CÂNCER DE COLO UTERINO

Por Raquel Luiza

O Câncer de colo uterino é considerado um importante problema de saúde pública. Sua taxa de incidência vem diminuindo, ao longo das ultimas três décadas. Tal fato reflete, principalmente, as implementações de programas de prevenção. Em geral, começa a partir de 30 anos, aumentando seu risco rapidamente até atingir un pico etário de 50 a 60 anos.

O tipo histológico mais comum do câncer de colo do útero é o carcinoma de células escamosas, representando cerca de 85 a 90% dos casos, seguido pelo tipo adenocarcinoma. O principal fator de risco para o desenvolvimento de lesões intraepiteliais de alto grau (lesões precursoras do câncer de colo do útero) e do câncer de colo do útero é a infecção pelo Papilomavírus Humano (HPV). Infecções persistentes por HPV podem levar a transformações intraepiteliais progressivas, que podem evoluir para lesões intraepiteliais precursoras do câncer de colo do útero, as quais, se não diagnosticadas e tratadas oportunamente, evoluem para o câncer de colo do útero. A infecção por HPV é a Infecção Sexualmente Transmissível (IST) mais comum em todo o mundo e a maioria das pessoas sexualmente ativas, homens e mulheres, terá contato com o vírus durante algum momento da vida. Entretanto, mais de 90% dessas novas infecções por HPV regridem espontaneamente em seis a 18 meses. Existem hoje 13 tipos de HPV reconhecidos como oncogênicos pela IARC (International Agency for Research on Cancer). Desses, os mais comuns são o HPV 16 e o HPV 18.

Contudo, a infecção pelo HPV, por si só, não representa uma causa suficiente para o surgimento dessa neoplasia, sendo necessária a persistência da infecção. A associação com outros fatores de risco, como o tabagismo e a imunossupressão (pelo vírus da imunodeficiência humana – HIV ou outras causas), influencia

no surgimento desse câncer. A vacina contra o HPV é um dos instrumentos para o combate ao câncer de colo do útero. Vale ressaltar que, mesmo as mulheres vacinadas, quando alcançarem a idade preconizada, deverão realizar a colpocitologia, pois a vacina não protege contra todos os subtipos oncogênicos do HPV.

O rastreamento do câncer de colo do útero no Brasil, recomendado pelo Ministério da Saúde, é o exame citopatológico em mulheres de 25 a 64 anos. A rotina é a repetição do exame a cada três anos, após dois exames normais consecutivos realizados com um intervalo de um ano. A efetividade do programa de controle do câncer de colo do útero é alcançada com a garantia da organização, da integralidade e da qualidade dos serviços, bem como do tratamento e do seguimento das pacientes. Esse tumor apresenta alto potencial de prevenção e cura quando diagnosticado precocemente.

Câncer do colo uterino

O câncer de colo do útero caracteriza-se pela replicação desordenada do epitélio de revestimento do órgão, comprometendo o tecido subjacente (estroma). Pode invadir estruturas e órgãos contíguos ou à distância.

Epidemiologia

Para o Brasil, estimam-se 16.370 casos novos de câncer de colo do útero para cada ano do biênio 2018-2019, com um risco estimado de 15,43 casos a cada 100 mil mulheres, ocupando a terceira posição, excluindo-se o câncer de pele não melanoma.

Segundo dados do Ministério da Saúde, no Brasil, existem cerca de seis milhões de mulheres, entre 35 a 49 anos, que nunca realizaram o exame citopatológico do colo do útero. Nesta faixa etária, ocorrem mais casos positivos de câncer de colo do útero do que em qualquer outra.

Como consequência, são milhares de novas vítimas de câncer de colo uterino a cada ano. No entanto, entre todos os tipos de câncer, é o que apresenta um dos mais altos potenciais de prevenção e de cura, perto de 100%, quando diagnosticado precocemente. A detecção precoce do câncer de colo do útero em mulheres
assintomáticas (rastreamento), por meio do exame citopatológico, permite a detecção das lesões precursoras e da doença em estágios iniciais, antes mesmo do aparecimento dos sintomas. E mais, uma vez diagnosticado, ele pode ser tratado ambulatorialmente em cerca de 80% dos casos.

 

Prevenção Primaria

Duas vacinas estão aprovadas no Brasil: a vacina quadrivalente (HPV 6, 11, 16, 18) da Merck Sharp & Dohme (MSD) e a vacina bivalente (HPV 16, 18) da Glaxo Smith Kline (GSK). Ambas as vacinas se compõem de VLP (em inglês, Virus Like Particle ou VLP) ou partículas semelhantes ao vírus.

A via de administração de ambas as vacinas é intramuscular (0,5 ml). Após a administração da dose de vacina contra HPV por via intramuscular, acontece uma enorme produção de anticorpos que se mantém em níveis elevados durante anos. Atualmente, sabe-se que a proteção, após esquema vacinal completo (três doses), possui duração de mais de cinco anos. Ainda não está definido se haverá necessidade de uma quarta dose de reforço. Não foram descritos efeitos colaterais graves.

É recomendável que a vacina quadrivalente seja administrada em três doses, a saber: data escolhida (1a dose), 60 dias (2a dose) e 180 dias (3a dose). A vacina bivalente também é administrada em três doses, a primeira na data escolhida, a segunda aos 30 dias e a terceira aos 180 dias. Inicialmente, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou a vacina quadrivalente para uso em meninas e mulheres com 9 a 26 anos de idade. A Anvisa aprovou também a vacina bivalente para administração em meninas e mulheres na faixa etária de 10 a 25 anos. Atualmente, ambas as vacinas podem ser administradas até os 45 anos.

Inclusão no Calendário Nacional de Vacinação:

A vacina quadrivalente contra o vírus HPV foi incluída no Calendário Nacional de Vacinação  pelo Ministério da Saúde (MS) em 2016. A partir de 2017, foi disponibilizada para meninas de 9 a 14 anos. Atualmente, ano de 2020 devem ser vacinadas a partir dos noves anos.

A vacina também passou a ser ofertada para pacientes soropositivos dos sexos feminino e masculino de 9 a 26 anos.

PREVENÇÃO SECUNDARIA

De acordo com a Organização Mundial da Saúde, as estratégias para a detecção precoce são o diagnóstico precoce (abordagem de indivíduos com sinais e/ou sintomas da doença) e o rastreamento (aplicação de um teste ou exame em uma população assintomática, aparentemente saudável, com objetivo de identificar lesões precursoras ou sugestivas de câncer e encaminhá-las para investigação e tratamento).

Diagnóstico precoce é feito por uma historia clinica coleta de maneira criteriosa detalhada, é fundamental para identificar os fatores de risco que se relacionam aos processos que levam a formação celulares no colo do útero.

Outros fatores de riesgo para o cancer de colo uterino:

  • Multiparidade;
  • Desnutrição;
  • Má higiene genital;
  • Agentes Químicos;
  • Exposição  a  radiação Ionizante

SINAIS E SINTOMAS

As lesões em fase inicial geralmente são assintomáticas, o seja,  não apresentam sintomas.

Os tumores em estágios mais avançados normalmente apresentam sintomas inespecíficos como dor, corrimento vaginal, e perdas sanguíneas anormais.

DIAGNÓSTICO

A investigação diagnóstica da infecção latente pelo HPV, que ocorre na ausência de manifestações clínicas ou subclínicas, só pode atualmente ser realizada por meio de exames de biologia molecular, que mostram a presença do DNA do vírus. Entretanto, não é indicado procurar diagnosticar a presença do HPV, mas sim suas manifestações. O diagnóstico dos condilomas anogenitais pode ser realizado em mulheres e homens por meio do exame clínico. Em caso de suspeita de malignidade, a confirmação histopatológica se impõe.

As lesões subclínicas são, em geral, surpreendidas em colpocitologia de rotina. Uma vez identificadas, na dependência do tipo de lesão, está indicado o acompanhamento citológico ou a realização de colposcopia com biópsia da área alterada.

COLPOSCOPIA: consite na visualização do colo uterino através do colposcpio, após aplicação de ácido acético a 5% e lugol.

TRATAMENTO

É importante salientar que o objetivo principal do tratamento não é a erradicação do  vírus, pois ainda não temos medicamentos ou métodos capazes de alcançar este objetivo, mas sim de destruição da lesão que está causando.

Na verdade, quem elimina o vírus é o sistema imunológico da paciente. É notório que a simples presença do vírus, sem ocasionar nenhuma lesão, não necessita de tratamento, além do que, boa parte das lesões, principalmente condilomas pequenos e lesões de baixo grau, tem grande potencial de regressão espontânea.

EXAME FÍSICO

Na prática médica, esta etapa é obrigatória! O acesso ao colo é fácil ao simples exame especular de rotina.

  • Inspeção cuidadosa da vulva, vagina e colo
  • Toque Vaginal
  • Toque retal

 

Fonte: Ministério da Saúde, OMS, Robbins LS, Cotran SR, Kumar V. Patología Estructural y Funcional. 6a ed.

2 thoughts on “CÂNCER DE COLO UTERINO”

  1. I am a fourth year medical student, and I created this blog in order to share materials related to my city, Brasilia-Capital as well as subjects related to diseases, so that the population has a little more knowledge.

    Thank you for joining me.
    Raquel Luiza

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *