • Enzimas de certos venenos de cobra que entram na circulação, ativam um ou vários fatores da coagulação, e geram trombina ou convertem diretamente o fibrinogênio em fibrina

  • Hemólise intravascular profunda

  • Aneurismas aórticos ou hemangiomas cavernosos (síndrome de Kasabach-Merritt) associados a lesão da parede do vaso e áreas da estatese sanguínea

Coagulação intravascular disseminada que evolui lentamente costuma resultar principalmente de câncer, aneurisma ou hemangioma cavernoso.

Quais são os sintomas?

A principal manifestação clínica é a hemorragia. Pode se apresentar como hematomas, petéquias (manchas vermelhas devido a sangramento na pele do tamanho da cabeça de um alfinete), púrpura (lesões de até 1 cm de diâmetro) e sangramento em pontos de punção venosa ou em vários locais, como área otorrinolaringológica ou trato gastrointestinal.
Mulheres trombóticas (formação de coágulos) causam disfunções em vários sistemas e órgãos como sistema nervoso central, fígado ou rim, entre outros. Os sintomas do processo patológico subjacente estão associados.

Coagulação Intravascular Disseminada – Dermatopatologia

 

Diagnóstico

Além da suspeita clínica, em testes de laboratório, trombopenia (diminuição nos pacotes), tempo de tromboplastina parcial ativada prolongado e tempo de protrombina (ambos os testes avaliam a cascata de coagulação) são observados, e o fibrinogênio sérico é diminuído por CID aguda (tempo de trombina prolongado), mas pode ser normal na DIC crônica. Os produtos da degeneração do fibrinogênio aumentam no sangue e na urina devido ao aumento da fibrinólise. Observa-se diminuição da atividade dos fatores V e VIII e presença de esquistocitose (hemácias fragmentadas) no esfregaço de sangue periférico.

 

Tratamento

O tratamento envolve tratar os problemas de coagulação e sangramento e a causa subjacente da doença. Pessoas com CID aguda podem precisar de transfusões de sangue, medicamentos e outras medidas de salvamento. Pessoas com a forma crônica podem precisar de medicamentos para ajudar a prevenir a formação de coágulos sanguíneos em seus pequenos vasos sanguíneos.

Para evitar complicações trombóticas, devem ser usados ​​medicamentos com efeito anticoagulante.
Se houver sangramento ou consumo significativo de fatores de coagulação, recomenda-se a administração de plasma.

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