NÓDULO DAS CORDAS VOCAIS – CALOS NAS CORDAS VOCAIS

Por Raquel Luiza,

Como tratar nódulos nas cordas vocais? - CDO - Centro de Diagnóstico  Otorrinolaringológico.

Nódulos nas pregas vocais, popularmente conhecidos como calos nas cordas vocais, são lesões de massa, benignas, bilaterais e simétricas que acometem as pregas vocais e cuja formação está relacionada a um comportamento vocal alterado e inadequado, principalmente o abuso vocal. Os nódulos nas pregas vocais aparecem devido ao atrito brusco causado pelo contato frequente e em forte intensidade entre as pregas vocais durante a produção dos sons.

Essas lesões não são tumores, pois não são compostas por novas formações celulares. É uma formação nodular não cancerosa, de consistência maior que pólipos, localizada nas pregas vocais. Elas são formadas por tecido edematoso e/ou fibras colágenas. Na fase inicial os nódulos podem ser unilaterais, ter um componente vascular e serem relativamente macios e flexíveis, mas na fase crônica já costumam ser bilaterais e mais rígidos.

É causada pelo abuso crônico da voz.
É mais frequente em mulheres e preferencialmente em ambos os lados.

 

Fatores de risco

O nódulo é a lesão da laringe que recebe maior influência do comportamento vocal e é mais frequente em indivíduos que dependem da voz para trabalhar, os chamados profissionais da voz: professores, apresentadores, advogados, leiloeiros, telefonistas, secretárias, profissionais da saúde, artistas como atores e cantores, pastores, técnicos de esportes em grupo, entre outros. Também é comum em pessoas que trabalham em lugares muito barulhentos, como em fábricas, e nesses casos a recorrência após o tratamento é comum.

A incidência é maior nas mulheres entre 25 e 35 anos de idade, mas também é comum nas crianças, entre 7 e 9 anos, de ambos os sexos, com leve prevalência nos meninos.

Uma pesquisa realizada indica que, nos indivíduos que fazem uso crítico da voz no trabalho, a incidência de alterações vocais pode chegar a 25% e, dentre estas, a maior parte é causada por nódulos vocais. Das alterações laríngeas diagnosticadas os nódulos compõem entre 8 e 24% de todos casos.

A maior incidência dos nódulos em mulheres está relacionada à menor presença de ácido hialurônico no organismo feminino. Nos homens esta proteína aumenta a concentração de água nos tecidos das pregas vocais e diminui assim o trauma que pode ser causado durante a produção da voz.

Os comportamentos vocais mais relacionadas à formação dos nódulos a longo prazo são:

  • Falar muito alto
  • Gritar muito
  • Falar por muito tempo
  • Produzir voz muito grave (mais grossa)
  • Falar em ambientes ruidosos
  • Falar durante movimentação física intensa (praticando esportes, por exemplo)
  • Falar muito rápido
  • Emitir sons com muita força ao invés de usar emissões mais suaves (é o que é chamado de ataque vocal brusco)
  • Falar com a ressonância mais baixa (forçando mais a garganta e projetando menos a voz).

Os nódulos nas cordas vocais podem resultar desses e outros comportamentos vocais inadequados por algum tempo e suas manifestações podem surgir com alterações vocais mais discretas e flutuantes, com episódios de melhora ou piora da qualidade da voz de acordo com o uso e depois as alterações se acentuam nos casos mais avançados. Também é frequente observar tensão muscular associada ao quadro.

Também há relação entre o aparecimento de nódulos vocais a alergias respiratórias, distúrbios hormonais, principalmente da glândula tireóidea, ao tabagismo e ao etilismo.

 

 

SINTOMAS

O sintoma de apresentação é a disfonia (rouquidão).

Os nódulos nas cordas vocais modificam a produção dos sons, pois impedem o fechamento adequado das pregas vocais durante a fonação deixando escapar ar pelas regiões que não entram em contato e alteram o padrão de vibração dos tecidos das pregas vocais devido ao aumento de massa ou da rigidez.

De modo geral as principais alterações que podem ser percebidas auditivamente são a rouquidão e a soprosidade (quando parece escapar ar durante a vibração das pregas vocais). Algumas pessoas também podem reclamar de cansaço durante a fala, piora da voz ao falar por mais tempo, dor na laringe ou no pescoço, presença de muito pigarro e dificuldade para produzir notas agudas. Também é comum observarmos dificuldade em coordenar adequadamente a respiração e a produção da voz em pessoas com nódulos nas cordas vocais.

Nas lesões iniciais os nódulos, ainda macios, vibram com o resto da mucosa das pregas vocais e a qualidade vocal pode ser apenas levemente rouca ou soprosa ou pode ser adaptada em alguns casos. As lesões mais rígidas pode tornar a vibração das pregas vocais mais aperiódica, modificar o tom da voz (voz mais grave ou mais aguda) e aumentar a rouquidão.

A alteração vocal na criança costuma ser importante e em alguns casos elas podem perder a voz por alguns períodos. Em geral a voz também fica mais grave, rouca e soprosa, podendo piorar ou até sumir ao longo do dia e a dificuldade de coordenar a respiração com a produção dos sons fica mais evidente que nos adultos. Em alguns casos as crianças também podem apresentar alterações articulatórias e excesso de tensão em pescoço e rosto que podem prejudicar ainda mais a qualidade da voz e a expressão oral.

 

DIAGNÓSTICO

Se você perceber mudanças na sua voz ou rouquidão persistente, que não esteja relacionada a algum resfriado ou alteração respiratória, por mais de 10 dias é importante procurar um otorrinolaringologista, pois ele é o médico especialista em nariz, ouvido e garganta e poderá diferenciar as causas da disfonia (alteração da voz).

Em geral o diagnóstico dos nódulos vocais depende da histórica clínica, dos sintomas e de exames de imagem como a laringoscopia e a estroboscopia. Também é fundamental identificar os fatores causais e para isso precisa-se entender como é o comportamento vocal, se ocorre uso excessivo ou inadequado da voz, quais são as condições anatômicas e funcionais da laringe, se o individuo apresenta refluxo gastroesofágico que entre em contato com as estruturas da laringe, qual é a demanda vocal e quais traços da personalidade que podem influenciar na origem do problema, no tratamento e na mudança de comportamentos em relação ao uso da voz.

É realizado por exame das cordas vocais (videolaringoscopia indireta) e biópsia.

Calos vocais você sabe o que são?Pólipos, nódulos e granulomas das pregas vocais - Distúrbios do ouvido,  nariz e garganta - Manuais MSD edição para profissionais

TRATAMENTO

O tratamento começa com terapia de voz (foniatria). Se não melhorar, a excisão cirúrgica deve ser iniciada.

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